Por Alexandra Cavaler
Nas últimas semanas é perceptível um evento acontecendo na região Sul catarinense causada, exclusivamente, pelas queimadas na Amazônia e no centro oeste do Brasil. Trata-se da baixa qualidade do ar que, segundo informações monitoradas pelo curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Unesc, estava em 32,8 microgramas/metro cúbico, ou seja, mais que o dobro do considerado saudável nesta terça-feira.
“A Unesc realiza um trabalho de monitoramento contínuo da qualidade do ar na cidade de Criciúma, por meio de equipamentos que foram adquiridos por um projeto da Fapesc e vários trabalhos já foram realizados utilizando estes equipamentos, trabalhos de conclusão de curso (engenharia química e engenharia ambiental e sanitária) e também temas de projetos de doutorado e mestrado do Laboratório de Reatores e Processos Industriais (LabRePI) da universidade. Esse trabalho nos mostra que há alguns dias o ar na cidade está em níveis não saudáveis para pessoas com problemas respiratórios, mas já esteve acima de 170, o que se torna prejudicial a todas as pessoas”, explicou o professor Michael Peterson.
O professor ainda esclarece que na maior parte do tempo, durante o ano, a qualidade do ar em Criciúma se mantém em um nível aceitável, “mas neste momento no qual as queimadas da Amazônia e no centro oeste do Brasil produzem muita fumaça e poluição e, com os ventos denominados correntes de jato, corredores de vento a mais de 1500m de altitude, vindos diretamente da Amazônia, trazem estas partículas para nossa região. Sempre que acontece a passagem de uma frente fria com vento sul, as condições do ar melhoram, e isso deve acontecer a partir desta quinta-feira, no município”.
Peterson também exemplificou os dados com a qualidade do ar apresentada na cidade até as 14h15min desta terça-feira. “No monitoramento da Unesc, neste horário, as condições eram de ar insalubre para pessoas sensíveis, com Índice de Qualidade do Ar (AQI) de 105. Considera-se o ar de qualidade boa com AQI entre 0 e 50”, ressaltou, acrescentando que a medida indicada pelo equipamento marcava PM=2,5 (PM=Micropartícula) um valor de 32,8 µg/m3 (microgramas/metro cúbico). Nos Estados Unidos considera-se ar bom até o valor de 12,5 µg/m3.
PM=2,5
Sobre o significado PM=2,5 o professor revela: “Essa é a medida do tamanho destas partículas que são monitoradas pelos equipamentos, são partículas que possuem tamanho de 2,5 µm (2,5 micrômetros) sendo que 1 µm = 1mm dividido por mil. Estas partículas são muito pequenas e conseguem entrar nas vias aéreas e inclusive passar pelo pulmão chegando na corrente sanguínea. Pessoas sensíveis com quadros de rinite, asma podem ser sensibilizadas iniciando quadros alérgicos, tosses, espirros, olhos lacrimejantes e dores de cabeça”, concluiu.
SBPT divulga orientações para minimizar o impacto da seca
Dadas as condições atuais de seca, queimadas, poluentes sólidos e altas temperaturas em todo o país, a Comissão de Doenças Respiratórias Ambientais e Ocupacionais (DRAO) da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) elaborou um texto complementar ao documento da Associação Amazonense de Pneumologia e Cirurgia Torácica.
Algumas orientações:
– Para grupos de risco
Pessoas portadoras de doenças crônicas metabólicas, cardiovasculares e respiratórias e imunocomprometidas, crianças até 2 anos e adultos com 65 anos ou mais. Nestes grupos há um aumento do risco de infecções respiratórias e, por isso, devem manter-se hidratadas; permanecer o maior tempo possível no interior dos domicílios e com janelas fechadas; evitar a realização de exercícios físicos, neste período, pois durante o exercício aumenta a inalação de poluentes e os efeitos dos mesmos; é recomendável o uso de máscaras, se possível N95 ou PFF 1, 2 ou 3 (a mais eficaz); e no caso de portadores de doenças, manter o tratamento habitual.
– Pessoas saudáveis
Devem evitar a realização de exercícios ao ar livre e o tempo de exercício não deve exceder a 30 minutos/dia; manterem-se hidratadas; usar máscaras em ambientes externos;
– Medidas para melhorar o interior das residências
Manter a residência fechada (portas externas, janelas, frestas), quando possível; umidificar o ambiente com tinas d’água, toalhas molhadas ou umidificadores. Quando possível utilizar um instrumento medidor de umidade relativa do ambiente para melhor controle. Idealmente, a umidade relativa deve ficar entre 40 e 60; utilizar aparelhos purificadores de ar (sem produtos químicos), quando possível;
manter a residência limpa. O material particulado se deposita na residência e pode ser ressuspendido durante o movimento de pessoas. Sempre utilizar panos úmidos ou aspirador para limpeza e não vassouras.
(Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia)
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias