O julgamento para definir se o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), seguiria preso preventivamente foi novamente suspenso nesta quinta-feira (12) após um novo pedido de vista no processo. Com isso, o político, suspeito de crimes envolvendo a concessão de serviço funerário, seguirá detido.
Salvaro foi preso em 3 de setembro. No dia 5, uma audiência que avaliaria a manutenção da prisão dele foi suspensa pela primeira vez após um primeiro pedido de vista.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), a suspensão aconteceu após um dos magistrados, Zoldan da Veiga, solicitar mais tempo para analisar o processo. Os 17 investigados pelos crimes também seguirão detidos.
Enquanto Salvaro está detido, o vice-prefeito, Ricardo Fabris (MDB), foi empossado como interino. Salvaro nega crimes e cita questões políticas.
Operação
Salvaro foi detido na segunda fase da Operação Caronte. Na primeira etapa, em 5 de agosto deste ano, buscas foram feitas na sede da prefeitura de Criciúma e na casa do prefeito. Na época, foram cumpridos sete mandados de prisão pelo suposto esquema no serviço funerário.
Conforme a decisão que autorizou a operação, assinada pela desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer, a investigação teve início após denúncias de possível fraude em um processo licitatório para a contratação de empresas de serviços funerários na cidade.
A apuração aponta que houve alteração na legislação municipal que resultou na redução do número de funerárias habilitadas a operar na cidade.
“As investigações revelaram um complexo e permanente esquema de supostos crimes contra a administração pública e consumidores em Criciúma, sobretudo no controle do serviço funerário”, cita o documento.
Acordo entre funerárias para reduzir a concorrência, aumento abusivo de valores de serviços para velórios e má qualidade de produtos ofertados estão entre as irregularidades identificadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
Além do prefeito, outras nove pessoas foram detidas nos municípios de Jaraguá do Sul, São José e em Florianópolis.
De acordo com o despacho da segunda fase, ao qual o g1 teve acesso, foram encontrados indícios da prática dos seguintes crimes:
corrupção ativa
fraudes de licitação
organização criminosa
crime contra a ordem econômica
O que disse o prefeito
Em um vídeo divulgado pela equipe de Clésio Salvaro logo após a confirmação da prisão dele, o prefeito afirmou que um dos grandes projetos dele era regularizar a central funerária da cidade. Além de negar participação em crimes, Salvaro citou questões políticas:
“Eu tenho certeza da minha inocência. Jamais, em momento algum e o processo vai ficar livre. Não há dolo, não há intenção, não há vantagens, não há absolutamente nada, nada, nada que possa me incriminar”, disse o político em um trecho do vídeo.
O partido de Salvaro, o PSD, também divulgou nota manifestando sobre a prisão:
“O PSD de Santa Catarina e o PSD de Criciúma acompanham com atenção a prisão de um dos seus grandes líderes, Prefeito Clésio Salvaro, com uma administração muito bem avaliada pela população. O ato ocorre faltando poucos dias para a eleição municipal. Não queremos crer em qualquer interferência política nesta decisão, o Partido aguarda e confia na justiça em todas suas instâncias.”
A defesa de Salvaro também publicou uma nota afirmando ter sido surpreendida com a prisão do político, “não apenas pelo fato de já haver denúncia oferecida, mas pela inexistência de qualquer fato novo que justifique essa medida extrema e, principalmente, pela ausência de justa causa para a própria ação penal, uma vez que os argumentos apresentados pelo Ministério Público estão longe de caracterizar qualquer prática criminosa do Prefeito, senão o exercício legítimo do seu múnus público”.
Em nota, a Prefeitura de Criciúma afirmou não ter sido “comunicada oficialmente acerca dos fatos veiculados na mídia em geral, envolvendo o Prefeito Clésio Salvaro”.