Por Alexandra Cavaler
No Dia do Médico, a pediatra Dra. Caroline de Moraes Penno revela o momento da escolha pela pediatria, das alegrias e frustrações do cotidiano
Formada há 14 anos em medicina, com especialização em pediatria e gastropediatria, a doutora Caroline de Moraes Penno, médica do Hospital Materno-Infantil de Criciúma (Hmisc) faz revelações sobre a escolha da área de atuação, dos momentos felizes ao receber o sorriso de uma criança e das frustrações nos momentos mais difíceis do cotidiano médico. Ela é a personagem especial desta edição que homenageia todos os profissionais neste Dia do Médico, celebrado nesta sexta-feira, dia 18 de outubro.
“Eu sou formada desde 2010, mesmo ano em que comecei trabalhar na área, depois fiz as residências, e segui trabalhando. Assim, em dezembro deste ano completo 14 anos da realização de um sonho que foi se construindo ao longo das experiências acadêmicas. Digo isso porque na verdade minha primeira opção foi Farmácia. Fiz vestibular, fui aprovada, mas desisti. No ano seguinte iniciei no curso de Medicina e posso afirmar que se eu tivesse que decidir novamente, minha escolha seria a mesma de 14 anos atrás”, destacou Dra. Carol.
A gaúcha que está em Santa Catarina desde 2015 teve sua formação realizada no seu estado natal, Rio Grande do Sul. “Sou natural de uma c idade do interior gaúcho, São Gabriel, estudei em Pelotas e trabalhei aqui no estado em 2010 e 2011. Fiz a prova de rsiência médica, passei e retornei para Porto Alegre, onde eu terminei minha formação em pediatria e gastropediatria. Mas, como a minha família já havia morado em Santa Catarina e tinha o desejo de voltar para cá, foi o que fizemos. Nos mudamos em 2015”.
Questionado sobre quem foi sua inspiração ou a incentivou a ser médica, ela conta que um médico da cidade, muito atuante e conhecido, foi a sua maior inspiração. “Meu pai engenheiro, minha mãe é professora, e minha irmã foi a primeira na família a iniciar o curso de medicina, hoje ela é endocrinologista. Mas em nossa cidade, havia um obstetra, sabe aquele médico da família? Atendeu minha avó, minha mãe, tias. Ela era muito conhecido, querido e atuante na cidade. Posso dizer que ele foi uma das minhas referências na área e também inspiração. Ver o trabalho do Dr. Camargo na época da minha infância contribuiu com a minha decisão”, disse a pediatra.
A decisão pela pediatria
“Minha decisão pela área pediátrica ocorreu no trabalho. Eu nunca tinha pensado nesta especialização. Até pensei em clínicas, mas sempre voltada aos adultos. E nesse um ano que eu trabalhei numa unidade de básica de saúde, fiz de tudo um pouco: pré-natal, puericultura, atendimento clínico. E foi aí que, enfim, a pediatria me chamou a atenção. Porque era muito gratificante. O paciente adulto, ou ele já tem uma idade que ele está muito crônico e parece que tu se sente, às vezes, sem sucesso de não ter mais o que fazer, ou ele precisa fazer as coisas para se ajudar, mas não faz. Já na pediatria tu atende e a criança e vê as coisas acontecerem, a criança tem uma resposta muito rápida pra maioria das coisas. Além disso, a gente acaba criando um vínculo com a criança, com a família. Os resultados aparecem. Aqui no materno-infantil, por exemplo, eu atendo ambulatório de especialidades, e a gastropediatria. Mas posso garantir que nada neste mundo paga o sorriso de uma criança, o olhar desta criança quando tudo evolui positivamente. Ela te agradece som os olhinho brilhando mesmo sem dizer uma só palavra”, declarou Dra. Carol emocionada.
Frustrações
Quanto as frustrações vividas na profissão ela afirma que é preciso estar preparada para intercorrências negativas que podem ocorrer, mas ainda é difícil enfrentá-las. “As frustrações desse lado da profissão também mexem muito com o nosso emocional porque lidar com criança é necessário um preparo. Até porque é óbvio, a gente quer que tudo aconteça da melhor forma, mas quando isso não acontece, quando o desfecho não é o que a gente buscou é complicado. Com certeza, essa parte é a parte mais pesada da pediatria, pois você ter um paciente muito crônico, que não vai ter boas respostas, mesmo que você dê o melhor do seu trabalho, utilize a melhor terapia que existe. É frustrante para nós enquanto profissionais, para a família nem se fala, e a gente acaba se entristecendo”, relatou a pediatra.
A especialista ainda acrescenta que algumas pessoas pensam que o médico não tem sentimento, que ele está preparado para as perdas, mas a dor nestes casos é profunda. “Porque, às vezes, que a gente não tem esse sentimento ao perder um paciente, mas na verdade quando estamos acompanhando e ele não evolui bem, e acabamos perdendo esse paciente parece que perdemos alguém da família, mas ainda assim temos que nos manter forte, pois precisamos dar a notícia à família, a gente não vai chorar na frente do familiar, a gente não vai demonstrar porque é preciso ter ética, mas com certeza, eu como profissional me sinto arrasada. Nós criamos desenvolvemos afeto, carinho, nos ligamos a eles, à família deles, ou seja, é impossível não sentir, revelou acrescentando que muitos profissionais fazem terapia para poder suportar e se preparar emocionalmente. Porque em casos assim, chegamos em casa e acabamos repensando as nossas escolhas quanto à profissão, mas graças a Deus as coisas boa são mais freqüentes que as ruins, ainda que saibamos que eles podem ocorrer”.
E ela completa: “A medicina é uma área muito gratificante, tem seus percalços, mas se eu tivesse que optar por fazer outro curso hoje, eu acho que eu não saberia nem te responder qual, porque eu sou muito grata por estar seguido esse caminho. Sou realizada profissionalmente, me sinto realizada com o que eu faço”.
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias