Muito consumido pela população em geral, o cigarro já foi relacionado como sinônimo de poder e status social. Atualmente, vem sendo realizado um grande trabalho por meio das mais variadas organizações, para regulamentar o controle de seu uso, a fim de desestimular a iniciação do consumo, principalmente entre jovens e apoiar a extinção para aqueles que já são usuários. Os mesmos necessitam de acompanhamento adequado dos profissionais de saúde, o aconselhamento profissional é um suporte básico que deve merecer atenção especial pela sua importância na adesão dos tabagistas ao tratamento.
Podemos definir como fumante regular, o tabagista que consome mais de 100 cigarros na vida e continua fumando. Se após isso houver interrupção, a pessoa é considerada ex-fumante. No caso de consumir menos de 100 cigarros na vida, chama-se de período ou fase de experimentação. A cessação somente ocorre com a interrupção definitiva do uso. O principal produto que representa este consumo é o cigarro industrializado, porém os cachimbos, cigarros de palha, charutos e narguiles também fazem parte do grupo de produtos consumidos pelos usuários. As principais razões pelas quais as pessoas fumam são: por estimulação, ritual, prazer, hábito, redução de ansiedade e estresse e por dependência.
Considera-se fumante ativo, aquele usuário que inala a fumaça exalada pelo produto e, fumante passivo toda pessoa que convive com o mesmo e está exposta à poluição gerada, seja ela em locais fechados ou não. O tabagismo é um fator de risco para doenças crônicas como diabetes, neoplasias (câncer), doenças cardiovasculares e principalmente, doenças respiratórias. No Brasil, a maioria dos fumantes são homens, negros, que moram em regiões rurais e com nível de escolaridade menor, isso muitas vezes se deve ao fato de não receberem informações suficientes sobre o assunto.
Parar de fumar antes dos cinquenta anos de idade, reduz em 50% as chances de morte por complicações de doenças que se relacionam ao tabagismo. Há redução nos riscos de mortes por câncer de pulmão em um período 10 anos sem fumar e reduz pela metade nos casos de doenças cardiovasculares, estar a pelo menos um ano longe do cigarro. Tão importante quanto à cessação dos hábitos do tabagista, é apresentar para o mesmo quais os benefícios terá nesta “troca”. Um dos primeiros é com relação ao seu estado físico: melhora do hálito, da coloração dos dentes e integridade da pele, principalmente do rosto e regiões próximas a boca; melhora na auto-estima e na convivência social, já que muitas pessoas sentem-se incomodadas pelo fato de ter um fumante por perto; melhora na disposição para realização de atividades físicas, dentre vários outros.
A dependência psicológica que as pessoas desenvolvem quando fumam, se deve ao fato de sentirem um bem-estar instantâneo, associado como regulador de situações emocionais, a ansiedade por exemplo. Este tipo de dependência ocorre simultaneamente com a física. Para muitas pessoas o fato de fumar diminui a sensação de sentir-se só ou triste, de conseguirem passar por situações diferentes na vida de uma maneira menos sofrida.
Para usuários que desejam parar de fumar, é necessário esclarecer os tipos de tratamentos, a disponibilidade e as possibilidades de acompanhamentos das equipes de saúde. Manter a motivação pessoal, sendo ela individual ou em grupo, é um passo muito importante para a adesão e continuidade dos novos hábitos de vida que serão o diferencial para o sucesso nos resultados que se desejam alcançar. É papel fundamental da equipe de saúde, incluindo principalmente o trabalho do psicólogo, acolher e ser empático, estimular as mudanças de atitudes, oferecer apoio e todas as informações necessárias como, por exemplo, alertar sobre os riscos de recaídas, como lidar com isso, e que permaneça sempre em acompanhamento para fazer a manutenção da abstinência causada pela cessação do hábito de fumar.
Existem muitos tratamentos para quem almeja parar de fumar, seja positivo: “se você deseja, então você pode”.
Aline Castagnetti Borges
Psicóloga Clínica CRP-SC 12/14464
