Desde ontem, os consumidores catarinenses começam a pagar menos pelo gás natural canalizado. A SCGÁS confirmou uma redução média de 7,15% nas tarifas, com percentuais que variam de acordo com o segmento: a queda é de 7,59% para indústrias, 6,69% para residências, 10,03% para comércios, 8,24% para veículos, 11,07% para distribuidores de GNC/GNL e 6,61% no mercado livre.
Somada à diminuição de aproximadamente 11% aplicada em janeiro, a tarifa média acumula queda em 2025. A SCGÁS projeta ainda nova redução, estimada em 8% para o próximo semestre, o que pode resultar em cerca de 40% de redução acumulada em dois anos. “Essa redução é decorrente da queda nos custos de aquisição do gás e também pela redução dos gastos da operação de distribuição praticada pela SCGÁS. Com essa redução desse mês, nós atingimos um total de 19% de queda nas tarifas nos dois últimos anos”, destaca o diretor-presidente da SCGÁS, Otmar Müller.
Os reajustes ocorrem semestralmente, nos meses de janeiro e julho, e são aprovados pela Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc). No Estado, cerca de 23 mil consumidores utilizam o gás canalizado, entre indústrias, comércios, residências, postos e distribuidores. Os preços são calculados com base nas cotações internacionais do petróleo tipo Brent e na variação do dólar, o que garante previsibilidade e transparência para os usuários.
SCGÁS destaca ganho de competitividade para Santa Catarina
Müller, ressaltou a importância da redução para a economia catarinense e destacou a vantagem competitiva que o movimento traz para o estado em relação ao principal concorrente do setor: “Este movimento é muito significativo para a competitividade da indústria de Santa Catarina, porque nós voltamos a ter preços 5,6% inferiores aos do estado de São Paulo”, afirma.
O presidente da SCGÁS ainda comentou os efeitos positivos para o consumo de GNV (gás veicular), mas reforçou que ainda há espaço para avanços: “O gás veicular, com uma redução de 8,2%, estimula a retomada do volume consumido, assim gerando um movimento positivo de ganho de produtividade. Mas nós entendemos que ainda há espaços para recuperar”, avalia. “É necessária a continuidade dos nossos esforços, junto às autoridades do governo federal, para retornarmos aos preços que nós já tivemos em anos anteriores”, completa.
Custos ainda preocupam indústria
Para o diretor executivo do Sindicato das Indústrias Catarinenses (Sindiceram), Manfredo Gouvea Júnior, a redução nas tarifas é positiva, mas não resolve todas as dificuldades enfrentadas pelo setor cerâmico. “Todo e qualquer movimento de redução tarifária precisa ser comemorado. Entretanto, hoje a grande maioria dos consumidores dentro do segmento cerâmico já está dentro do mercado livre”, conta.
Segundo ele, o maior impacto agora passa a ser na tarifa de transmissão, que é cobrada pelo uso da rede de distribuição. “Isso vai impactar é na tarifa de transmissão, que é a tarifa pelo uso da rede. E isso precisamos ver como vai ficar. SC tem um contrato de concessão que pesa muito na distribuição”, explica.
Manfredo destaca ainda a importância de acompanhar os índices praticados em São Paulo, estado que concentra cerca de 70% do segmento cerâmico nacional, sendo o principal concorrente das empresas de Santa Catarina. “Precisamos entender como vão ficar os parâmetros da tarifa de SC em relação ao estado de SP, que deve ter o seu índice em agosto”.
Apesar de reconhecer o avanço com a redução atual, o diretor executivo aponta que as despesas com a transmissão e distribuição do gás ainda são fatores de preocupação para a competitividade catarinense. “Enaltecemos a redução, mas seguimos preocupados com o custo da transmissão e da distribuição, e esperamos o movimento tarifário em SP, como comparação, para ter”.
Manfredo observa que a diferença de tarifas pode fazer a diferença no custo final dos produtos, principalmente quando se considera o frete para enviar a produção catarinense a outros estados. “Comparado, tendo uma tarifa menor, diminui um pouco do custo, uma vez que temos que produzir aqui e entregar em SP. O custo do frete pesa muito e tem que ser compensado”, destaca.
Colaboração: Thiago Oliveira / Jornal Tribuna de Notícias