Por Alexandra Cavaler
Após circular em alguns países foi identificado em Santa Catarina, pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), uma nova variante do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Dados da Vigilância Epidemiológica estadual da última semana confirmam dois casos subvariante XEC. Os exames de sequenciamento genômico que permitiram identificar essa sublinhagem foram realizados no Lacen e validados pela equipe da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB), do Ministério da Saúde.
As amostras, de acordo com informações da Secretaria de Estado da Saúde (SES) foram coletadas de pacientes com sintomas de Covid-19 que adoeceram em setembro passado, em Jaraguá do Sul. São duas mulheres, uma com 85 anos e outra com 34 anos, e ambas foram internadas em um hospital da região por apresentarem sintomas como febre, tosse, coriza e terem comorbidades.
Vacinação: melhor forma de prevenção
A vacinação contra a Covid-19 continua sendo a melhor forma de prevenir casos graves, hospitalizações e mortes pela doença. Atualmente, a vacina utilizada contra a Covid-19 é da fabricante Moderna (SpikeVax), atualizada para a subvariante Ômicron XBB 1.5 e recomendada na rotina das crianças de seis meses a quatro anos de idade, para a população dos grupos prioritários e pessoas acima de cinco anos que nunca tenham se vacinado.
Conforme o pneumologista Renato Matos, a XEC está circulando, mas não se espera problemas maiores devido à essa subvariante. “Essa mutação da Omicron não deve trazer ou apresentar gravidade, mas apesar de a circulação da Covid estar baixa em todo o país ela é uma das doenças infecto contagiosas que mais mata, se igualando à dengue. E por isso a imunização é tão importante, principalmente para as pessoas dos grupos de risco como gestantes, crianças de 6 meses a 4 anos de idade, pacientes crônicos, entre outros”, ressaltou o especialista.
O profissional ainda enfatiza que dados registrados no boletim da Fiocruz, desta segunda-feira, mostram que a taxa de mortalidade por doenças respiratórias nos últimos 30 dias foi de 64%. “A mortalidade por as SRAS como, por exemplo, influenza, rinovírus, covid, a última é a que mais causa óbito entre as pessoas dos grupos de risco. Somente neste ano foram mais de cinco mil mortes. É necessário entender quer a covid vai ficar entre nós da mesma maneira que a influenza, e vai continuar matando, por isso mantenham a imunização em dia, pois elas, com certeza, trazem proteção”.
O diretor da Dive/SC, João Fuck, diz que após os casos confirmados da XEC o estado segue monitorando. “Após a confirmação seguimos monitorando e reforçando as medidas farmacológicas ou não de prevenção, uma vez que se trata de uma doença de transmissão respiratória. Desta forma, quando apresentar sintomas a pessoa deve usar máscara, buscar serviço de saúde, manter a etiqueta da tosse, entre outras, uma vez q eu essas são ações importante à prevenção da doença. E a Covid-19 tem uma vacina disponível, foi atualizada em 2024 contra cepas novas, então é importante que as pessoas continuem buscando a vacinação, evitando casos graves e óbitos”, enfatizou.
Outras formas de prevenção
Fonte: SES
São também importantes na prevenção da disseminação de vírus de transmissão respiratória, como o SARS-CoV-2, o uso de máscara por pessoas sintomáticas e profissionais de saúde que trabalham com pacientes com sintomas respiratórios, bem como a intensificação da etiqueta da tosse/higiene respiratória:
· Higienize as mãos com frequência com água e sabão ou álcool em gel;
· Utilize lenço descartável para higiene nasal;
· Evite tocar os olhos, o nariz e a boca;
· Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
Mantenha os ambientes bem ventilados;
· Limpe e desinfete superfícies;
· Cubra com o antebraço a boca e o nariz ao tossir ou espirrar;
Evite contato próximo com pessoas com sintomas respiratórios;
Evite aglomerações e use máscara em caso de sintomas respiratórios;
Evite contato próximo com outras pessoas caso esteja doente.
Monitoramento
A XEC foi classificada pela OMS no dia 24 de setembro como uma variante sob monitoramento. Isso ocorre quando uma linhagem apresenta mutações no genoma que são suspeitas de afetar o comportamento do vírus e observam-se os primeiros sinais de “vantagem de crescimento” em relação a outras variantes em circulação. Esta variante começou a chamar atenção em junho e julho de 2024, devido ao aumento de detecções na Alemanha. Rapidamente, espalhou-se pela Europa, pelas Américas, pela Ásia e Oceania. Pelo menos 35 países identificaram a cepa, que soma mais de 2,4 mil sequências genéticas depositadas na plataforma Gisaid até o dia 10 de outubro deste ano.
De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC Paola Resende, dados do exterior indicam que a XEC pode ser mais transmissível do que outras linhagens, porém será necessário avaliar o seu comportamento no Brasil. “Em outros países, essa variante tem apresentado sinais de maior transmissibilidade, aumentando a circulação do vírus. É importante observar o que vai acontecer no Brasil. O impacto da chegada dessa variante pode não ser o mesmo aqui porque a memória imunológica da população é diferente em cada país, devido às linhagens que já circularam no passado”, explica Paola, que também atua na Rede Genômica Fiocruz.
Origem
Análises indicam que a XEC surgiu pela recombinação genética entre cepas que circulavam anteriormente. O fenômeno ocorre quando um indivíduo é infectado por duas linhagens virais diferentes simultaneamente. Nessa situação, pode ocorrer a mistura dos genomas dos dois patógenos durante o processo de replicação viral. O genoma da XEC apresenta trechos dos genomas das linhagens KS.1.1 e KP.3.3. Além disso, a linhagem apresenta mutações adicionais que podem conferir vantagens para a sua disseminação.
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias