Os estabelecimentos comerciais pagam para os bancos responsáveis em média 3% a 5% nas vendas realizadas através de cartões de crédito ou débito. Além disso, pagam uma taxa de 4% ao Governo e a manutenção da própria máquina que é mensal. Contudo, quando o consumidor realiza uma compra e quer pagar com cartão, o valor aplicado é, geralmente, o mesmo do que o de à vista. Mas, ao que tudo indica, a forma de pagamento sofrerá alteração. Na semana passada, o plenário do Senado aprovou um projeto que permite que os comerciantes apliquem valores diferenciados para os produtos pagos com dinheiro ou com cartão de crédito. Hoje, a Legislação não permite a diferença nos preços, desde que o pagamento não seja feito de forma parcelada. A proposta foi aprovada, mas segue para análise na Câmara dos Deputados. Para os comerciantes, o projeto é visto de maneira positiva.
A proprietária da loja Adriana Presentes de Içara, Adriana Bitencourt, explica que são várias as taxas que precisam ser pagas pelos comerciantes quando os valores são pagos via cartão. “É taxa do banco, do governo, da própria máquina. Mesmo que seja no débito, quando o dinheiro cai na hora, também pagamos taxas. Então concordo com esse projeto porque para nós é muito válido. O consumidor paga o mesmo, mas nós comerciantes é que arcamos com as taxas extras”, ressalta.
Em outra loja, 50% das compras é realizada através de cartão e, segundo a proprietária, que preferiu não se identificar, a criação desse projeto irá beneficiar os comerciantes. “Para nós vai ser muito bom porque se colocamos, por exemplo, algo na promoção, quando é vendido no cartão acabamos perdendo por conta das taxas que pagamos. Então acho que essa diferença para pagamento em dinheiro e em cartão deve mesmo existir”, pontua.
Já o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Paulo Roberto Brígido, não acredita que ofertar valores diferentes para pagamento em dinheiro ou em cartão, não é a medida certa. Segundo ele, os políticos deviam se preocupar em baixar as taxas impostas pelos bancos. “Beneficia um lado e prejudica o outro, assim como hoje o consumidor é beneficiado quando paga em cartão e o comerciante perde. Não conheço a fundo esse projeto, o que eu sei é que hoje o valor a vista é obrigado a ser o mesmo no cartão em uma vez. Mudar isso acho que não é o caminho, temos é que lutar contra essas taxas que são abusivas e não limitar compras por cartão de crédito”, assinala.
Ainda conforme Brígido, os próprios comerciantes já se adaptaram à forma de pagamento realizada atualmente. “O comerciante já se adequou e sabe que vai ter que pagar taxas quando a venda é feita através do cartão. Mas não tem como cancelar porque hoje a maioria das pessoas prefere utilizar o cartão de crédito do que sair com dinheiro de casa. Por isso, mais uma vez, reitero que mais importante do que determinar essa mudança de valores, é buscar a diminuição das taxas por parte do governo e dos bancos”, complementa.
Retrocesso
A proposta é de autoria do senador Roberto Requião que alega que o objetivo é fazer com que os consumidores paguem menos. Para ele, hoje os preços lançados pelos comerciantes são superiores por conta do cartão de crédito. “Uma pessoa que ganha um salário mínimo, é obrigada a pagar de 7% a 11% a mais nas compras, mesmo que com dinheiro, porque os estabelecimentos acrescem isso justamente por conta do cartão de crédito”, afirma.
A intenção, então, é que as lojas ofereçam descontos para quem pagar com dinheiro. Contudo, na opinião do designer Ismael Furtado, isso dificilmente irá acontecer. Para eles, será uma ótima oportunidade para os estabelecimentos lucrarem ainda mais.
“Qual a maior probabilidade, que eles aumentem o valor do produto vendido via cartão de crédito ou reduzam para os pagamentos em dinheiro? Obviamente não irão diminuir. Acho que esse projeto não foi feito de forma pensada e foi aprovada de maneira mais impensada ainda. No fim, são os consumidores que irão pagar mais. Não é justo que paguemos por taxas que são de responsabilidade dos comerciantes, nós já pagamos juros demais”, argumenta.
O empresário Filippe Spíllere Vieira também não concorda com a proposta. Através das redes sociais ele manifestou que o projeto significa um retrocesso. “Retrocesso é pouco. É o fim dos tempos. Vamos chegar numa loja e perguntar “quanto está essa camisa? Com cartão é R$ 10 e em dinheiro é R$ 7. Então vou perguntar “e no cheque voador sem fundo?”, indigna-se.
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