Por Alexndra Cavaler
O filho de Jhonatan e Karine Botelho da Silva e irmão de Kauã e o kaio, o pequeno Kauê de oito anos de idade, inspirado pela mãe, encontrou no crochê uma forma de distração. Diagnosticado com THD e autismo, o menino, segundo Karine, passou a se mostrar mais tranquilo ao fazer o trabalho manual que escolheu e que há quase quatro meses vem lhe oferecendo também uma renda, ainda que pequena. Sempre colado com a gata Fofinha, Kauê não larga também as agulhas e as linhas.
A mãe conta como despertou o interesse de Kauê pelo crochê. “Há quase quatro meses, num dia em que ele estava bastante ansioso, eu estava fazendo crochê e perguntei se ele queria aprender a fazer e ele disse que sim. Comecei ensinar, confesso que no primeiro dia foi bem difícil, mas depois ele pediu mais. E o interessante é que ele não quer fazer coisas simples ou pequenas. O primeiro trabalho já foi um tapete, do qual fizemos uma rifa em família para comprarmos mais linha para os trabalhos. Nos três primeiros dias ele fez apenas correntinhas, depois foi pro ponto baixo, fez até um tapete com ponto baixo, depois ele começou a querer aprender a fazer ponto alto. A eu ensinei e ele fez mais uma peça, um trilho de mesa, redondo. E é assim, o pensamento dele não é um baixo; ele quer fazer o mais difícil, comprar um monte de linha e continuar fazendo os trabalhos. Isso deixa toda a família surpresa, e por isso estamos fazendo mais uma rifa”, explicou Karine revelando que agora ele trabalha num jogo de sousplat de Natal com quatro peças.
Trabalho que não tem preço, mas muito valor
Já pensando na próxima data comemorativa, o Natal, Kauê disse para a mãe que queria trabalhar com os sousplat porque a data não está longe. “Como mencionei ele está fazendo as peças de Natal, um jogo com quatro, mas que quiser com mais, ele faz. Outra coisa que me questionam é o preço e eu sempre respondo que não dou preço, até porque o Kauê não conhece dinheiro. Eu só falo o quanto foi gasto e a pessoa coloca o preço, mas se ele ainda estiver perdendo, eu também informo. Ou seja, o trabalho dele não preço, te muito valor. E nós, tanto eu quanto o pai, estamos muito felizes, pois isso tem ajudado demais na rotina dele. Todos sabem que o autismo requer muita paciência, amor e cuidado, e assim é feito aqui em casa. E o crochê é uma verdadeira benção na vida dele”, comemorou a mãe, emocionada.
Formas de contribuir e a rifa
As formas de ajudar Kauê a conseguir o material para os belos trabalhos que ele faz são doações e uma nova rifa lançada pelos pais. Karine conta como acontece o sorteio. “O sorteio será assim que eu terminar de vender os números. Farei o sorteio pelo celular, vou gravar, daí pego o nome e o número da pessoa, o ganhador, e ligo para informar. Lembrando que restam pouco números, e o valor é praticamente simbólico. Um número ao valor de R$ 3,00, e dois por R$ 5,00. Quem tiver interesse tanto na rifa quanto em doar as linhas pode me chamar pelo WhatsApp, o pagamento pode ser feito via pix”, contou. O número de contato da Karina é (48) 99822-1834.
Karina também conta que faz parte de um grupo de crochê em Içara, cidade ondem a família mora, e algumas parceiras de atividade estão doando linhas. Inclusive pessoas vão nas lojas, fazem a compra, me avisam e eu só passo para buscar. As pessoas estão ajudando bastante e isso é emocionante para nós. Só para explicar, as linhas doadas são dele, eu não utilizo nada. Para as minhas encomendas, eu compro as minhas linhas. O que é dele, é dele. Ele faz tudo também nas peças, as vezes oriento quando ele encontra alguma dificuldade, mas isso é bem raro acontecer”, assinalou.
Com um jeito meio tímido, Kauê também deu o seu depoimento: “Eu gosto de fazer crochê, porque eu gosto. Eu estou fazendo o sousplat e depois vou fazer capas para cadeiras”, falou entusiasmado.
colaboração: jornal Tribuna de Notícias
Fotos: Arquivo da família