É toda quarta-feira, a partir das 8 horas, que o caminhão da coleta seletiva circula pelas ruas do bairro Cristo Rei. Para chamar a atenção dos moradores um sinal sonoro por meio de um megafone vai anunciando a passagem, “caminhão da coleta seletiva, uma parceria entre a Cooperi e Fundai”. O veículo anda alguns metros e para. Neste momento, dois ajudantes passam pelas residências para recolher todo o lixo reciclável, colocam em cima do caminhão e seguem viagem. O pouco material que conseguem a cada quadra serve para encher a traseira do veículo. E desta forma, há quase um mês vai ocorrendo a coleta seletiva com a ajuda dos moradores. A ação é fruto da parceria entre a Fundação do Meio Ambiente de Içara (Fundai) e a Cooperativa de Reciclagem de Içara (Cooperi).
Uma dos moradores que comprou a ideia foi o coordenador de produção, Cláudio da Silva, que reside no bairro Cristo Rei há 24 anos. Para ele, a iniciativa é muito boa e tem tudo para dar certo. “Pelo menos a minha parte estou fazendo, e pelo que vejo os vizinhos, também estão fazendo a mesma coisa. Agora que sabemos que há a coleta seletiva e que o lixo será destinado ao local certo, nós mesmos já vamos tendo a consciência e separando. Toda semana fizemos limpeza em casa e sempre sobra um monte de garrafa pet e papelão, então já sabemos que não podemos misturar com os outros lixos”, comentou.
Outra que está junto nesta “briga” pelo bem do meio-ambiente, é a aposentada Maria Aparecida Santiago. “Eu sempre separava os lixos, não misturava. Quando passava um catador, entregava, mas nem sempre isso acontecia, portanto acabava colocando no lixo comum e quando o caminhão passava pelo bairro deixava para eles levarem. Agora que tem este projeto, já sei que devo continuar separando, pois terá o destino correto”, fala satisfeita.
Para que os moradores realmente se engajem no projeto, algumas ações estão sendo realizadas na comunidade. Entre as principais, há a participação das agentes comunitárias que passam de casa em casa e já relatam sobre o projeto. Além disso, reuniões estão sendo realizadas. “Pretendemos fazer ações nas escolas para que as crianças também tenham consciência”, informou a coordenadora da coleta seletiva em Içara, Aline Stolk. Ela ainda enfatizou sobre a importância da realização da coleta seletiva. “Principalmente para a sociedade, porque os materiais recicláveis ou reutilizáveis devem ter o destino correto e deixam de ser considerados como lixo. Gera renda para várias pessoas, economia para as empresas, além, claro, da grande contribuição ao meio-ambiente, já que diminui a poluição dos solos, das águas e do ar, melhorando a qualidade de vida das pessoas”, explicou.
A simpatia da população também tem crescido, tanto que em alguns casos, as pessoas vão para a rua entregar o lixo no próprio caminhão. “Como todos sabem que sempre às quartas-feiras pela manhã passamos pelo bairro, a maioria já não deixa junto com o lixo comum, deixa separado. Em alguns casos, as pessoas não querem deixar na rua para que outro catador não pegue, então já nos avisaram que podemos entrar no terreno e pegar o lixo”, conta o presidente da cooperativa de reciclagem, Valmir Jorge Antônio.
Satisfeito com a aceitação, o presidente da Fundai, Eduardo Rocha, destacou que a tendência é expandir os trabalhos em Içara. “Precisamos apenas melhorar e estamos conseguindo conscientizar as pessoas com uma ação de educação ambiental e tendo uma ação para mostrar resultado. No Cristo Rei está dando certo, então a partir do momento que sedimentar, iremos para outro bairro. Nossa ideia é que em algumas semanas vá para o Centro, fazendo a coleta nesses dois bairros e aos poucos indo ampliando”, aposta.
Ainda segundo Rocha, a própria população está esperando que a coleta seletiva se expanda para os demais bairros. “É algo que veio para ficar. Já estamos notando que a população está esperando isso, tanto que no Plano Diretor, dos três grupos que já foram formados, dois elencaram a coleta seletiva como uma das prioridades”, pontuou.
Uniforme- Os primeiros dias de coleta no bairro Cristo Rei, assim como deve ser no Centro, estão sendo realizados sem que os envolvidos utilizem um uniforme padrão. No entanto, de acordo com o presidente da cooperativa de reciclagem, Valmir Jorge Antônio, esta situação deve mudar em breve. “Não apenas um uniforme padrão, mas todos os que forem realizar a coleta nas ruas, deverão usar os materiais de segurança, para que não venham a ter problema. Tudo isso será doado por uma empresa. Nesses primeiros dias, estamos tocando assim, sem uma padronização, para não perdermos o embalo”, pontuou Antônio.
Seis toneladas arrecadadas em quatro semanas
Não faz um mês que a coleta está funcionando, no entanto, já está produzindo bons frutos. Conforme os integrantes da cooperativa içarense de reciclagem, em apenas quatro passagens pelo bairro Cristo Rei, quase seis toneladas de lixo reciclável foram arrecadados. Conforme o presidente da Cooperi, Valmir Jorge Antônio, a quantidade está aumentando semanalmente. “No primeiro dia não conseguimos encher nem metade do caminhão, mas na semana seguinte já aumentou. E hoje basta a gente andar por algumas ruas do bairro, que já conseguimos encher o caminhão”, destacou. O galpão existente para os trabalhos da Cooperi está situado no bairro Urussanga Velha, próximo ao município de Balneário Rincão. No entanto, no momento, os serviços no local ainda não iniciaram. “Não há uma quantidade expressiva para que possamos começar a separação, por isso agora somente estamos depositando lá, mas queremos nos próximos dias começar a realizar os trabalhos”, pontuou o presidente da cooperativa de reciclagem. Ainda conforme ele, vidros e isopor são os itens mais recolhidos.
Ainda de acordo com ele, a intenção é de que após o início dos trabalhos na região central de Içara, que comece a separação dos materiais na cooperativa. “O que temos hoje dá apenas para uns dois dias de trabalho de separação, mas assim que a coleta iniciar no Centro, então a quantidade semanal de recolhimento de lixo reciclável será bem maior, por isso dará para fazer um trabalho mais contínuo, o que não é possível agora”, destacou.
Após iniciar a separação dos materiais no galpão, é que a cooperativa deve começar a sentir os primeiros efeitos da coleta realizada em parceria com Fundai e com a população içarense. “Junto com a separação dos materiais vamos fazendo os fardos, para que na hora que tiver uma boa quantidade, possamos vender para empresas que compram este tipo de produto. Ainda não temos essas empresas definidas, mas as que tiverem as melhores propostas serão as escolhidas”, comenta o presidente da cooperativa.
No último mês de março, o galpão foi alvo de arrombamento seguido de furto, do local, foram levados uma balança e extintores. O prejuízo ainda não foi ressarcido. “Na época chegou a ser registrado Boletim de Ocorrência, mas não foi possível fazer a recuperação. Também não foi possível realizar a compra desses materiais novamente. Por isso estamos vendo uma forma de conseguir talvez uma doação ou uma maneira de comprar, porque a balança é imprescindível para termos noção do nosso trabalho”, informa Antônio.
Interessados em tirar dúvidas, dar sugestões ou saber um pouco mais sobre o funcionamento do projeto de Coleta Seletiva podem entrar em contato pelos telefones (48) 3432-2733 ou 3432-6418. Também está sendo disponibilizado o e-mail: coletaseletiva@fundai.com.br.
Especial jornal Gazeta

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