A busca por respostas, movida por perguntas interessantes, é estimulada nas maiores invenções e descobertas ao longo da história. No mundo da pesquisa científica, esse desafio é enfrentado por pessoas dedicadas e curiosas como as que fazem parte do time feminino de pesquisadoras da Unesc, que celebram as conquistas neste Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, comemorado nesta terça-feira (11/2).
A Universidade possui 74 pesquisadoras, entre profissionais e estudantes, que se destacam em diversas áreas do conhecimento com a realização de pesquisas que vão do desenvolvimento de novos medicamentos a projetos na área de tecnologia, meio ambiente, entre outros. Essas mulheres têm se destacado em eventos científicos no Brasil e no exterior para onde levam o nome da Instituição e mostram como o trabalho que desenvolvem faz a diferença na sociedade.
Conforme a reitora Luciane Bisognin Ceretta, a Unesc apoia e valoriza o talento dos pesquisadores e tem orgulho de contar com mulheres desempenhando papel fundamental nessa trajetória.
“A Unesc direciona esforços para a promoção do desenvolvimento e aprimoramento da qualidade de vida por meio de investimentos em ciência e pesquisa. A presença de mulheres dedicadas e talentosas, que se destacam em suas áreas de atuação, fortalece ainda mais nosso compromisso. Neste Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebramos as realizações individuais das pesquisadoras da Universidade e o impacto coletivo que têm na promoção do avanço científico e o incentivo a futuras gerações de mulheres cientistas”, sublinha.
Para a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão da Unesc, Gisele Coelho Lopes, as pesquisadoras da Unesc assumem múltiplos papeis. “Elas fazem ciência de excelência e, ao mesmo tempo, lidam com a rotina de mães, filhas, esposas e líderes na arte das descobertas científicas. Implementar políticas para o estímulo da ampliação da participação das mulheres na ciência, como é o caso do Prêmio Mulheres na Ciência, é uma iniciativa institucional de reconhecimento ao protagonismo científico das mulheres que combinam seus múltiplos papeis com a produção do conhecimento científico de excelência”, comenta.
Impacto das pesquisas e a importância de incentivar meninas na ciência
As pesquisas realizadas na Unesc mostram resultados importantes, principalmente nas áreas de saúde, educação e novas tecnologias. A reitora destaca que as soluções criadas nas pesquisas geram impacto direto na melhoria da qualidade de vida das pessoas, com resultados práticos para a sociedade.
“A produção da ciência de alto nível requer a consciência da realidade e a capacidade de encontrar soluções ou alternativas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Quando há desenvolvimento científico alinhado às demandas sociais, percebe-se a relevância das soluções com impactos na saúde pública, no meio ambiente, na educação, no comportamento social, na economia, nas políticas públicas, nas novas tecnologias, além de outros ganhos que a ciência produz para a vida de uma forma integral”, observa.
Para Gisele, toda carreira exige equilíbrio, sendo essencial corrigir a lacuna histórica da sub-representação feminina nesse campo profissional. “A Unesc, por meio das políticas de incentivo, tem o compromisso de motivar outras mulheres a seguirem a carreira científica como uma possibilidade profissional. Para isso, é fundamental apoiar iniciativas que valorizem mulheres e garantam condições para que possam se dedicar a essa nobre profissão”, completa.
Projetos futuros e oportunidades para jovens cientistas
A reitora ainda lembra que os últimos anos registram o crescimento da participação feminina no desenvolvimento da ciência. “Nosso objetivo é continuar reforçando as políticas de reconhecimento, mas também buscar alternativas que incentivem outras mulheres a se reconhecerem na carreira científica”, diz.
Sabe-se que, devido às diversas funções que as mulheres exercem na sociedade, o acesso à formação Stricto Sensu (mestrado e doutorado) muitas vezes se torna um desafio. Diante deste cenário, elas enfrentam obstáculos diferentes para alcançar o sucesso profissional, devido à complexidade das jornadas. “Como Universidade, não podemos fechar os olhos para essas desigualdades, que precisam ser corrigidas para garantir um futuro mais equilibrado entre homens e mulheres no mundo do trabalho”, conclui.
