Três derrotas em três jogos, lanterna do Campeonato Brasileiro – Série B, sendo o único time da competição nacional a não pontuar. Infelizmente a fase do Criciúma é péssima. Além de não conseguir bons resultados, o futebol do time em campo não tem sido o ideal. Logo após a derrota do Tigre para o América Mineiro, em casa, na última sexta-feira, começou-se a cogitar a demissão do técnico Deivid de Souza. Horas depois o Criciúma já garantiu a continuidade do técnico.
A grande maioria das pessoas que converso, neste momento é favorável a saída do técnico. Pois bem, vou ao caminho contrário. Não que eu acredite que o Deivid seja a melhor opção para o time, tampouco esteja analisando positivamente o desempenho do time. Longe disso. O que eu defendo é que o time deve fazer um projeto a longo prazo. Ou seja, traçar um plano e manter ele, independente dos resultados no começo deste plano, pois somente altera-se realmente se for algo insustentável!
Um grande problema que temos no futebol brasileiro é a falta de projeto, a falta de planejamento. Um técnico perde duas ou três seguidas e é demitido. Vem um novo técnico, com estilo totalmente diferente e até o time se adaptar ao seu estilo, já houve uma nova troca. O Deivid é um técnico da nova safra, um comandante com um perfil ofensivo. Eu, particularmente, não gosto do estilo de jogo do técnico do Criciúma, mas é a alternativa que o time vem trabalhando atualmente. O problema não está especificamente no técnico, há vários outros fatores que vem sendo determinantes para esses maus resultados momentâneos.
O Tigre, nesses últimos anos, durante a gestão de Antenor Angeloni, conseguiu algo que poucos clubes no país têm: uma estrutura excepcional. O Centro de Treinamentos é algo fantástico, ao ponto de o mini-estádio do CT ser melhor que muitos estádios que recebem jogos de primeira divisão estadual. Esta melhoria, no entanto, não foi de uma hora para outra. Levou-se um tempo. O mesmo pode estar acontecendo quando se fala ao time.
Exemplos
Se o Tigre está no caminho certo, apostando no Deivid, não sei. Isso somente o tempo vai dizer. Porém, quero aqui aproveitar para citar dois grandes exemplos de apostas a longo prazo que ocorreram no futebol brasileiro e estão dando certo. Ambos os casos são na região Sul do país.
Um desses exemplos está no Brasil de Pelotas. Antes de chegar ao clube, em 2012, para um projeto a longo prazo, Rogério Zimmermann tinha tido como principal trabalho a base do Grêmio. Ao chegar no Brasil, o time estava na segunda divisão do Campeonato Gaúcho e nem divisão no campeonato nacional tinha. Hoje, cinco anos depois, voltou a bater de frente com os principais clubes do Rio Grande do Sul e depois de ascender de divisão nas séries D e C, no ano passado a equipe conseguiu se manter com certa facilidade na Série B.
Outro caso veio com Cláudio Tencati, no Londrina. Situação me parecida com Zimmermann. Chegou ao clube paranaense em 2011, com o time na segunda divisão estadual e sem divisão nacional. Mas, seis anos depois, conseguiu acessos nas séries D e C e no ano passado por pouco não subiu também na Série B. Nesse período, inclusive, foi campeão paranaense em 2014, além de ser o melhor time do interior do Paraná nas últimas cinco temporadas.
Tudo isso é confiança. Se vai dar certo com o Criciúma e com o Deivid, somente o tempo vai dizer. Mas temos que ter confiança. Aliás, um projeto a longo prazo não é somente técnico.