O Brasil é um dos países mais privilegiados em quantidade de água disponível, mas está passando pela pior seca dos últimos 91 anos. A gestão inadequada dos recursos hídricos, com altas taxas de desperdícios e vazamentos, somada a uma percepção errada do risco de estiagens severas em um mundo cada vez mais quente, trouxe o país a uma situação trágica de escassez em boa parte do Sudeste, Centro-Oeste e partes do Sul e do Norte.
A primeira consequência da estiagem foi o aumento nos preços da comida. A seca também diminuiu a capacidade de geração hidrelétrica, levando ao aumento do uso de termelétricas – que encarecem a conta de luz, contribuem para o aquecimento global e também consomem muita água em processos de resfriamento, agravando ainda mais a crise hídrica localmente.
Mesmo com o aumento no uso dessas usinas poluentes e caras, faltará energia a partir de outubro, segundo o Operador Nacional do Sistema, que recomendou aumento ainda maior no uso de termelétricas e importação de energia.
Com o calor se aproximando, a atenção está se voltando para o impacto nas torneiras. Diversas regiões do país já enfrentam problemas de abastecimento, o que pode se agravar com a aproximação do verão. Sob a influência do fenômeno La Niña, que reduz a chuva no centro-sul durante a primavera, a tendência é que a situação do país piore nos próximos meses.