Avanços na pesquisa
A professora doutora Merisandra Côrtes de Mattos atua como docente universitária e leciona na área da tecnologia na Unesc. Além disso, lidera o Grupo de Pesquisa em Inteligência Artificial Aplicada da Universidade, cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e coordena o projeto de Extensão “Informática para a Melhor Idade”, além de ser pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Produtivos, no qual atua na área em Inteligência Artificial, Transformação Digital, principalmente em ferramentas inteligentes de suporte à decisão, engenharia do conhecimento, machine learning e data science.
A trajetória na ciência, para ela, como a de tantas outras mulheres, é marcada por desafios e superações. Desde a infância foi incentivada pelos pais a desenvolver o interesse pelo conhecimento e pela ciência. Eles a estimularam a cultivar o pensamento crítico, seja por meio de brincadeiras educativas ou pela leitura de livros que tinham em casa, como a enciclopédia Os Titãs (1956), composta por 10 volumes.
Merisandra recorda que o quinto volume, Os Titãs da Ciência, apresentava a história de 51 cientistas de diversas áreas, como biologia, física, química, astronomia, entre outras. No entanto, entre todos esses cientistas, apenas duas eram mulheres: Marie Curie e Irene-Joliet Curie. Esse fato a fez questionar: “por que tão poucas mulheres eram representadas?”.
Simultaneamente, ela teve acesso a enciclopédia Mulheres Imortais (1970), composta por três volumes, que apresentava grandes mulheres ao longo dos séculos e a elevada capacidade sob diferentes aspectos que incluíam a liderança de campanhas militares, o desenvolvimento da ciência, da literatura, da arte, entre outras.
“Ao terminar a minha graduação, o caminho natural foi cursar o mestrado e, posteriormente, o doutorado. O mestrado em Ciência da Computação e o doutorado em Engenharia Elétrica, o que por si só já se constitui em um desafio por serem áreas em que as meninas e mulheres, historicamente, têm sido a minoria. Apesar dos desafios, muitas cientistas fazem história e abrem caminhos para as futuras gerações. Mulheres como Marie Curie, Ada Lovelace, Katherine Johnson e muitas outras, como nós pesquisadoras da Unesc, temos mostrado que o talento e a determinação são fundamentais para transformar a ciência e o mundo”, disse Mariesa.
Segundo Merisandra, as pesquisas desenvolvidas na Universidade impactam o meio acadêmico como também a sociedade. “A Unesc oferece infraestrutura de pesquisa, com laboratórios, biblioteca, bolsas de estudo e financiamentos de agências e investimentos institucionais; incentiva a publicação científica e a participação em congressos. Além disso, implementa políticas de inclusão e equidade de gênero, promovendo a liderança feminina e visibilidade para cientistas mulheres por meio de premiações como Mulheres na Ciência Unesc, e mantém alta representatividade feminina em cargos de liderança acadêmica”, descreve.
Para Merisandra, apesar dos avanços, as mulheres ainda são minoria em áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Science, Technology, Engineering and Mathematics (STEM). “Reduzir essa desigualdade é fundamental, para isso deve-se incentivar as meninas a ingressarem nas áreas de STEM, combatendo-se estereótipos que as afastam dessas carreiras. Ao incentivar as meninas na ciência, contribui-se para o progresso e um futuro mais igualitário, inovador e sustentável”, observa.
Ela ainda menciona que o Colégio Unesc é o primeiro espaço onde muitas meninas entram em contato com a ciência e, posteriormente, na Unesc a Graduação Multi e os Programas de Iniciação Científica incentivam a participação das acadêmicas na pesquisa e no desenvolvimento de habilidades acadêmicas e experimentais, bem como a Pós-Graduação Stricto Sensu da Unesc, que, por meio de mestrados e doutorados, cria oportunidades para a pesquisa e o desenvolvimento da ciência.
O estudo da dor
Quem também atua fortemente em pesquisas é a professora doutora Flávia Rigo, que se debruça sobre o estudo da dor e como tratá-la de forma mais eficaz. Ela é um dos exemplos de como as mulheres estão à frente em áreas que antes eram dominadas por homens. A pesquisadora se dedica ao estudo da dor e da analgesia, com o objetivo de desenvolver novos medicamentos analgésicos e entender os mecanismos por trás de diferentes condições dolorosas, como a dor crônica associada ao câncer.
