Um ano e três meses depois do registro do choque elétrico que acabou vitimando fatalmente Samuel Davi Nunes, de apenas três anos, foi encerrado o inquérito conduzido pela Polícia Civil. A morte ocorreu no dia 21 de dezembro de 2016, quando a criança brincava no pátio do Residencial Dona Ema, na comunidade do Tereza Cristina, em Içara, e encostou em uma haste energizada em um dos postes. No entanto, a investigação encerrou sem indiciamento.
“Foi algo que demandou muito estudo, muita compreensão de todas as possibilidades, e o resultado que a gente chegou foi que houve uma somatória de fatores que contribuíram para que infelizmente tivesse ocorrido este óbito. No entanto, em nenhum momento, na nossa avaliação, dá para apontar um culpado direto pela morte do garoto. Desta forma, fechamos o inquérito sem indiciamentos”, explica o delegado da Comarca de Içara, Rafael Iasco.
Segundo ele, o aterramento estava fora do padrão, porém após a perícia, não foi possível indicar um responsável por isso. “Conversei bastante com o perito sobre esta situação, eu mesmo estudei profundamente para conhecer mais de perto esse tipo de caso, mas o resultado é que diante de toda as circunstâncias daquele dia, mesmo que o aterramento estivesse no padrão, ele não deixaria de levar o choque. Portanto, não dá para apontar que o ocorrido foi por não estar no padrão”, afirma Iasco.
O delegado ainda aponta que, se fosse um adulto a sofrer a descarga elétrica, ele ofereceria uma resistência maior e possivelmente não iria a óbito. Mas, como se tratava de uma criança de apenas três anos, a resistência ainda era pequena e por conta disso o choque acabou sendo fatal. “O que levou ao choque? Esta era a grande questão e foi identificado que houve falha. Entretanto, não conseguimos detectar se foi uma falha de instalação ou de produção do produto. E sem ter certeza do que realmente causou, a gente não tem como fazer indiciamento”, enfatiza o delegado.
Iasco ainda cita a questão climática, que acabou favorecendo a ocorrência, pois segundo ele, com o tempo mais úmido, aumenta a possibilidade de acidentes com energia elétrica. “Então foi uma somatória de fatos. Uma é falha, porém sem detectar onde ocorreu. A segunda refere-se ao aterramento, mas mesmo que tivesse no local poderia ter acontecido; e a terceira é a situação climática, o ambiente da forma como estava potencializou o choque”, finaliza sobre o caso.
Relembre o caso
No fim da tarde do dia 21 de dezembro de 2016, o pequeno Samuel Davi estava brincando com amigos de “esconde-esconde”, no pátio do Residencial Dona Ema, onde morava a sua família. Durante a brincadeira, ele se refugiou atrás de um poste. E foi ali que acabou levando um choque fatal.
Uma vizinha chegou a socorrê-lo e levá-lo ao Hospital São Donato, de Içara, distante apenas três quilômetros, no entanto, nada pôde ser feito para salvar a vida do menino. Ainda no mês de dezembro de 2016, uma passeata foi realizada cobrando um desfecho no caso.
Envio ao Ministério Público
Mesmo que o procedimento realizado pela Polícia Civil tenha sido finalizado sem qualquer indiciamento, ele pode ter sequência. Isso acontece porque o Ministério Público da Comarca de Içara deve ser acionado para analisar o caso e, dependendo de sua investigação, dar encaminhamento diferente ao da polícia.
“Talvez eles encontrem indícios mais concretos. Se isso acontecer, com certeza eles vão dar sequência a todo este procedimento, indicando os possíveis culpados. Mas no nosso inquérito não foi possível”, reforça Iasco. O delegado informa que o inquérito da Polícia Civil já foi encaminhado à Justiça. “Tão logo finalizamos, a gente encaminhou o processo para o Poder Judiciário. O caminho é o juiz dar vistas ao Ministério Público, que então analisa o que pode ser feito”, detalha.
Especial Jornal Gazeta