domingo, 5 outubro, 2025
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Setembro Verde: Santa Catarina reforça conscientização sobre a doação de córneas

Por Alexandra Cavaler

 

Devolver a visão a quem aguarda por essa chance é um gesto de solidariedade que transforma vidas. Em Santa Catarina, somente entre janeiro e agosto de 2025, foram registradas 427 doações de córneas. O Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), unidade do Governo do Estado, em Florianópolis, é referência nesse processo e se destacou com 46 doações nesse período.

No Setembro Verde, mês dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a SC Transplantes intensificam as ações de mobilização. A campanha reforça uma mensagem central: a doação só é possível com autorização da família, e por isso é essencial manifestar em vida o desejo de ser doador.

Neste ano, o estado promove uma série de iniciativas. “Durante o mês, dezenas de atividades estão sendo realizadas em 72 hospitais doadores de Santa Catarina. Os coordenadores hospitalares organizam palestras, rodas de conversa e materiais educativos, mobilizando tanto profissionais de saúde quanto a população que frequenta essas instituições”, explica Joel de Andrade, coordenador da SC Transplantes.

 

Como funciona a doação de córneas

O processo segue um protocolo rigoroso. “Quando ocorre um óbito em um hospital notificado, as coordenações de transplante avaliam se o paciente é elegível. Se não houver contraindicações, a família é abordada. Havendo autorização, os bancos de olhos realizam a retirada. O tecido é processado e distribuído conforme a fila, organizada pela Central Estadual de Transplantes”, detalha o coordenador.

Ele também explica que praticamente todas as pessoas podem ser doadoras de córneas, exceto em casos de doenças infecciosas ou algumas condições onco-hematológicas. O prazo para a retirada é de até seis horas após o falecimento, e as córneas podem ser preservadas por até 15 dias.

A doação de órgãos e tecidos só acontece com a autorização da família. Por isso, é essencial que cada pessoa manifeste em vida o desejo de ser doador, facilitando a decisão em um momento de dor. Foi o que aconteceu com Paulo Diogo, irmão de Dirceu que foi paciente do Cepon.

“Quando cheguei ao hospital, meu irmão já havia falecido. Ele estava sofrendo muito. A equipe me perguntou sobre a doação, e eu disse sim, porque acredito que era algo que ele também gostaria. Foi um momento muito triste, mas decidimos doar as córneas e tudo o que pudesse ser aproveitado. Aqui em casa, conversamos sobre isso: queremos doar o que for possível, porque acreditamos nesse gesto”, destaca Paulo.

 

A situação da fila de espera

Atualmente, 578 pacientes aguardam por um transplante de córnea em Santa Catarina. Antes da pandemia, o estado chegou a ter fila zero, com tempo médio de espera inferior a 60 dias. “Com a pandemia, a fila voltou a ultrapassar 500 pacientes. Hoje estamos com fila de pessoas aguardando e estamos trabalhando para adequar equipes de transplante e hospitais doadores, com a meta de retomar a fila zero o mais breve possível”, informa Andrade.

O estado realiza cerca de 80 transplantes de córnea por milhão de doação, ocupando a 11ª posição nacional nesse indicador. Embora seja um resultado sólido, ainda há espaço para avanços, segundo o coordenador da SC Transplantes.

Desafios

Apesar dos bons números, ainda existem desafios a superar. “A maior dificuldade é a falta de uma cultura sólida de doação de tecido ocular nas instituições. Embora Santa Catarina seja referência em doação de múltiplos órgãos há mais de 20 anos, precisamos ampliar a interação entre equipes e fortalecer a conscientização sobre a importância da doação de córneas”, analisa Andrade.

Entre as estratégias em andamento estão a capacitação de profissionais de saúde, a criação de coordenadores dedicados a tecido ocular nos hospitais e o fortalecimento das ações de educação junto às famílias. Dr. Joel Andrade lembra que mesmo pacientes oncológicos podem ser doadores de córneas, salvo em casos específicos. “Estudos apontam que cerca de 90% das córneas avaliadas estão aptas para transplante, o que amplia as possibilidades de beneficiar mais pessoas”.

O coordenador da SC Transplantes reforça que a decisão precisa ser discutida em vida. “Peço que cada pessoa reflita: se você gostaria que seu pai, sua mãe, seu filho ou irmão recebessem um transplante caso precisassem, declare-se doador. Converse com sua família e manifeste sua vontade. E, se você tiver um doador na família, respeite a decisão dele. Cada gesto fortalece uma rede de solidariedade que salva vidas”, conclui Andrade.

Compromisso

O Cepon tem se consolidado como um dos principais protagonistas na doação de córneas. Desde 2013, a Comissão Hospitalar de Transplantes contabiliza 1.031 doações, com destaque em 2018, quando foi reconhecido como o maior doador de córneas do estado.

O que é o Setembro Verde?

O coordenador da SC Transplantes, Dr. Joel de Andrade, explica que o Setembro Verde é a campanha nacional de incentivo à doação de órgãos. “Seu principal objetivo é trazer à tona a importância desse gesto e garantir que as pessoas conversem com suas famílias sobre a decisão de doar”, ressalta.

 

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