“Essa linha de pesquisa ampliou meu conhecimento e resultou em avanços importantes que incluem o desenvolvimento de uma patente para uma proteína recombinante derivada do veneno da aranha armadeira. Essa proteína demonstrou um potencial analgésico promissor, com maior segurança e eficácia em comparação com a morfina, abrindo novas possibilidades para o tratamento da dor crônica e em contextos clínicos complexos”, comenta ela.
Flávia estuda também o potencial terapêutico das plantas medicinais, com especial ênfase na Cannabis sativa, explorando as propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e neuroprotetoras. “A Cannabis tem se mostrado uma alternativa promissora no tratamento de dor crônica, especialmente para condições como a dor neuropática e a dor associada ao câncer, sendo uma abordagem terapêutica que tem ganhado cada vez mais destaque na medicina integrativa”, explicou ela.
Para Flávia, as pesquisas desenvolvidas na Unesc têm impacto significativo tanto dentro quanto fora da Universidade. “Dentro da Instituição, elas contribuem para a formação acadêmica e profissional de estudantes e pesquisadores, gerando conhecimento que fortalece a produção científica e amplia as capacidades da Universidade em diversas áreas. Fora da Unesc, as pesquisas têm impacto direto na sociedade, oferecendo soluções para problemas locais, regionais e até globais, em áreas como saúde, educação, meio ambiente e tecnologia. Além disso, elas geram parcerias com empresas, órgãos públicos e outras instituições de ensino, promovendo a inovação e o desenvolvimento socioeconômico da região. Dessa forma, as pesquisas da Unesc não só elevam o nível acadêmico da Universidade, mas também contribuem para o avanço da ciência e o bem-estar da comunidade”, enfatiza.
A pesquisadora também destaca que, embora as mulheres tenham feito contribuições significativas para o avanço da ciência, historicamente, ainda são sub-representadas em áreas como tecnologia, engenharia, matemática e ciências exatas. Para ela, incentivar meninas a seguir carreiras científicas não só promove a diversidade de perspectivas e soluções mais criativas, mas também fortalece o papel delas como líderes e inovadoras no campo da pesquisa e do desenvolvimento.
“Além disso, esse incentivo combate estereótipos de gênero, amplia as oportunidades para as jovens e quebra barreiras que podem limitar suas escolhas. Em um cenário global cada vez mais tecnológico e interconectado, a participação ativa das mulheres na ciência é fundamental para enfrentar desafios complexos e construir um futuro mais justo e sustentável”, acrescentou.
Flávia é especialista em aromaterapia e plantas medicinais, com foco em compostos canabinoides. Integrante do Núcleo Sul do Observatório Catarinense de Práticas Integrativas e Complementares. Possui experiência na área de dor e analgesia. Atua como terapeuta integrativa e complementar, utilizando técnicas como Auriculoterapia, Nova Craniopuntura de Yamamoto, Acupuntura, Ventosaterapia e Moxabustão. Atualmente, é coordenadora do projeto de extensão Centro Multiprofissional em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Cempics) da Unesc.
Prêmio Mulheres na Ciência
A Unesc, com o objetivo de incentivar a pesquisa científica, promove o Prêmio Mulheres na Ciência, que nesta edição chega à sua terceira edição. A premiação visa destacar e valorizar o protagonismo das mulheres cientistas da Universidade, reconhecendo suas contribuições científicas nas mais diversas áreas do conhecimento.
O prêmio é destinado a mulheres doutoras ou mestres, integrantes do quadro de colaboradoras da Universidade, bem como bolsistas de iniciação científica, mestrandas e doutorandas matriculadas em cursos da Universidade, cuja pesquisa e trajetória científica tenham contribuído significativamente para o avanço do conhecimento.
A divulgação das selecionadas e a cerimônia de premiação ocorrerá no dia 10 de março, e a premiação abrangerá três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida, Humanidades e Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinares, com categorias para pesquisadores Plenos, Intermediários e Iniciantes.
As vencedoras de cada categoria terão a oportunidade de participar de um congresso nacional em suas áreas de pesquisa. Já as segundas e terceiras colocadas serão contempladas com a participação em congressos regionais, sendo Sul-brasileiros e estaduais, respectivamente, com o apoio da Universidade. Além disso, as pesquisadoras classificadas até a 10ª posição receberão Certificados de Menção Honrosa.
Texto: Daniela Savi/Agecom/Unesc
Fotos: Arquivo/Agecom/Unesc
Agecom – Agência de Comunicação Unes