Por Alexandra Cavaler
As ligações telefônicas de números, muitas vezes desconhecidos, são uma prática abusiva que incomoda os consumidores e pode até mesmo envolver fraudes. As ligações de cobrança também não são raras de acontecer e você já deve ter recebido ou conhece alguém que teve que lidar com esse tipo de situação.
As tentativas de cobrança via telefone podem acontecer em horários inapropriados, em locais indevidos, como no ambiente de trabalho ou aos finais de semana e horários noturnos. Além disso, existem os casos de contato excessivo, no qual pessoas recebem dezenas de ligações durante a semana ou mesmo em um único dia. Esse tipo de ligação envolve, geralmente, cobranças de algo que você não adquiriu. E, mesmo tendo adquirido e por algum motivo o consumidor esteja inadimplente, as empresas precisam zelar pelo bom senso para evitar o constrangimento.
Uma dona de casa, que preferiu não se identificar, lembra que somente na semana passada recebeu pelo menos cinco ligações, de números diferentes, mas do mesmo banco, procurando por uma pessoa que não era ela. Mesmo informando para a atendente que o número em questão não pertencia à pessoa, outras ligações foram realizadas em curto espaço de tempo, incomodando-a. “Comecei a recusar as ligações, mas a insistência dos operadores é algo que irrita qualquer pessoa”, lembra.
A coordenadora do Procon de Criciúma, especialista em Direito do Consumidor, Nadir Zappellini, sugere o bloqueio desses números, principalmente daqueles que insistem em oferecer algum produto ou serviço. “Essa importunação vem ocorrendo faz bastante tempo e já há algumas maneiras de buscar se proteger. Uma delas é bloquear seu telefone no Procon estadual e também no site www.naoperturbe.com.br, além de não atender as ligações. Entendemos que eles ligam com qualquer número. Inclusive, estão usando muito o 48 para a nossa região, e aí acaba confundindo o consumidor, que por fim atende. Eles vendem linha de telefone, de seguro, aplicam golpes, fazem cobrança de valores aos quais as pessoas não contrataram, entre outras coisas, e isso tudo vem trazendo bastante transtorno na vida do consumidor. Eu sugiro algo que eu mesma aplico, que é não atender ligação de números não cadastrados, que não estejam entre os meu contatos salvos, mesmo que já tenha feito os devidos bloqueios”, explicou.
Ainda, segundo Nadir, boletins de ocorrência podem ser registrados. “O boletim pode ser registrado a qualquer hora desde que estejam atrapalhando com as ligações. O fato é que o Judiciário trata isso como mero aborrecimento e não são todas as ações consideradas procedentes. Já para fazer a reclamação no Procon o consumidor tem que saber quem está ligando”.
A profissional também deixa um recado: “Todo cuidado é pouco. Ao atender essa ligação, a pessoa está propensa a dar algumas respostas as quais a pessoa considera normais, mas não são. Por trás disso, depois, eles colocam outras perguntas e o consumidor pode comprar uma linha telefônica, um seguro, pode autorizar um empréstimo consignado, autorizar a cobrança de um boleto que ele não tem, de compra que ele não fez, então tem que tomar o maior cuidado com isso. Por isso eu repito a sugestão de que essas ligações não sejam atendidas, pois a partir do momento que se atende, eles podem capturar os seus dados, os dados dos consumidores, e utilizar da forma que eles querem. Então, além de o marketing incomodar com tantas ligações, existe o pessoal que utiliza deste meio para cometer fraudes”, ressaltou a coordenadora do Procon de Criciúma.
Denuncie
Denúncias podem ser feitas pelo novo canal criado pelo Ministério da Justiça. É só acessar o link denuncia-telemarketing.mj.gov.br.
Caso seja necessário o telefone da Anatel para reclamação, é o 1331. E ainda há o site consumidor.gov para reclamar de alguma empresa.
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias
Foto: Nilton Alves