A palavra sincericídio é uma expressão informal para confrontar com o excesso de sinceridade que muitas pessoas têm orgulho de elencar como uma qualidade. A palavra remete a uma sinceridade destrutiva de não medir o impacto que o discurso ofensivo pode causar em quem o recebe.

As pessoas que cometem o sincericídio acreditam ser honestas e corajosas, mostrando-se sincera diante dos demais sem nenhum filtro, quando talvez os outros não tenham pedido a sua opinião. Nem sempre ser sincero é uma virtude, principalmente se ela não agregar nada e ofender. Como em tudo na vida, é preciso encontrar um equilíbrio entre ser qualidade e defeito.

Na sinceridade utilizo de uma manifestação, às vezes, de maneira assertiva para passar alguma mensagem ou solucionar alguma questão. No sincericídio utilizo a sinceridade como pretexto para falar o que eu quiser, de maneira inadequada, sem me importar com as consequências disso, afinal “só fui sincero”.

Ser sincero significa dizer a verdade sem pensar? Sem limites? Sem ter em mente o que o outro sente ou quer?

Pelo contrário, a partir do momento em que sua sinceridade for capaz de baixar uma autoestima, cale-se! Quando a sua opinião for capaz de desmotivar alguém, cale-se! Quando a sua crítica construtiva for capaz de diminuir alguém, cale-se!

Isso quer dizer que, para não machucar, é necessário mentir? Não, a melhor atitude é comunicar o que precisamos dizer, mas com sensibilidade, encontrando o momento e contexto adequado ou buscando a melhor maneira de fazê-lo. O ideal seria utilizar a verdade para ajudar, mas nunca para prejudicar ou derrubar os outros.

É importante se posicionar quando estiver desconfortável com alguma situação, quando não concorda com algo, explicando de forma calma, clara e objetiva os seus motivos. A comunicação sincera é sempre o melhor caminho, mas deve ser feita com cautela e empatia. Verdades sem empatia, são apenas conveniências emocionais para satisfazer o seu ego!

Mariana Tramontin
Psicóloga Clínica CRP 12/17310
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