A cirurgia nos olhos, especialmente a de catarata, é um dos procedimentos mais realizados no Brasil e no mundo. Com técnicas cada vez mais avançadas, ela devolve qualidade de vida e visão nítida a milhões de pessoas todos os anos. No entanto, mesmo após a intervenção, muitos pacientes continuam utilizando óculos para determinadas atividades, o que gera dúvidas e, às vezes, frustrações.
De acordo com o oftalmologista especialista em catarata, Dr. Neto Pereira (CRM-26.075/RQE- 25270), isso não significa que a cirurgia não tenha sido bem-sucedida. “É importante compreender que a cirurgia de catarata substitui a lente natural do olho, que está opaca, por uma lente intraocular artificial. Essa lente corrige a perda causada pela catarata, mas nem sempre elimina totalmente todos os tipos de grau que o paciente pode ter”, explica o médico.
Correção de grau e expectativas realistas
Muitos fatores influenciam o resultado final. Entre eles estão o tipo de lente implantada, as características anatômicas do olho e a presença de outros problemas visuais, como astigmatismo, presbiopia (a chamada “vista cansada”) ou alterações na retina. “Há pacientes que alcançam excelente visão de longe, mas podem precisar de óculos para leitura. Outros, ao contrário, não usam óculos para perto, mas preferem o uso para atividades como dirigir à noite”, afirma o especialista.
Neto também explica, que a escolha da lente intraocular é decisiva no resultado. “Existem lentes que oferecem apenas visão para longe, enquanto outras chamadas multifocais podem reduzir a necessidade de óculos em diversas situações. No entanto, nem todos os pacientes são candidatos a essas lentes. Por isso, a avaliação individualizada é fundamental”, ressalta.
Óculos não são vilões
O uso de óculos após a cirurgia, segundo os oftalmologistas, deve ser visto como complemento, não como falha do procedimento. “O objetivo principal da cirurgia de catarata é devolver a visão nítida e a qualidade de vida. Se em algumas situações o óculos ainda é necessário, isso não deve ser encarado como algo negativo, mas como parte do cuidado com a saúde ocular”, reforça Pereira.
Ele destaca que a adaptação faz parte do processo. “Muitos pacientes chegam com a expectativa de abandonar totalmente os óculos, e em grande parte isso é possível; mas quando não é, os óculos cumprem um papel importante, sem diminuir os benefícios da cirurgia. O mais importante é que a pessoa volte a enxergar com segurança, autonomia e conforto”, conclui.
O médico explica também, que além da cirurgia, o acompanhamento pós-operatório e as consultas de revisão são essenciais para ajustar lentes corretivas, verificar a cicatrização e monitorar a saúde dos olhos. “É nesse momento que conseguimos entender o resultado final e orientar o paciente sobre o uso de óculos, se necessário. O olhar do médico deve ser sempre de cuidado, atenção e respeito às expectativas de cada pessoa”, finaliza o oftalmologista