A Unesc está recrutando voluntários para uma pesquisa inovadora sobre os efeitos da associação de um programa de exercícios terapêuticos ao uso de medicamentos à base de Cannabis em pacientes com Parkinson. O estudo, conduzido por cientistas e professores da Universidade, busca avaliar os impactos dessa suplementação na qualidade de vida dos participantes, analisando sintomas como rigidez muscular, tremores, ansiedade, depressão e distúrbios do sono.
A pesquisa é desenvolvida no Laboratório de Fisiopatologia Experimental, pelo Grupo de Pesquisa em Proteção e Reparo Tecidual, coordenado pelo professor doutor Paulo Cesar Lock Silveira vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc. A equipe tem como base a experiência do projeto de Extensão do Programa de Atendimento aos Portadores de Parkinson (ProPark) da Universidade, que já atua na região carbonífera oferecendo suporte a pacientes com a doença por meio de atividades terapêuticas.
Segundo a pesquisadora Rubya Zaccaron, a iniciativa partiu do ProPark, projeto encabeçado pelo curso de Fisioterapia e coordenado pela professora Ariete Inês Minetto. “Por meio do ProPark nos encontramos duas vezes por semana com pacientes para exercícios terapêuticos. A partir dessa experiência, surgiu a parceria com o grupo de pesquisa do professor Paulo e com a professora doutora Flávia Rigo, pesquisadora na área de Cannabis. Além disso, um grupo de médicos do Instituto Cannabis na Prática (iCnP), coordenado por Guilherme Neri, fará todo acompanhamento aos pacientes. Assim, unimos nossas expertises para realizar este estudo clínico”, explica Rubya.
O trabalho segue todas as diretrizes éticas e já foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade. “Toda pesquisa clínica precisa passar por um rigoroso processo de aprovação para garantir a segurança dos participantes. No nosso estudo, os voluntários manterão seus tratamentos convencionais e o medicamento à base de cannabis será um complemento ao que já fazem”, enfatiza Silveira.
Os participantes serão divididos em grupos comparativos: um deles continuará apenas com os exercícios terapêuticos, enquanto o outro também receberá a suplementação com produtos à base de Cannabis. “Queremos entender de forma científica como o uso dessa substância pode impactar o tratamento dos pacientes, ajudando a definir doses mais adequadas e fornecendo dados que possam orientar outros profissionais da área”, detalha Rubya.
Como participar
Para ser voluntário, é necessário apresentar um atestado médico com a Classificação Internacional de Doenças (CID) da doença de Parkinson e um documento que comprove a aptidão para a prática de exercícios físicos. Os interessados também precisam estar dispostos a participar do ProPark, comparecendo à Unesc duas vezes por semana, às segundas e quartas-feiras, das 15h às 16h.
A seleção dos participantes inclui uma avaliação inicial para analisar diversos aspectos da saúde, como frequência de tremores, qualidade do sono e impacto na saúde mental. “Depois de três meses de intervenção, reavaliamos todos para comparar os resultados e entender a efetividade do tratamento”, explicam os pesquisadores.
Interessados podem obter mais informações e se inscrever entrando em contato com o Laboratório de Fisiopatologia Experimental da Unesc pelo telefone (48) 3431-2773 ou pelo e-mail proparkunesc@gmail.com. Também é possível esclarecer dúvidas diretamente nas Clínicas Integradas da Universidade.
Sobre o ProPark
Criado em 2016, o Programa de Atendimento aos Portadores de Parkinson (ProPark) é uma iniciativa dos cursos de Fisioterapia, Educação Física e Psicologia da Unesc. O objetivo é oferecer suporte individualizado aos pacientes, promovendo tanto a melhoria das habilidades motoras quanto o acolhimento social. Cada exercício é planejado para atender às necessidades específicas dos participantes.
Durante os encontros, os pacientes realizam aquecimento, alongamento e exercícios aeróbicos e de força, além de técnicas para manutenção do equilíbrio. O Parkinson é uma doença neurodegenerativa ligada ao envelhecimento e que afeta a motricidade, causando tremores e rigidez. No entanto, também impacta outras funções, como o sistema gastrointestinal e a qualidade do sono. É fundamental que as famílias fiquem atentas a sintomas iniciais, como alterações na expressão facial e na percepção de odores.
Embora a doença de Parkinson não tenha cura, a pesquisa busca contribuir para avanços no tratamento. “Nosso trabalho é encontrar formas de retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O exercício é uma das melhores ferramentas para isso, e agora estamos explorando o potencial da Cannabis como um aliado nesse processo”, conclui Rubya.
Colaboração: Agecom Unesc