Os números de assassinatos de mulheres são preocupantes em alguns locais da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC). Em Forquilhinha, por exemplo, foram três casos de feminicídio registrados nos últimos três anos, ficando em primeiro na região durante o período, empatando com Criciúma. A cidade em questão, inclusive, foi onde aconteceu a primeira morte violenta desse tipo em 2025, a única até aqui.
De acordo com informações da Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC), Forquilhinha registrou um feminicídio por ano desde 2023, mesmo apresentando apenas pouco mais de 30 mil habitantes de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022. Enquanto isso, empatado em primeiro lugar na estatística negativa aparece Criciúma, que teve três casos do tipo somente em 2024, representando 30% dos 10 homicídios vistos durante o ano passado, em uma cidade de mais de 210 mil habitantes.
O primeiro caso de feminicídio em toda a região carbonífera em 2025, inclusive, aconteceu em Forquilhinha. O caso aconteceu no dia 22 de janeiro, quando Mayara Vitalli, de 31 anos, e seu filho, de nove, foram mortos a facadas pelo ex-companheiro da vítima. O homem ainda teria fugido do local de bicicleta, ateado fogo em sua residência e ligado do celular da vítima para se entregar posteriormente, sendo encontrado em Maracajá.
Analisando desde 2021, os dados em toda a região são preocupantes, com diversas cidades da AMREC tendo registros de feminicídios no período. Ao todo foram 13 casos, com o pior ano da série histórica sendo 2024, onde seis casos foram vistos. Criciúma teve quatro (um em 2021 e três em 2024), Siderópolis (um em 2021), Morro da Fumaça (um em 2022 e um em 2023), Içara (um em 2023 e um em 2024), Balneário Rincão (um em 2024) e Forquilhinha (um por ano entre 2023 e 2025).
Ameaças
Muitos casos de assassinatos contra mulheres, no entanto, começam com palavras, ameaças e violência psicológica.
Apesar da situação extrema de feminicídio, os casos acabam não sendo uma surpresa tendo em vista a violência na qual muitas mulheres são expostas durante a sua vida, tendo como autores companheiros e ‘ex’ na maioria dos casos. Desde 2020, por exemplo, os registros de ameaças contra mulheres vem subindo todos os anos, alcançando mais de 2 mil nos últimos dois anos.
Isso, apesar de alarmante, pode ser visto como positivo de algumas maneiras para o combate à violência contra a mulher, tendo em vista que, quanto mais casos registrados, mais denúncias e mais vítimas tentando se libertar do ciclo de violência e buscando justiça contra seus agressores. O número de ocorrências do tipo que não chegam nas autoridades competentes, a “cifra oculta” pode chegar a quatro vezes o número de denúncias, segundo Isabel Cristina Feijó, policial civil especialista em Segurança Pública.
Medida protetiva
O Estado, por sua vez, vem trazendo mecanismos para tentar combater a violência contra a mulher e defender as vítimas. Medidas protetivas de urgência podem ser solicitadas por aquelas que sofreram agressões, não só físicas, mas também psicológicas.
A partir do momento em que a solicitação é feita com as autoridades, em delegacias, por exemplo, e aprovada, a mulher passará então a integrar a Rede Catarina, um serviço da Polícia Militar (PMSC) de monitoramento dessa vítima.
Entenda o que pode ser deferido na medida:
Proibição de aproximação: O agressor não pode se aproximar da vítima, mantendo uma distância mínima determinada.
Proibição de contato: Inclui ligações, mensagens ou qualquer outra forma de comunicação direta ou indireta.
Afastamento do lar: Se o agressor residir com a vítima, ele pode ser obrigado a sair da casa ao invés de ela ir para um abrigo.
Proteção de bens e filhos: Medidas relacionadas à guarda dos filhos, proteção de bens e outras questões patrimoniais podem ser incluídas.
Para denunciar casos de violência doméstica e familiar contra a mulher ligue 180 ou procure a delegacia mais próxima. Peça ajuda.
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias – Luan Guisi


















