Na última década, Manoel Pedro Agostinho, 78 anos, enfrentou desafios todas as tardes de quarta-feira. Ele deixou a casa no bairro Jardim Elizabete, em Içara, encarou uma caminhada de quase um quilômetro e mais dois ônibus para chegar até a Satc. Junto com mais seis amigos, ele faz parte do projeto “Cerâmica além da visão”.
A iniciativa permite a pessoas cegas, como Agostinho, ou que possuem baixa visão, a criação, modelagem e fabricação de objetos cerâmicos. Nessa terça e quarta-feira, ele e os demais integrantes do projeto puderam expor suas criações na Satc. Potes, panelas, vasos e porta-chaves produzidos durante as aulas integraram a mostra. “O que mais gosto de fazer é panela e tigela”, comenta Agostinho.
As obras dele e dos demais alunos ficaram expostas nas salas dos professores. Os interessados também puderam adquirir as peças, por valores entre R$ 20 e R$ 40, que variam conforme o tamanho e detalhes de cada trabalho.
Mas é a amizade que motiva o grupo. Há oito anos participando, Adriana Madeira nunca tinha trabalhado a argila. “É uma terapia, descarrego todos os problemas”, afirma. A mesma alegria em participar tem Adriana Scaini. “Comecei aos poucos, e o professor nos inspira, dá ideias de novas peças”, ressalta.
O grupo é orientado pelo professor Josimar da Cruz e se reúne sempre nas tardes de quarta-feira. O projeto começou há dez anos e é totalmente gratuito para os deficientes visuais.
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