Se tem algo no mundo que não se questiona, é o amor materno. A ligação entre mãe e filho é algo difícil de explicar, mas que muitas vezes dá forças para superar os momentos mais adversos. Um grande exemplo de que esse sentimento não tem limites é Zoleide Bittencourt Rosa, a personagem escolhida pelo Jornal Gazeta para homenagear as mamães pela passagem de seu dia, comemorado neste domingo.
Há mais de duas décadas, ela começou a travar uma batalha diária, tentando ajudar seu filho na luta contra o vício da droga e também do alcoolismo. Devido ao uso das substâncias, ao longo do tempo ele começou a enfrentar diversos problemas de saúde. Inicialmente, a perda da memória e, nos últimos três anos, as sequelas de um enfisema pulmonar, que o acamou, comprometendo a fala e os movimentos.
“Esta força primeiramente vem de Deus. Mas, isso junto com o amor, porque o amor vale a pena, o amor vale mais que tudo. É através do amor que consigo força todos os dias, que encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram. O amor não deixa a gente sentir vergonha, covardia, vontade de abandonar, não. Ele nos dá força para seguir lutando”, diz a dona de casa.
Ela ressalta que, ao contrário do que alguns podem pensar, nunca sentiu vergonha de seu único filho. “Ele pode estar nesta situação, mas é uma bênção. Me deu uma família linda. A esposa dele é uma pessoa maravilhosa e os filhos também são maravilhosos. Quero que Deus ainda acrescente muitos e muitos anos de vida para ele, porque ainda acredito que possa levantar desta cama algum dia. Eu creio”, frisa.
Diante de tudo que passou, Zoleide pede a outras mães que orem por quem está numa situação semelhante à sua. “E às mães que estão passando por isso, peço apenas uma coisa: que não desistam, que continuem na luta, porque de uma maneira ou de outra, elas vão ser mais do que vencedoras. Sei que em muitas horas não é fácil, mas as mães não podem desistir. Devem buscar força para ficar na luta. Às mães que pensam que não vai ter jeito, pode ter certeza que vai ter jeito”, acredita.
Nesta jornada pela recuperação do filho, Zoleide conta que conseguiu um apoio fundamental na Subsecretaria Municipal de Políticas Sobre Drogas. “Quando procurei eles, fui muito bem recebida. No momento que mais precisei, eles me deram o melhor suporte que eu poderia receber. As pessoas muitas vezes não ajudam uma pessoa drogada, um alcoólatra, muitas vezes fazem até o contrário. Ali não. Ali a gente recebe todo o apoio que precisa, dando o carinho em um momento que estamos perdidos, porque a nossa família está desmoronando, e precisamos deste suporte”, afirma.
Zoleide segue participando de um grupo de apoio a familiares e participa muitas vezes contando a sua história e ouvindo sobre as dificuldades que outras pessoas estão enfrentando.
A história
A dona de casa comenta que os problemas com o filho começaram há cerca de 22 anos. Até então, ele levava uma vida normal, inclusive trabalhando. “Mas ele neste período começou a fazer algumas amizades que acabaram levando para um mau caminho. Entrou nas drogas e depois, quando a droga não lhe satisfazia mais, acabou entrando no alcoolismo”, relata a mãe.
Ela enfatiza que a partir daí a vida de seu filho acabou sendo totalmente desregrada. “Foi um sofrimento muito grande. A gente procurava internação para ele, para buscar tratamento, mas ele não queria. Nunca quis. Uma vez conseguimos internar ele. Quando saiu da clínica, ao chegar em casa, já logo depois foi para a rua. Todos nós chorávamos”, recorda.
Especial Jornal Gazeta