Alércio Marques é proprietário da JD Facções, de Içara, há seis anos. Ele sabe bem dos problemas que o ramo vem enfrentando por diversos fatores. Em sua visão, o maior impasse é a falta de incentivos fiscais, já que os produtos, mão de obra e serviços encareceram consideravelmente, mas o apoio dos poderes públicos não mudou em nada.
“Primeiro, é a falta de reajuste. Antes, nós pagávamos o salário de um funcionário por R$ 670 e hoje, esse valor está em R$ 1.070. Comprávamos também a linha pelo preço de R$ 4,50, enquanto hoje, ela já está sendo vendida por R$ 10. Então tudo aumentou, contudo, continuamos vendendo os que produzimos pelo mesmo valor de anos atrás. Pagando impostos altos que aumentam todos os anos e tendo cada vez menos incentivo fiscal”, explica.
De acordo com o presidente do Núcleo do Faccionistas da Associação Comercial e Industrial de Içara (Acii), Dalcionir Pizzetti, nos últimos meses, 25 empresas fecharam as portas na região da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec). “Destas, três são de Içara. E é importante falarmos sobre isso porque não é uma questão restrita ao nosso município, é um problema regional. E se nenhuma medida for adotada, eu vejo um futuro bastante preocupante para o setor. Me arrisco a dizer que teremos uma diminuição de 50%”, relata.
Ainda segundo Pizzetti, dez anos se passaram e as facções não receberam a devida valorização. “Para se ter ideia, nós recebíamos R$ 6, R$ 6,50 por peça. Hoje, continuamos com o mesmo valor. Ou seja, uma década depois e nós estamos ganhando o mesmo, não tem cabimento. Os insumos estão cada vez mais altos, assim como todas as outras questões que todos sabem que é mão de obra, etc”, pontua.
Outro problema apontado são as grandes magazines que vendem produtos muito abaixo, geralmente trazidos de fora. “Eles compram da China e as facções não conseguem acompanhar, são muito baratos. Isso também tem prejudicado bastante”, assinala Pizzetti. “Enquanto nós vendemos uma peça por cerca de R$ 40, eles trazem por R$ 20. É a metade, não dá para competir”, acrescenta Marques.
Soluções Na visão dos faccionistas, conseguem se manter no ramo aqueles que possuem anos de estrada e um leque grande de clientes. “Os novos que estão abrindo quebram”, alerta o dono da JD Facções. E para reverter a situação, o presidente do núcleo de faccionista destaca que precisam ser adotadas medidas urgentes.
“O Paraná, por exemplo, recebe incentivo do poder público. E falo isso em âmbito estadual, que é o que precisamos aqui também. A Administração Municipal pode ajudar com incentivo fiscal, mas talvez não tenha tanta relevância. Precisamos que o Governo do Estado se mobilize e entenda que estamos com grandes problemas”, relata.
Uma das medidas também é buscar ações para que novas empresas se instalem na cidade. “Isso a prefeitura pode nos ajudar. Porque temos muitas facções na cidade, mas poucas empresas que utilizam esse serviço. Precisamos de mais, porque assim aumentará a competitividade. E também é importante a união da categoria para tentar reverter essa situação”, pondera.
Em Içara, existem cerca de 56 empresas de facção têxtil. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Içara (Acii), Joi Luiz Daniel, comenta que uma reunião já foi realizada para discutir o assunto e que um novo encontro também já está marcado. “São vários os fatores que resultam nesse problema e precisamos discutir todos. Já fizemos uma primeira reunião e teremos outra no fim de julho. Do jeito que está não dá para ficar, temos que buscar medidas logo”, finaliza.
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