Nova diretriz brasileira sobre pressão arterial muda classificação e causa dúvidas

Por Alexandra Cavaler

 

A divulgação da Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Nefrologia e Sociedade Brasileira de Hipertensão, trouxe uma novidade importante: a pressão 12 por 8 (120×80 mmHg), historicamente considerada como “normal”, passa a ser classificada como pré-hipertensão.

A notícia gerou dúvidas e até certa apreensão na população. Afinal, durante muitos anos, o 12/8 foi ensinado como o “padrão ideal” da pressão arterial. Para esclarecer os pontos da atualização e evitar interpretações equivocadas, a reportagem ouviu o cardiologista criciumense Dr. Christian Dal Pont, que reforça: não há motivo para pânico.

Segundo o médico, houve uma interpretação equivocada da novidade. “Afirmar que 120 por 80 deixou de ser normal foi um exagero. A diretriz não ‘condena’ quem tem esse valor. O que ela reforça é que o ideal é manter a pressão abaixo de 120 por 80. Entre 120/80 e 139/89, a pessoa precisa ficar atenta aos fatores de risco e cuidar do estilo de vida para não evoluir para hipertensão”, explica.

Entre esses fatores, estão excesso de peso, má alimentação, sedentarismo, tabagismo, sono ruim e estresse elevado. Para o especialista, o principal recado é incentivar hábitos saudáveis antes que seja necessário recorrer a medicamentos.

 

Diagnóstico de hipertensão segue igual

Dr. Christian reforça que a mudança não alterou o critério de diagnóstico de hipertensão. “Para ser considerado hipertenso, a pressão deve estar acima de 140 por 90 mmHg, medida em três consultas diferentes. Além disso, é fundamental confirmar o diagnóstico por meio de exames como o Mapa (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) e a MRPA (Medida Residencial da Pressão Arterial)”, ressalta, acrescentando que a diretriz, no entanto, trouxe uma novidade para quem já faz tratamento medicamentoso: a meta de controle agora é abaixo de 120 por 80 mmHg, tanto nas medições feitas em consultório quanto nas realizadas em casa ou em exames.

Prevenção é o melhor tratamento

O cardiologista enfatiza que o estilo de vida saudável é a ferramenta mais poderosa contra a hipertensão; tanto para quem está na faixa de pré-hipertensão quanto para quem já recebe tratamento. “Praticar atividade física regular, reduzir o consumo de sal, manter uma dieta equilibrada, parar de fumar, controlar o estresse, dormir bem e evitar o excesso de álcool são medidas fundamentais. Chamamos isso de tratamento não farmacológico, que deve ser incorporado por todos, inclusive por quem já usa remédios para pressão”, assinala.

Entre as recomendações alimentares, o médico cita a chamada dieta DASH, rica em frutas, legumes, verduras e carnes magras, com baixo teor de sal e alimentos ultraprocessados.

Mudança na classificação

De acordo com Dr. Christian, a atualização acompanha evidências científicas recentes e também se alinha às diretrizes internacionais. “Estudos mostram que mesmo pequenas elevações na pressão aumentam o risco de doenças cardiovasculares. Uma subida de apenas 5 mmHg pode elevar em até 30% a chance de infarto ou AVC. Por isso, quanto mais baixa for a pressão, desde que não cause sintomas de hipotensão, melhor será a qualidade e a expectativa de vida”, detalha. Revelando que a mudança também segue a tendência das diretrizes europeias de 2023 e americanas de 2024, que passaram a considerar como normais apenas valores abaixo de 12/8.

Para o cardiologista, a população deve encarar a mudança como um alerta positivo, e não como motivo de medo. “Quanto mais cedo corrigirmos os fatores de risco, menores as chances de desenvolver hipertensão no futuro. A meta é viver mais e melhor, reduzindo os riscos de eventos graves como infarto e AVC. O recado é claro: cuide da sua saúde hoje para não precisar de remédio amanhã”, conclui Dr. Christian.

 

Gostou da notícia então compartilhe:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Mais lidas da semana

Noticias em destaque

Noticias

Outros links uteis