A doença celíaca é caracterizada pela inflamação crônica da mucosa do intestino delgado desencadeada pela ingestão de glúten. É uma patologia autoimune que afeta o intestino delgado tanto de adultos, como de crianças. Geralmente em indivíduos que tem uma predisposição genética, envolve a interação entre a ingestão dos alimentos e fator imunológico para desencadear a doença.
“Pacientes que tem a doença celíaca, quando ingerem o glúten, desencadeiam um processo inflamatório e atrofia as vilosidades da mucosa do intestino delgado. Isso acaba prejudicando a saúde intestinal e, consequentemente, a absorção de nutrientes, vitaminas e minerais. Em resposta, existe uma série de sintomas, como por exemplo: diarreia, constipação, formação de gases e distensão abdominal, dor abdominal também é frequente. Alguns pacientes têm o que chamamos de má-digestão, sensação de ‘estufamento’ e, em alguns casos, a perda de peso”, explica a nutricionista do Hospital São José de Criciúma, Leila Viana.
De acordo com a especialista, a doença celíaca pode também apresentar sintomas sistêmicos que são extra-intestinais. “É muito comum em crianças especialmente, as dermatites, deficiência de vitamina B9 e ferro, além da anemia frequente que pode ocorrer também em adultos. Há casos de tontura, fadiga frequente, cansaço crônico. Há relatos na literatura, inclusive de alguns casos de déficit de crescimento, osteoporose precoce, deficiência no esmalte dentário e até casos de infertilidade. É uma doença que atinge o intestino e tem influência no sistema imunológico”, explica a nutricionista.
Com o é realizado o diagnóstico?
O médico gastroenterologista é o profissional capacitado para dar o diagnóstico de doença celíaca. O tratamento atual para a doença é a adesão vitalícia de uma dieta sem glúten. “Os pacientes que fazem uma dieta sem glúten, tem uma melhora desses sintomas. Porém, caso o paciente consuma algum alimento contendo glúten, os sintomas retornam. Parece simples, mas ao mesmo tempo é extremamente complexo. Além do indivíduo não consumir os alimentos contendo glúten, também precisa ser orientado e ficar atento com a contaminação cruzada. Existem vários alimentos industrializados que ocorre a contaminação, por exemplo, a salsicha, presunto, entre tantos outros”, garante Leila.
A nutricionista explica que a contaminação cruzada é também um grande problema na vida do celíaco. “O arroz, por exemplo, é um alimento sem glúten, mas a panela utilizada para a preparação do arroz do paciente celíaco deve ser utilizada única e exclusivamente para o alimento sem glúten. Porque se algum dia essa panela foi utilizada para cozinhar algum alimento que contenha glúten, ocorre essa contaminação cruzada e isso pode desencadear sintomas nesse indivíduo”, explica. “Hoje existe uma lei de rotulação que a empresa deve informar se o produto tem glúten ou não. Só pode ser considerado um produto sem glúten se não houver risco de contaminação cruzada na produção desse alimento. Os indivíduos precisam ficar sempre atento aos rótulos, sempre perguntar se há a contaminação cruzada para evitar qualquer tipo de sintoma”, complementa a nutricionista.
Saiba mais:
Glúten é a porção proteica presente em cereais como o trigo, em qualquer parte dele: farinha de trigo branca ou integral, gérmen, farelo, centeio, triticale, cevada, etc.
Exemplos de alimentos sem glúten: arroz, milho, mandioca, polvilho, batata inglesa e doce, cará, inhame, sagu, linhaça, chia, gergelim, tapioca, etc.
Colaboração: Jéssica Pereira – Assessora de Comunicação HSJosé