quinta-feira, 20 novembro, 2025
Ultimas noticias

Oncologia pediátrica do Sul do Estado pede atenção!

Por Alexandra Cavaler

Um breve panorama do câncer infantil, em crianças e adolescentes, foi apresentado pela equipe de profissionais da Casa Guido, em Criciúma. A médica oncologista infantil e hematologista da entidade, Dra. Juliana Dal Ponte, apresentou uma abordagem na qual descreve que o câncer infantil representa de 1% a 3% de todos os casos de câncer no mundo e está entre as principais causas de morte em crianças e adolescentes.

Ainda de acordo com a especialista, ele difere significativamente do tipo de câncer que acomete um adulto, tanto no comportamento quanto no tratamento. A oncologista acrescenta que é sabido pela comunidade médica que avanços no diagnóstico precoce e nas terapias modernas têm aumentado bastante a chance de cura desses pacientes, mas o acesso desigual, ainda existente ao tratamento, é um grande desafio em países de baixa e média renda, a exemplo do Brasil.

“Trouxemos essa pauta para debate, pois precisamos bater muito nessa tecla para conseguir melhorar a sobrevida dos pacientes, principalmente aqui na região Sul de Santa Catarina. Até porque o câncer infantil não é prevenível como no adulto, porque ele não depende dos hábitos de vida do paciente. Quando ele está relacionado à mutação genética, a gente precisa trabalhar no diagnóstico precoce para identificar a doença nas fases iniciais e assim poder iniciar o tratamento. E se isso acontece nas fases inicias, a chance de cura aumenta em até 80%”, enfatizou.

Dados epidemiológicos

Ainda de acordo com a Dra. Juliana, existe uma estimativa de 400 mil novos casos por ano no mundo em crianças e adolescentes de zero a 19 anos. “No Brasil, de acordo com o INCA, a estimativa é de 7.930 novos casos anuais. Em Santa Catarina não tem dados bem específicos,
mas a gente sabe que por ano ocorre aproximadamente 400 novos casos de câncer por ano. Então, as estimativas da macrorregião Sul, que é a população de referência para o Hospital São José e para a Casa Guido, ou seja, Amrec, Amesc e Amurel, totalizando 45 municípios. O
cálculo base para sabermos o número de casos é de um para cada 28 mil habitantes”. Somadas as três regiões, são mais de um milhão de habitantes, o que se chega a mais de 35 novos diagnósticos de câncer infantil, por ano, somente na região Sul de Santa Catarina.

Mais frequentes na faixa etária

A leucemia é o câncer que afeta a medula óssea, a fábrica do sangue. É o principal, é o mais frequente. Em média, 30% das crianças com diagnóstico de câncer têm o diagnóstico de leucemia. Em segundo lugar vêm os tumores do sistema nervoso central, Linfoma de Hodgkin
e Neuroblastoma; depois o Tumor de Wilms e o Osteossarcoma.

Estrutura hospitalar adequada salva vidas

“A estrutura hospitalar adequada, e é por isso que a gente luta muito aqui na nossa região, ativamente, desde que eu cheguei aqui em 2003, é indispensável. O paciente tem que ter acesso a uma emergência pediátrica que esteja preparada para atender o paciente oncológico.
Precisamos ter UTI pediátrica, outra grande luta, porque o Hospital São José, que é onde tem a oncologia pediátrica, não tem, tem pediátrica. O Materno Infantil Santa Catarina muitas vezes está lotado e não consegue receber os nossos pacientes. Já aconteceu de paciente falecer por não ter acesso a esse tipo de atendimento. Outro fator fundamental é o acesso a exames genéticos moleculares que o SUS em geral não cobre, mas hoje, graças a Deus a gente tem a Casa Guido que consegue viabilizar esse tipo de exame, pois com ele nós identificamos o tipo de câncer e direcionar melhor o tratamento. Além de outros tipos de exames, médicos especialistas, a terapia-alvo, que são medicamentos personalizados que melhoram os resultados, além do suporte integral às famílias”, ressaltou Dra. Juliana.

A oncologista concluiu ratificando que o câncer infantil tem altas taxas de cura. “Sim, podemos ultrapassar 80% em países com acesso a diagnóstico precoce e tratamentos adequados, mas a gente sabe que a desigualdade do acesso à saúde é um grande desafio, principalmente em regiões com menos infraestrutura médica. Hoje, se a gente for observar, em Santa Catarina, tem o Serviço de Oncologia Pediátrica em Chapecó, Joinville e Florianópolis, e aqui na região Sul, a gente sabe que deixa bastante a desejar por falta de estrutura mesmo, falta de uma UTI adequada, e volto a dizer, pela qual lutamos desde 2003. Atualmente, nossa necessidade é de, no mínimo, 10 leitos voltados a esses pacientes, mas não precisa ser uma UTI específica para paciente oncológico. Se a gente precisar, a gente pode atender todo tipo de paciente pediátrico de alta complexidade, da neurocirurgia ao paciente cardiopata, e ao oncológico também”.

Depoimento da mamãe da pequena Clara

Mariane Generoso Rodrigues, mãe da Clara, paciente assistida pela Casa Guido, conta que a filha faz tratamento há dois anos e meio. Ela tem biomas de nervo óptico e acabou ficando com baixa visão. “Ainda estamos em tratamento com a doutora Juliane, também assistida com os médicos de São Paulo, devido à necessidade, no caso dela, que teria que ter uma especialidade mais específica. E ela faz tratamento com inibidores de alto custo. Além disso, a Casa Guido nos acolhe desde o início. Recebemos toda a assistência que a gente precisa,
porque é um momento bem difícil: o diagnóstico, o não saber para onde correr, não saber a quem procurar. E é nesse momento que entra a Casa Guido. E eu sempre digo que eles são a luz no fim do túnel. Então a gente só tem a agradecer”.

 

Colaboração: Portal Içara News

Gostou da notícia então compartilhe:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Mais lidas da semana

Noticias em destaque

Noticias

Outros links uteis