Por Alexandra Cavaler
Com isso, lista de mamíferos de médio e grande porte, em Criciúma, sobe para 22 espécies
Um estudo realizado dentro do projeto Faunativa de Criciúma utiliza um contínuo florestal que abrange áreas rurais e urbanas de Criciúma, Morro da Fumaça, Siderópolis e Cocal do Sul. A pesquisa é desenvolvida pelo biólogo criciumense, Vitor Bastos, e tem como objetivo identificar mamíferos de médio e grande porte no Sul de Santa Catarina, muitos deles considerados extintos a exemplo do veado-catingueiro, que foi flagrado por meio de câmera-trap (armadilhas fotográficas) no mês de setembro.
“Esse registro do veado-catingeiro, aqui em Criciúma, é o primeiro e histórico para a espécie. Nunca tivemos, nem mesmo, o registro de pegada ou de atropelamento. Aqui na região temos história de caçador afirmando que há 10 anos caçou um animal desta espécie em Morro da Fumaça, mas isso não se tem certeza, ou seja, não existe dado científico sobre o assunto. Também tivemos informações, sem a devida confirmação, de que na década de 70 a espécie era encontrada em Urussanga e Cocal do Sul”, contou o biólogo.
Vitor comemora a descoberta do animal, um macho, que possivelmente veio do costão da serra. “Esse registro é muito bacana, principalmente por se tratar de uma espécie que está em extinção em Santa Catarina, bem florestal e de área de mata fechada. Acredito que tenha vindo do costão da serra e que tenha usado os trajetos que ainda tem matas, corredores florestais, para chegar nessa região, possivelmente é um macho tentando achar uma nova área de vida e uma fêmea para reprodução. É uma das quatro espécies de veados encontradas no estado. Aqui no Sul, temos três delas”, explicou.
O profissional ainda revela que esse é, provavelmente, um animal solitário e que já deve estar longe de Criciúma por ser uma espécie que tem o hábito e a capacidade de andar longos trajetos. “Facilmente ele já pode estar em Treviso, Sangão, Siderópolis ou no costão da serra. Felizmente não é um animal muito caçado, mas ainda tive receio de publicar o registro, mas sabia que o mesmo não estaria mais na região”, assinalou Bastos.
Sobre o veado-catingueiro
Este veado-catingueiro visto pelas lentes do pesquisador é de médio porte, aproximadamente 18 quilos, normalmente solitário, tem hábitos noturnos e diurnos. A filmagem foi feita numa madrugada. Ainda sobre o registro histórico, o biólogo fala que o mesmo mostra como a região está conseguindo suportar mais espécies. “Quer dizer que tem alimento para esses bichos. Se eles estão aqui é porque eles conseguem achar alimento, conseguem achar uma área de vida que sustenta as suas necessidades. Nós, com isso, catalogamos 22 espécies de mamíferos de médio e grande porte. Quando eu comecei a pesquisa, havia uma lista que mostrava apenas nove. São 22, mas ainda temos chance de aumentar a lista para, pelo menos, 24 nos próximos anos de pesquisa. Eu estou muito feliz”. Ele ainda conta entusiasmado que nos últimos meses foram filmados e fotografados filhotes de cutia, de mão-pelada, gambás, um indivíduo jovem de gato-do-mato-pequeno, lontras e uma família de bugios com dois filhotinhos. Todos esses registros podem ser acessados no Instagram do projeto @faunativacriciuma
Mais espécies foram identificadas desde o início das pesquisas: cachorro do mato, capivara, gambá-de-orelha-branca, gambá-de-orelha-preta, irara, quati, furão-pequeno, tatu-galinha, gato-maracajá, e tatu-de-rabo-mole. As câmeras são acionadas por movimento e instaladas em locais estratégicos dentro da mata nativa. Estes pontos são previamente analisados por imagens de satélite para garantir melhores resultados. Já as espécies vistas ao vivo pelo biólogo foram ouriço-cacheiro, tamanduá-mirim, lebre e ratão-do-banhado. E, por populares: jaguarundi e macaco-prego.
Fonte: jornal Tribuna de Notícias