Por Alexandra Cavaler
Especialista afirma que na região, em áreas protegidas, já é possível flagrar indivíduos da mesma espécie considerada em extinção
A suçuarana, também conhecida como onça-parda, é celebrada mundialmente no dia 30 de agosto. A data tem como objetivo popularizar e sensibilizar as pessoas sobre a conservação da espécie e dos ambientes naturais em que a mesma reside. No Brasil, a data inspirou a criação da Semana da Suçuarana pelo Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC) da Universidade Federal do Catalão (UFCAT).
Na região, espaços ecológicos como as áreas protegidas de São Francisco e do Aguaí se uniram à ação nacional com publicações do felino em suas redes sociais. Micheli Ribeiro Luiz, bióloga e coordenadora do Instituto Felinos do Aguaí, explica uma das publicações feitas. “A suçuarana ou onça-parda, também conhecida como popularmente como leão da montanha, teve a imagem publicada na última sexta-feira, num registro obtido nesse mesmo, 30 de agosto, na Reserva São Francisco, que fica ao lado da Reserva do Aguaí. A publicação se deu pela Semana da Suçuarana na qual todos os projetos a nível de país estavam postando vídeos referentes à espécie”.
Floresta ecologicamente saudável
A bióloga também fala da frequência com que a espécie vem sendo registrada por meio de armadilhas fotográficas. “Sobre números exatos dos indivíduos, a gente ainda não consegue divulgar, uma vez que o processo de pesquisa está em andamento e também porque os indivíduos dentro dessa população estão em constante movimentação, entrando e saindo desses ambientes, o que dificulta avaliar o número desses indivíduos dentro desse território. Até porque esses indivíduos percorrem amplas áreas, se distribuem por esse território todo aqui da Serra Geral, então torna mais difícil trazer com precisão esse número da população nesse trecho da Serra Geral, onde estão essas duas áreas protegidas”, explicou.
Micheli também ressalta: “O que podemos dizer e celebrar é que a população está aparecendo, tendo em vista que a gente pesquisa aqui na região há cerca de 18 anos e quando começamos não havia registros de onça-parda, eventualmente um ou outro observado pelos proprietários rurais, mas pelas armadilhas fotográficas levaram muitos anos para a gente conseguir essa evidência comprobatória, ou seja, esse crescimento. Além disso, a reprodução desses indivíduos nos aponta que o ambiente, a floresta, se encontra ecologicamente saudável, para manter essas populações de animais que são predadores de topo da cadeia alimentar e que requerem ambientes saudáveis, com presas, para manter a sua sobrevivência, pois são animais que requerem também uma ampla distribuição. Assim, o que podemos dizer é que o ambiente está ecologicamente saudável para manter esses indivíduos aqui na nossa região”, ressaltou Micheli.
Ela ainda destaca a importância da colaboração popular. “Sobretudo, cabe destacar essa questão da consciência ambiental que precisa da colaboração das populações, dos moradores que vivem no entorno e aí a gente trabalha aliado fortemente com a educação ambiental, então a gente percebe que todo esse retrato, além do ambiente ecologicamente saudável, também tem um peso significativo nos trabalhos de educação ambiental”.
Fauna nas Encostas do Pico São Francisco
A Reserva São Francisco abriga em seus diferentes ambientes, variada fauna e funciona, literalmente, como abrigo para uma enorme quantidade de animais. Os especialistas catalogaram até agora 232 espécies de animais, entre eles 159 espécies de aves, 21 espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte, seis espécies de mamíferos voadores, 22 espécies de peixes, 19 espécies de anfíbios, e cinco espécies de répteis.
Sobre a Suçuarana
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Conhecida também como onça-parda, a espécie Puma concolor é o segundo maior felino das Américas e um dos principais predadores com a distribuição geográfica mais ampla do continente americano, ocorrendo desde o Canadá até o extremo sul dos Andes.
No Brasil, é considerada uma espécie vulnerável à extinção na natureza. As principais ameaças são caça de retaliação por conflitos com humanos, quando o animal é abatido por supostamente ter matado animais domésticos ou rebanho – e a perda de habitat.
As ações de conservação da onça-parda ainda sofrem com lacunas críticas de informações sobre a espécie, principalmente, sobre aspectos ecológicos e de movimentação e dispersão das populações. Ainda, uma parte significativa da sociedade não sabe da existência do felino e da sua ocorrência no Brasil e nas Américas, para além da Onça-pintada (Panthera onca).
colaboração: jornal Tribuna de Notícias