Por Alexandra Cavaler
Entre janeiro e junho deste ano, mais de 39 mil faltas em consultas e atendimentos agendados foram registradas em oito municípios da Região Carbonífera, segundo levantamento junto às secretarias municipais de Saúde. O número acende um alerta sobre o impacto direto dessas ausências no funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), gerando desperdício de recursos públicos, atraso nas filas e prejuízo a quem realmente precisa ser atendido.
Em Cocal do Sul, foram aproximadamente quatro mil ausências no primeiro semestre. A secretária Giovana Galato reforça que, além do tempo perdido, há impacto direto na capacidade de atendimento da rede. “Cada consulta envolve equipe, estrutura e planejamento. Quando o paciente não avisa e falta, ele impede que outra pessoa ocupe o lugar. Isso é um desperdício e atrasa o acesso de quem está esperando. A orientação é que, sempre que houver impedimento, o paciente comunique a unidade de saúde com antecedência, permitindo que outra pessoa seja atendida no mesmo horário. É um gesto simples que melhora o funcionamento do sistema como um todo. A participação da população nesse processo é essencial”, reforça.
Em Içara, o índice de faltas gira em torno de 10% do total de atendimentos, ou seja, cerca de 1.500 ausências mensais. A Secretaria de Saúde investe em estratégias de lembrete via WhatsApp e telefone, mas, mesmo assim, o número preocupa. “A luta é constante para reduzir esse índice. Poderíamos estar atendendo mais pessoas com a mesma estrutura se houvesse mais responsabilidade com os agendamentos”, aponta o secretário da Pasta, Acélio Casagrande.
Morro da Fumaça também contabiliza um alto número: 4.087 faltas em consultas com clínico geral, especialistas, odontologia e outros atendimentos. A secretária Lucelane de Souza Antunes lembra que, ao faltar sem avisar, o paciente perde a vaga e volta para o fim da fila. “Essa consulta que você falta, faz falta para alguém. Além disso, fazemos várias confirmações dos agendamentos com os pacientes, mas se faltam e não justificam, eles saem da fila de espera e precisam recomeçar todo o processo novamente, agora no fim da fila. Pedimos que avisem com antecedência. É um gesto simples, mas de grande impacto para todos”.
Mais de 25 mil somente em Criciúma
Já em Criciúma, o maior município da região, o número é ainda mais expressivo: 25.139 faltas, o que representa 19,34% das consultas agendadas nas unidades básicas. Para o secretário Deivid de Freitas Floriano, o absenteísmo é um entrave à eficiência da saúde pública. “O médico está lá, o horário está reservado, mas o paciente não aparece. É um ciclo que afeta todos e prejudica o sistema como um todo, pois isso se torna uma grande ‘bola de neve’. Além também do desperdício do próprio dinheiro público”.
Siderópolis registrou 2.677 faltas no semestre, sendo 2.121 em atendimentos com clínico geral e 556 com especialistas. Em Lauro Müller, o número chegou a 864 faltas, das quais 778 sem justificativa. Já em Urussanga, só no mês de junho, foram 128 ausências em consultas especializadas no Centro de Especialidades. A secretária Camila Martins afirma que a reincidência dessas faltas gera acúmulo de demandas e aumento da fila. “O usuário que falta sem avisar, retorna para o fim da fila, e isso compromete o fluxo”.
Já em Nova Veneza, o índice de abstenção chegou a 21% no último levantamento: de 1.327 consultas, 280 não foram comparecidas. “Cada ausência é uma oportunidade de cuidado que se perde”, lamenta o secretário Kristian Mazzuco. Treviso, por sua vez, totalizou 486 faltas no semestre, enquanto Balneário Rincão tem buscado amenizar o problema com agendamentos diários, modelo que reduz o esquecimento e o absenteísmo, principalmente nas consultas com clínico geral. Mesmo assim, há queixas pontuais de faltas em atendimentos com psicólogo e fonoaudiólogo.
Consciência coletiva
As secretarias reforçam a importância do aviso prévio em caso de impossibilidade de comparecimento. “Quando o paciente falta sem avisar, a vaga é desperdiçada e outros acabam prejudicados. É essencial avisar com antecedência para que possamos reorganizar os atendimentos. Estamos estudando estratégias, como o envio de lembretes e orientações sobre a importância do aviso prévio, para melhorar esse processo e garantir mais agilidade na fila, pois essa falta sem aviso gera desperdício de vagas, compromete o fluxo de atendimentos e prejudica outros usuários que aguardam na fila pelos mesmos serviços”, conclui a secretária, Gysleny Gylceya Garcia.
Colaboração: Jornal Tribuna de Notícias