quinta-feira, 18 setembro, 2025
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Câncer de intestino volta ao debate após morte de cantora brasileira

Por Alexandra Cavaler

 

A morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, nesse domingo, dia 20, após uma longa batalha contra o câncer de intestino, reacende o alerta sobre uma das doenças que mais mata no Brasil e no mundo. Diagnosticada em 2023 com um tumor no reto, Preta enfrentou cirurgias, sessões de quimioterapia e complicações como infecções e falência de órgãos.

O câncer colorretal é um tipo de câncer que atinge o cólon (intestino grosso) e o reto, e geralmente se desenvolve de forma silenciosa. Os principais fatores de risco incluem idade acima de 50 anos, alimentação pobre em fibras, sedentarismo e histórico familiar da doença. Apesar de ser tratável e ter altas chances de cura quando detectado precocemente, muitos casos ainda são descobertos em estágios avançados. Quem fala sobre o assunto é a oncologista clínica, Dra. Caroline Linhares Berger.

“O câncer de intestino, também chamado de câncer colorretal, é um dos tumores malignos mais incidentes no Brasil e no mundo. Desenvolve-se no cólon (parte maior do intestino grosso) ou no reto (porção final do intestino), é uma doença tratável e com altas chances de cura quando diagnosticada precocemente, com índice que pode ultrapassar 90% em estágios iniciais”, revela, explicando que o tipo mais comum é o adenocarcinoma, que responde por mais de 90% dos casos. Existem ainda outros tipos, menos frequentes, como os tumores neuroendócrinos e os linfomas. “Embora muitas vezes as pessoas usem nomes diferentes, como câncer de cólon ou câncer de reto, todos fazem parte do chamado câncer de intestino. A diferença está apenas na localização do tumor”, explica a médica.

 

Aumento de casos

Dados estatísticos levantados pelo Tabnet (um sistema de dados relacionados à saúde no Brasil) mostra que entre 2020 e 2024 o número de óbitos por câncer de cólon (junção retossigmoide, reto e ânus e canal anal) em Santa Catarina passou de 749 para 983 mortes. Já em 2025, no primeiro semestres, os números já chegam a 536 óbitos pela doença. Totalizando 4.095 mortes neste período.

A incidência da doença vem aumentando, especialmente nas últimas décadas. “Esse crescimento está relacionado a diversos fatores, como o envelhecimento da população, o sedentarismo, o aumento da obesidade, a má alimentação e também à ampliação dos exames de rastreamento, que identificam mais casos”, assinala Dra. Caroline.

A oncologista ainda detalha que embora mais frequente após os 50 anos, o câncer de intestino tem sido diagnosticado em pessoas mais jovens com cada vez mais frequência. Por isso, a atenção aos sintomas e a realização de exames preventivos tornam-se ainda mais importantes.

 

Principais fatores de risco

Entre os principais fatores de risco, conforme a especialista, estão a idade avançada (acima de 50 anos), sexo masculino, diabetes tipo 2, colecistectomia prévia (retirada da vesícula biliar), histórico familiar, dieta rica em carne vermelha e processada, obesidade, sedentarismo, tabagismo, álcool, doenças inflamatórias intestinais, histórico pessoal de pólipos ou câncer colorretal e síndromes hereditárias. “Cerca de 5% das pessoas que desenvolvem câncer colorretal herdaram mutações genéticas que causam a doença. As síndromes hereditárias mais comuns associadas ao câncer colorretal são: síndrome de Lynch (câncer colorretal hereditário sem polipose) e polipose adenomatosa familiar (FAP)”, disse.

Por outro lado, a alimentação rica em fibras: frutas, legumes, verduras, cereais integrais e leguminosas, a prática de atividades físicas regulares e a manutenção do peso corporal adequado ajudam a prevenir. “A atividade física, por exemplo, melhora o funcionamento do intestino e reduz inflamações, enquanto uma dieta rica em fibras protege a mucosa alerta Dra. Caroline.

 

Sinais de alerta

Entre os sintomas mais comuns estão:

Presença de sangue nas fezes;

Alteração no hábito intestinal;

Dor ou desconforto abdominal;

Perda de peso sem causa aparente;

Sensação de evacuação incompleta.

 

“Muitos desses sinais também podem estar relacionados a doenças benignas, mas que, se forem persistentes, devem ser investigados. O ideal é procurar atendimento médico ao perceber qualquer alteração. Quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de cura”, lembra a oncologista.

 

Diagnóstico e exames

A colonoscopia é o principal exame para detecção precoce. Permite visualizar toda a extensão do intestino grosso e remover pólipos, que podem ser precursores do câncer. A pesquisa de sangue oculto nas fezes também é usada como exame de triagem e, quando positiva, deve ser seguida de colonoscopia.

“E, em alguns casos, exames de imagem como colonografia por tomografia. Quanto a colonoscopia, apesar de sua importância, ainda enfrenta resistência por parte da população. O medo do desconforto ou o tabu sobre o exame acabam afastando muitas pessoas, o que é um erro. É um exame seguro, rápido e pode literalmente salvar vidas”, afirma a médica, lembrando que a recomendação geral é iniciar os exames preventivos aos 50 anos, ou aos 45 anos em pessoas com fatores de risco. Em casos de síndromes hereditárias ou histórico familiar importante, o acompanhamento pode começar ainda antes.

 

Tratamento, cura e conscientização

O tratamento do câncer de intestino depende do estágio da doença. Segundo a Dra. Caroline, pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia (especialmente nos tumores retais) e, em alguns casos, terapias-alvo. A cirurgia é o principal tratamento nos estágios iniciais, especialmente quando o tumor é ressecável, pois pode ser curativa. Quando o diagnóstico é feito cedo, as chances de cura ultrapassam 90%. Por isso, a prevenção e o rastreamento são fundamentais. Nos casos avançados, há desafios a serem enfrentados como, por exemplo, metástases, resposta pobre à quimioterapia, complicações cirúrgicas e controle da dor. Alén disso, colonoscopia, exames de sangue oculto nas fezes, cirurgia, quimioterapia e radioterapia, conforme indicação médica, são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O acesso pode variar conforme a região”, ressaltou, concluindo:

“A prevenção é multifatorial e começa com hábitos de vida saudáveis e vigilância médica. O câncer de intestino é altamente prevenível e curável, especialmente com diagnóstico precoce. O tabu em falar sobre hábitos intestinais ainda é um obstáculo — é importante romper isso com informação e diálogo.

 

Maior incidência e óbitos registrados pelo Inca em 2023 – Homens

Tipo Incidência Óbitos
Próstata 71.730 (30%) 16.300 (13,5%)
Cólon e reto 21.970 (9,2%) 10.662 (8,8%)
Traqueia/brônquio/pulmão 18.020(7,5%) 15.987 (13,2%)
Estômago 13.340 (5,6%) 9.007 (7,5%)
Esôfago   6.612 (5,5%)
Cavidade Oral 10.900 (4,6%)  

 

 

Maior incidência e óbitos registrados pelo Inca em 2023 – Mulheres

Tipo Incidência Óbitos
Mama 73.610 (30,01%) 18.139 (16,4 %)
Cólon e reto 23.660 (9,7%) 10.598 (9,6 %)
Colo de útero 17.010 (7,0%) 6.606 (6,0 %)
Traqueia/brônquio/pulmão 14.540 (6,0%) 12.977 (11,7 %)
Glândula tireóide 14.160 (5,4%)  
Pâncreas   6.022 (5,4%)

 

 

Colaboração: Jornal Tribuna de Notícias

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