Os agricultores já iniciaram a Safra 24/25 com a plantação do arroz irrigado em quase todas as regiões de Santa Catarina. Com o fim da última colheita, o solo foi preparado nos últimos meses para receber o plantio do grão pré-germinado, para que a partir de fevereiro do próximo ano, seja colhido mais de 1,2 milhão de toneladas, segundo expectativa da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Neste cenário, as cerealistas, por meio do Sindicato das Indústrias do Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), também acompanham as expectativas de produção, para que sigam com o processo de beneficiamento.
Em 2023, o El Niño aumentou a precipitação média e a nebulosidade no período do cultivo, ocasionando a diminuição de um dos componentes principais para o desenvolvimento da planta, a incidência de radiação solar. No entanto, conforme boletim agropecuário da Epagri divulgado neste mês, diferentemente da última safra, o fenômeno La Ninã traz uma projeção de melhores condições para a safra 24/25, que promoverão a recuperação da produtividade do arroz irrigado, podendo chegar a um aumento de 9,9%.
“Neste ano, vamos estar sobre a influência do fenômeno La Niña que, em uma grande porcentagem dos anos, traz condições favoráveis ao cultivo do arroz, como a redução nas precipitações, a maior incidência de radiação e temperaturas mais amenas, dentro da faixa da normalidade”, afirma o engenheiro agrônomo e coordenador estadual do programa Grãos da Epagri, Douglas George de Oliveira.
Conforme o boletim da Epagri, a produção pode chegar à casa de 1,2 milhão de toneladas, colocando Santa Catarina como responsável por 12% do abastecimento nacional de arroz, sendo o segundo maior produtor do Brasil. “Devemos chegar na casa dos 8,7 mil quilos por hectare do arroz, o que é um número muito expressivo”, aponta o coordenador estadual do programa Grãos da Epagri.
As expectativas positivas seguem por toda a cadeia produtiva do arroz. Nas indústrias, as estimativas para a safra 24/25 são de sucesso e bons resultados. “Todos os nossos agricultores estão esperançosos e as indústrias estão apoiando os produtores para que essa parceria se fortaleça cada vez mais. Nosso objetivo, como sempre, é garantir que tenhamos um produto de alta qualidade para poder oferecer às mesas dos consumidores, tanto catarinenses quanto brasileiros”, avalia o presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli.
A visão de quem cuida da terra
O produtor rural Felipe Alexandre Pereira, que possui 20 hectares de área plantada em Forquilhinha, no Sul catarinense, também está com boas expectativas. Com 12 anos de experiência, plantando e colhendo o grão, pretende colher 4,5 mil sacas na próxima safra. “Ano passado, perdermos em todas as áreas cerde de 10 a 15%, por conta das chuvas. Mas para este ano, esperamos um tempo seco, o que ajuda no desenvolvimento da planta”, comenta.
Antes de iniciar o plantio do grão, o agricultor alagou a terra e colocou água no solo, para que em 20 dias, tudo esteja pronto para a semeadura. Agora, com o início da safra, é realizado o controle da água nas canchas de arroz. “Sempre é necessário estar atento nessa fase inicial de plantio, para que, caso você veja alguma praga comendo o broto do arroz, consiga prevenir a proliferação”, explica Pereira.
Após algumas semanas, conforme a variedade plantada, o arroz estará pronto para receber o herbicida e o inseticida, que controla ou inibe o crescimento de plantas indesejadas. Em seguida, a água e a ureia são adicionadas ao campo.
Cuidado em todos os detalhes
Para outro produtor rural e engenheiro agrônomo, Vanio Steckert, a metodologia de preparo dos 1000 hectares de arroz na Fazenda Agroavião, em Capivari de Baixo (SC), consiste na sistematização. “Fazemos um trabalho muito forte na área de correção de solo. Nos preocupamos muito com a questão da sustentabilidade, procurando não agredir muito, utilizando produtos biológicos e a agricultura de precisão”, afirma.
Nas áreas em que cultiva, a pretensão é colher de 200 a 250 sacas de arroz por hectare. No mês de setembro, o agricultor busca finalizar os 500 hectares de arroz pré-germinado, para que em outubro seja incrementado o grão de variedades nos outros 500 hectares. “O arroz é uma agricultura muito rentável, principalmente nos últimos quatro anos, obtivemos bons resultados. Estamos investindo pesado, pois acreditamos que os preços continuam compensadores, especialmente, neste início da colheita. Seguimos felizes e trabalhando com que gostamos”, enfatiza Steckert.
Mesmo que sejam utilizadas tecnologias no campo, como a agricultura de precisão, que mede os índices de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e outros nutrientes, a sustentabilidade é o ponto chave para a cadeira produtiva cooperar entre si. “Durante toda a lavoura, nossa intenção é de nunca perder as coisas boas que a natureza nos proporciona. Por isso, usamos produtos biológicos e reutilizamos a água”, explica Steckert.