Raios matam e caem mais de uma vez no mesmo lugar

A voltagem de um raio está entre 100 milhões e 1 bilhão de Volts - Foto: Maurício Vieira / Divulgação

Por Alexandra Cavaler

 

De acordo com o Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), a cada 50 óbitos no mundo, um acontece no Brasil

 

Após a morte de um homem (servidor publico municipal) de 47 anos que foi atingido por um raio, em Cocal do Sul, a última semana, durante uma tempestade, a redação do jornal Tribuna de Notícias buscou algumas explicações, orientações e cuidados diante deste evento climático que já causou, em 20 anos, 2.194 mortes somente no Brasil. O país ainda soma, anualmente, a queda de 70 milhões de raios.

 

De acordo com informações apuradas junto aos familiares da vítima, o mesmo estava saindo de uma pequena casa, quando foi atingido pela descarga elétrica. Para evitar tragédias como essa, autoridades ligadas ao assunto foram consultadas. Entre eles, Gustavo Henrique Périco, coordenador da defesa civil de Cocal do Sul, que lamentou a fatalidade e fez um alerta. “Nós, como defesa civil municipal, lamentamos profundamente o ocorrido, a perda de nosso excelente colega de trabalho e nos solidarizamos com familiares e amigos. Mas também alertamos todos os cidadãos que essas tempestades de verão são muito perigosas, embora muitos não dêem a atenção que esse tipo de evento climático necessita”, avaliou.

 

E ele continua: “Nesses casos devemos seguir algumas orientações básicas como, por exemplo, se estiver em qualquer área aberta, como praia, piscina, estacionamento e campo de futebol, saia imediatamente; mMantenha distância de objetos altos e isolados, como árvores, postes, antenas e caixas d’água; afaste-se de objetos metálicos grandes e expostos, como tratores, escadas, cercas de arame, etc. O recomendado neste momento é permanecer em casa, longe de portas e janelas. Evite áreas altas, busque refúgio em lugares baixos. Durante uma tempestade, não utilize aparelhos eletrodomésticos, mantenha-os desligados das tomadas e, também, desconecte da antena externa o televisor, assim você estará reduzindo danos e os riscos”, enfatizou Périco.

 

A Defesa Civil de Santa Catarina também trouxe orientações sobre o que fazer para evitar eventuais acidentes em uma tempestade de raios e ratifica algumas informações já repassadas pelo coordenador de Cocal do Sul: evite lugares que ofereçam pouca ou nenhuma proteção como pequenas construções, tendas e barracos; evite estruturas altas ou metálicas como torres de linhas telefônicas e de energia elétrica; não se aproxime de cercas de arame, varais metálicos, linhas férreas e outras estruturas metálicas; não permaneça em áreas abertas como campos de futebol, praias, quadras esportivas e estacionamentos; não permaneça no topo de morros ou prédios e não busque abrigo abaixo de árvores.

 

Somente em Criciúma caem quase 1.200 raios por ano

Michael Peterson professor da Unesc, doutor em química, também é pesquisador nas áreas da ciência, tecnologia e engenharia. Ele revela detalhes sobre a formação dos raios e apresenta alguns dados relacionados ao município de Criciúma. “A formação de raios e trovões está ligada a tempestades tropicais ou subtropicais. Estas tempestades desenvolvem nuvens carregadas de gelo, granizo e água congelada; em geral sob temperaturas entre -2 e -50 graus centígrados. Estas partículas que estão em movimento dentro da nuvem começam a atritar umas com as outras ocorrendo troca de cargas elétricas. No final a nuvem fica carregada positivamente na parte de cima e negativamente na parte de baixo, transformando-se em uma grande pilha. Em geral o solo é carregado positivamente o que configura a situação ideal para que ocorra uma descarga elétrica da base da nuvem até o solo na forma de um raio, podendo ocorrer várias descargas elétricas enquanto houver energia”.

 

Ao ser perguntado sobre o dito popular que afirma que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, o professor é enfático. “Sim, cai. E isso é bastante comum. Lógico que não é o mesmo raio, porque aquele que caiu já foi, mas os raios, em geral, podem cair sim. Inclusive tem locais com mais incidência de raios do que outros. Um local bastante atingido é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro”, mencionou. Revelando alguns dados de Criciúma: “Quando se trata da concentração de raio na cidade, Criciúma está na posição 1.567 nacionalmente, e 60º no estado. Em um ano caem em nosso município 1.175 raios. Já o Brasil é o país com a maior incidência de raios do planeta, somos o país com uma área tropical e subtropical muito grande, favorecendo as tempestades e trovoadas que geram raios e trovões. Temos 70 milhões de descargas elétricas aqui no Brasil, anualmente. Santa Catarina está entre os três estados com maior incidência do país. E de acordo com INPE a probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio aqui em SC é de 1 em 20 mil. Já a voltagem de um raio está entre 100 milhões e 1 bilhão de Volts e amperagem de 30 mil a 300 mil Amperes.

 

Quanto aos cuidados o professor ressalta que a proteção está relacionada a não exposição a tempestades e trovoadas. “Ficar longe de construções elevadas, não levar objetos pontiagudos de metal como varas de pesca, canos, etc… Não andar de bicicleta ou moto quando houver tempestade, não soltar pipa. Ficar longe de árvores e não entrar no mar e rios. Os pára raios ajudam bastante na proteção, pois são um ponto em que ocorre a atração dos raios daquela tempestade, direcionando-os ao solo para que não ocorram estragos.

 

Corpo de bombeiros também faz alerta

O 3º Sargento Bombeiro Militar Luiz, do 4º Batalhão/Criciúma, ampliou o registro sobre os cuidados durante uma tempestade com fortes ventos e raios. Entre os comportamentos elencados ele orientou: mantenha-se afastado e não trabalhe em cercas, alambrados, linhas telefônicas ou elétricas e estruturas metálica; não manipule materiais inflamáveis em recipientes abertos; não operar tratores ou máquinas, especialmente, para rebocar equipamentos metálicos. “Busque refúgio no interior de edifícios, não permaneça dentro d’água durante as tempestades; use o telefone somente em uma emergência, os raios podem alcançar a linha telefônica aérea; ao sentir carga elétrica em seu corpo (caracterizada por eriçamento do cabelo e formigamento da pele) jogue-se ao chão”.

Sobre permanecer dentro de veículos, pois os pneus são isolantes, o militar faz uma grande revelação. “Se você estiver viajando permaneça dentro do automóvel; os automóveis oferecem uma excelente proteção contra raios, mas diferente do que a maioria das pessoas pensa, não é o pneu que protege veículos, mas sim o princípio da Gaiola de Faraday uma vez que a corrente elétrica percorre a superfície e torna o carro um condutor oco. Por isso veículos e edificações são mais seguros, pois condutores ocos mantêm seu interior livre de correntes eletromagnéticas e interferências elétricas”.

 

Fonte: Jornal Tribuna de Notícias

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