Peixe de água doce é esperança de pescadores do Rincão

A Colônia de Pescadores Z-33 de Balneário Rincão, em parceria com o Ministério da Pesca, desenvolve projeto para a instalação de tanques-redes em moldes de cativeiro para criação de pescados nas lagoas. O investimento visa suprir a baixa captura de peixes de água salgada, como demonstrado na fraca temporada da tainha que encerrou no mês de julho.

De acordo com o presidente da Colônia, João Pícollo, a ideia é que o projeto inicie com a instalação de 50 tanques. “Nesses três primeiros meses eles iniciaram com a parte teórica, aprendendo todo o desenvolvimento do projeto. Agora, até o mês de novembro, eles vão para a parte prática. Com uma canoa, eles vão aprender como criar esses pescados. E a ideia é para que sejam, a princípio, 50 tanques que vão servir como uma base experimental. Depois, conforme o tempo e a experiência, esse número pode ser aumentado”, ressalta.

A criação do projeto, segundo Pícollo, surgiu de uma necessidade. Ele explica que a realidade dos pescadores de Balneário Rincão já não é mais a mesma de anos atrás e, por isso, precisam ser desenvolvidas alternativas diferentes. “Para sobreviver da pesca hoje somente do mar, já não tem mais como. Cada ano que passa vem diminuindo o pescado, prova disso foi a temporada da tainha que encerrou em julho e foi uma das piores dos últimos anos. E por isso, precisamos criar outras alternativas. Uma delas é a criação de peixes em tanques-rede nas lagoas, onde os pescadores poderão armazenar, criar e comercializar esses pescados”, pontua.

A probabilidade é que os tanques comecem a ser instalados no início do ano que vem. Antes, contudo, será realizada uma análise das lagoas para saber quais serão as utilizadas. “Ainda vai ser estudado quais as espécies que serão criadas. Pode ser tilápia, carpa, robalo, judiá. Temos que analisar isso junto com os técnicos para saber o que vai ser melhor para ser produzido”, afirma o presidente da Colônia.

Atualmente, existem aproximadamente 800 pescadores em Balneário Rincão.Rosângela Abrão é filha de pescadores e foi uma das que se inscreveu para realizar o curso. “Eu achei muito interessante até porque não existe aqui na região. E por viver com pescadores, eu conheço bem a realidade da categoria. Minha intenção é me aperfeiçoar e fazer disso uma profissão. Quero também trazer meus pais para esse projeto porque as coisas não estão fáceis. Esse ano não tivemos nem temporada da tainha”, lamenta.

Realidade

O presidente da Colônia Z-33 alerta que as alternativas precisam ser pensadas a longo prazo, inclusive por ser o Balneário Rincão um município com potencial turístico. “Nós vamos nos tornar uma cidade turística e um dos fatores para isso é a culinária pesqueira que tem que ser fortalecida. Se não temos nenhuma cultura, nenhuma produção, como vamos conseguir manter essa questão? Vamos trazer o pescado de fora? Vamos pagar mais? Estamos trabalhando já pensando nisso e visando o futuro”, aponta.

Os pescados criados nesses tanques serão comercializados dentro do próprio município. “Inclusive, já temos uma emenda que é para a construção do restaurante escola em cima da Colônia de Pescadores, onde vamos também utilizar desse pescado. Eles também poderão ser utilizados na merenda escolar e tem um campo todo aberto para isso”, assinala.

Como vai funcionar

Para a instalação dos tanques-rede, é preciso que haja uma profundidade de dois metros. Eles irão funcionar através de redes com bóias e terão o tamanho de 2×2. “Eles serão todos cercados com telas onde os peixes não sairão. Serão os pescadores, esses que fizeram o curso, que ficarão responsáveis pela criação desses pescados. Alguns levam em média seis meses para estarem prontos para consumo”, sintetiza Pícollo.

Com a finalização do curso, será criada uma cooperativa e todo o lucro adquirido com os tanques serão divididos pelos associados. “Será feita a criação de uma associação, de uma pequena cooperativa, para poder gerenciar a forma de como eles vão trabalhar a produção e a comercialização do pescado. A renda que vai ser produzida é deles. Vão somar os lucros e vão dividir entre eles. E essa cooperativa vai ser regida através de um estatuto e será ele que irá definir se haverá ou não novos cooperados”, completa.

As 13 pessoas foram selecionadas através de inscrições. O processo foi aberto para, no máximo, 16 candidatos e todos os inscritos continuam até hoje. As aulas acontecem todas as segundas-feiras, das 8h às 17h e os pescadores recebem R$ 14 de auxilio para alimentação. “É um projeto muito bacana e eles estão gostando bastante. Nós conhecemos a parte teórica de outros municípios que já desenvolvem esse projeto e agora estamos nos programando para visitar a barragem de Itá”, finaliza o presidente da Z-33. 

Especial Jornal Gazeta

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