Fogos de artifício geram grande sofrimento e crises graves aos autistas

Por Alexandra Cavaler

 

Famílias atípicas pedem respeito e consciência das pessoas para que não soltem fogos de artifícios, rojões, entre outros artifícios que façam barulhos

 

Representantes do Grupo Autismo e Inclusão de Criciúma e Região (GAICR) usaram as redes sociais nesta semana para fazer um alerta e um pedido importante. É que em datas festivas muitas pessoas costumam soltar fogos de artifícios, rojões, entre outros artifícios, mas não têm a noção do que essa atitude pode causas em pessoas autistas. Elaine Cardoso, conselheira Nacional ONDA AutismoS, membro do GAICR e mãe atípica fala da mobilização e dá detalhes quanto ao sofrimento que essas pessoas e seus familiares passam diante de barulhos excessivos.

 

“Resolvemos fazer uma grande mobilização nas redes sociais para levar conscientização para diminuir o sofrimento das pessoas autistas e o desespero de seus familiares, o que aumenta quando se aproximam os eventos festivos, comemorações de jogos e eventos religiosos. Uma grande parte das pessoas autistas tem alteração no processamento sensorial e isso causa um grande sofrimento e crises graves devido ao forte barulho dos fogos de artifícios. Inclusive, neste Natal, uma família nos relatou que o filho sofreu uma forte convulsão devido aos fogos soltados por vizinhos. É apenas um exemplo do sofrimento que as famílias atípicas passam com fortes barulhos”, enfatizou Elaine.

 

Ela também ressalta que o município de Criciúma tem a Lei 7.399, de 04 de fevereiro de 2019 que proíbe o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampidos e de artifícios, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso. “A norma é aplicada aos recintos fechados e abertos, áreas públicas e também privadas. Paralelo a isso, também temos outra Lei, a 7.824, de 03 de dezembro de 2020, que em seu Art. 2º, determina que: fica limitada a distância de até 200 (duzentos) metros da fonte emissora até a residência da pessoa diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista, durante todo o dia, a emissão de ruídos de qualquer natureza, provocados por ação humana, em espaços públicos de uso comum que prejudiquem o seu bem-estar. Essa lei foi pensada pelo grande impacto que tem ainda nos animais levando muitos à morte. Pessoas acamadas e idosos também se beneficiam com o cumprimento desta lei”.

 

Relato de quem sofre com o barulho

 

Ana Paula Rabello Gonçalves, autista, professora é formada em ciências biológicas, estudante de medicina veterinária, voluntária da maior Organização Nacional e internacional pelos direitos das Pessoas Autistas- ONDA e membro do GAICR fala do que sente quando fogos de artifício ou outros barulhos são fitos ao seu redor.

“Dá um tremor por dentro, uma vontade de chorar que vem da alma. É muito forte. Um medo incontrolável. Mesmo tendo a previsibilidade e usando abafador, a sensação é apavorante, coração acelera, corpo arrepia e dá vontade de sair correndo. Nesses momentos um abraço bem forte ajuda muito dando segurança, depois do som que parece que vai explodir nosso ouvido e da dor, vem as crises de choro e ânsia de vômito (muito enjôo). Achamos lindo o céu iluminado com as cores coloridas, apesar de dar medo e parecer cair sobre nossa cabeça, porém as crises antes, durante e depois são cruéis para nos pessoas autistas”, relata Ana.

Já Elaine conta o que pode ser feito caso não seja possível evitar locais onde o barulho dos fogos incomode o autista. “Utilizamos abafadores previsibilidade de acontecimentos com histórias sociais e vídeos. Ter um local mais tranquilo como um quarto fechado e calmo para que a pessoa possa se modular. Sempre lembrando que cada pessoa autista é única, as crises podem ser diferenciadas, alguns se agridem, batem a cabeça na parede, se jogam no chão desesperadamente e um choro muito intenso de dor evm à tona. Então, fica o nosso apelo: sejam conscientes, respeitem”.

 

Fonte: jornal Tribuna de Notícias 

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