A espiritualidade e sua relação com a saúde se tornou um paradigma a ser estabelecido na prática médica, sendo importante integrar todos os aspectos relacionados à doença, sejam eles sociais, psíquicos, econômicos, etc., bem como integrar a religiosidade a esses aspectos. Ao mesmo tempo em que a espiritualidade gera para alguns, conforto em diferentes momentos da vida, ela também gera para algumas culturas, discórdia, fanatismo e confrontos.
Faz-se necessário diferenciar espiritualidade de religiosidade, onde a primeira envolve questões a cerca do significado e propósito de vida de cada pessoa, crenças em aspectos espiritualistas para justificar sua existência e significados, etc. Já a religiosidade, envolve uma sistematização de culto e doutrinas que são compartilhadas por um grupo.
Tem sido comprovado que a utilização da espiritualidade e religiosidade no espaço terapêutico gera desfechos positivos em diferentes doenças, sendo ainda difícil a aceitação para a ciência médica devido às limitações éticas e de método, tornando dificultoso mensurar o impacto dessas experiências religiosas e espirituais através dos métodos científicos tradicionais. No entanto, existe uma grande quantidade de artigos publicados em meios eletrônicos a cerca do tema “religiosidade e saúde.”
Estudos mostram a possível influência positiva da espiritualidade no bem-estar das pessoas e na melhoria de quadros clínicos, realizando uma comparação de pessoas doentes que não tiveram contato com religião e as que tiveram contato, sendo que as últimas tiveram melhoria significativa nos seus quadros de saúde, e menor índice de mortalidade.
Pesquisas mostram que a prática de atividades religiosas de, pelo menos, uma vez por semana, foi determinada como significativo preditor de menor mortalidade em 12 anos de seguimento. Também foram avaliados 21.204 casos e entre estes 2.216 óbitos, associando a freqüência de prática religiosa a aspectos sociodemográficos, de saúde e comportamento. Determinando que pessoas que nunca tiveram ou exerceram prática religiosa irregular apresentavam risco de óbito 1,87 vezes maior comparadas àquelas com prática de pelo menos uma vez por semana. Tal associação se traduziu em diferença de cerca de até sete anos adicionais, na expectativa de vida entre os grupos.
É importante que o profissional e o paciente não tenham medo de abordar aspectos que envolvam a espiritualidade, e que de uma forma neutra ambos possam trocar informações que ajudem no processo. Pois muitos profissionais e até mesmo as escolas de formação, ainda tem a visão de que não se deve abordar aspectos relacionados a religiões e crenças no espaço terapêutico, mas se o paciente trouxer este conteúdo, como não acolher e abordá-lo?
O que os profissionais da saúde devem ter em mente é que o mais importante é visar o bem-estar dos seus pacientes, e se a espiritualidade puder ajudá-los em sua melhora, não devem deixar de abordá-la, lembrando é claro da importância da neutralidade e de deixar o paciente à vontade para escolher o que deseja seguir, se assim o desejar.
Sarahuana Lourenço
Bacharel em Psicologia e Psicoterapeuta Corporal – CRP 12/14609