Especialista explica como identificar a condição que exige rapidez no socorro
Ainda que decorra de fatores que, na maioria dos casos, podem ser evitados, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de mortes no Brasil. Números do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil, houve um aumento de mais de 11% na taxa de mortalidade no ano passado, comparada ao ano anterior. Para alertar a população sobre os riscos desta emergência médica, a Organização Mundial da Saúde coloca o dia 29 de outubro como o Dia Mundial do AVC.
Conforme o neurologista Luìs Lavradas, o acidente vascular cerebral ocorre quando o suprimento de sangue para uma parte do cérebro é interrompido ou reduzido, impedindo que o órgão obtenha oxigênio e nutrientes. As células morrem em minutos. “Ele pode acontecer com o bloqueio de uma artéria (AVC isquêmico) ou rompimento de um vaso sanguíneo (AVC hemorrágico, também conhecido como derrame), sendo mais comum o isquêmico. Isso ocorre quando o estreitamento das veias é provocado por depósitos de gordura ou coágulos, que viajam pela corrente sanguínea, geralmente desde o coração”, explica.
Como identificar
O AVC tem tratamento, mas também está relacionado ao tempo, então é preciso estar atento para qualquer suspeita de que o paciente está tendo um AVC. “O ideal é procurar um hospital o mais rápido possível”, alerta. O especialista revela que é possível identificar o derrame pelo teste “SAMU”. “ O S é de sorriso, pede para que a pessoa sorria porque geralmente um dos lados do rosto paralisa e os lábios ficam tortos, o A é de abraço, pede para o paciente levantar o braço e vê se tem uma diferença de força porque um dos principais sintomas é essa falta de simetria de força de um lado do corpo para o outro. O M é de música, é comum que acometa a fala, então deve-se pedir para o paciente falar ou cantar algo e observar se a fala está enrolada ou se não consegue se expressar. E o U é de urgência, é ideal que o paciente vá o mais rápido possível para o hospital”, orienta.
Maioria dos fatores de risco podem ser evitados
Aproximadamente 70% das pessoas não retorna ao trabalho após um AVC devido às suas sequelas, e 50% ficam dependentes de outras pessoas no dia a dia. Pode ocorrer em qualquer idade, inclusive nas crianças, mas costuma ser mais frequente em idosos e pessoas com problemas cardiovasculares. De acordo com Lavradas, a maioria dos casos e os problemas gerados por eles podem ser menores se forem adotadas medidas preventivas. “Trata-se de uma doença grave, autoimune e incapacitante, mas que tem uma grande capacidade de prevenção”, afirma.
Os principais fatores de risco para o derrame cerebral estão relacionados aos hábitos de vida, o que faz com que ele seja considerado evitável na maioria dos casos. “Todos os hábitos de vida que aumentam os riscos de acontecer um acidente vascular cerebral podem ser mudados. Mas, nem todos os problemas de saúde que aumentam os riscos podem ser evitados. Por outro lado, maus hábitos de vida também podem levar ao desenvolvimento de problemas de saúde que têm potencial de desencadear um AVC”, reforça.
Entre as ações relacionadas ao estilo de vida, conforme o especialista estão: Controlar a pressão alta; fazer exercícios físicos moderados cinco vezes na semana; ter uma dieta saudável e balanceada com mais frutas e verduras e menos sal; reduzir o colesterol; manter peso adequado; não fumar e evitar exposição passiva ao tabaco; reduzir a ingestão de álcool; identificar e tratar a fibrilação atrial; evitar diabetes, adotando acompanhamento médico; e conhecendo mais sobre o AVC.
Colaboração: Fernanda Zampoli