Motivo para a mobilização é a falta de resposta do governo às reivindicações da categoria
Mais de cinco mil profissionais da educação estadual se reuniram na Praça Tancredo Neves, em Florianópolis, na última semana para deliberar sobre a situação da categoria. Em uma assembleia marcada por intensos debates e manifestações, os trabalhadores aprovaram por maioria de votos a realização de uma greve a partir do dia 23 de abril. A decisão foi tomada devido à falta de resposta do governo estadual às reivindicações apresentadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Santa Catarina (Sinte).
O coordenador estadual do Sinte, Evandro Accadrolli, destacou que as demandas dos profissionais da educação são antigas e essenciais para a valorização da categoria e a melhoria das condições de trabalho. Entre as principais reivindicações estão a aplicação do reajuste do piso salarial em todos os níveis e a descompactação da tabela salarial; a revogação integral do confisco de 14% das aposentadorias; a garantia de hora-atividade para todos os professores; e a realização de um concurso público para suprir a carência de profissionais efetivos.
Durante a assembleia, além da aprovação da greve, os profissionais da educação definiram um calendário de mobilização para fortalecer o movimento. Este calendário inclui visitas a todas as escolas, construção do movimento nas regionais, cobrança do governo para atendimento das demandas, elaboração de materiais de divulgação e termos das greves, bem como a preparação de uma cartilha informativa para os professores contratados temporariamente (ACTs) e efetivos.
Após a decisão, os trabalhadores saíram em uma passeata da Praça Tancredo Neves em direção à Secretaria de Estado da Educação, onde entregaram oficialmente a decisão de deflagração da greve.
O coordenador estadual do Sinte, Evandro Accadrolli, ressaltou a insatisfação da categoria com a falta de diálogo e a inércia do governo estadual em relação às demandas educacionais. “No ano passado, o governador apresentou um pacote para a educação que iria parcelar o reajuste do vale alimentação, iria reaver o 14% e anunciou um concurso público para 10 mil vagas, que seria o maior da história. Estamos em abril e não foi lançado ainda o edital. Não é possível nós termos 30 mil trabalhadores contratados temporariamente. São pais e mães de famílias que ficam desempregados em dezembro”, afirmou.
Accadrolli ainda destacou a ausência do governador em questões fundamentais para a educação básica e o sentimento de abandono por parte do governo estadual. “Quando se fala em educação, o governador não comenta sobre educação básica. Ele só faz eventos do programa Universidade Gratuita. Não vimos o governador em nenhum ato da educação básica, esse governo virou as costas para o magistério catarinense”, declarou.
O coordenador ressaltou ainda que uma proposta de carreira foi apresentada pelo sindicato em fevereiro. “No início do ano apresentamos uma proposta de carreira dos trabalhadores que têm uma lógica de progressão em todos os níveis. Foi prometido que o sindicato seria chamado em março para apresentar uma proposta do Estado. Na quarta-feira recebemos uma ligação do governo falando que não havia uma proposta pronta. Essa foi a resposta do governador”, salientou Accadrolli.
Com a greve aprovada e o apoio da categoria, os profissionais da educação estadual de Santa Catarina afirmam estar determinados a lutar por seus direitos e por uma educação de qualidade no estado, prometendo construir “a maior greve do estado”.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação (SED), porém não obteve uma resposta até o fechamento da matéria.
Fonte: TN Sul – Edson Padoin