Nas últimas semanas, Santa Catarina e outros estados têm experimentado um fenômeno comum para esta época do ano: a presença constante de um céu esbranquiçado, resultado da fumaça proveniente das queimadas na Amazônia e no centro do Brasil. Este efeito visível e preocupante é uma consequência direta de um aumento significativo nas queimadas na região amazônica. Nos próximos dias, essa fumaça deverá chegar à região Sul.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) relatou um número alarmante de queimadas na Amazônia nos últimos dias. No domingo, foram registradas 1.442 queimadas, e no dia seguinte, 1.988, totalizando 3.430 queimadas em apenas dois dias. Esse número equivale a uma queimada a cada 1,19 minutos, destacando um padrão de incêndios muito intenso e preocupante na região.
O meteorologista Piter Scheuer confirma que a alta concentração de queimadas, especialmente na porção sul da Amazônia, está favorecendo a dispersão da fumaça para outras regiões do Brasil. “Existe a possibilidade sim, tanto é que no oeste de Santa Catarina já está com o céu esfumaçado. Então, sim, tem probabilidade de que as fumaças da Amazônia cubram o céu do sul do Brasil novamente, já está cobrindo boa parte desta região nos últimos dias”, afirmou Scheuer.
A fumaça deve ser vista principalmente na próxima sexta-feira e sábado. Isso deve acontecer devido à combinação das queimadas e das dinâmicas de vento. “A fumaça chega através do corredor de ventos jato de baixos níveis, em torno de um quilômetro e meio de altura, proveniente do quadrante noroeste”, detalhou o meteorologista.
Impactos na saúde e recomendações
Para minimizar os impactos sobre a saúde, a Defesa Civil recomenda algumas medidas de precaução. É fundamental que a população mantenha-se bem hidratada e esteja atenta a possíveis sintomas de irritação respiratória, como tosse, dificuldade para respirar e irritação nos olhos. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas devem ser particularmente cuidadosos.
Outras recomendações incluem a permanência em ambientes fechados sempre que possível, especialmente durante os horários de maior concentração de fumaça, e o uso de umidificadores de ar ou toalhas úmidas nos ambientes internos para melhorar a qualidade do ar. Atividades físicas intensas ao ar livre devem ser evitadas para não agravar problemas respiratórios.
A Defesa Civil também orienta a população a acompanhar de perto as informações sobre a qualidade do ar através dos canais oficiais do governo, para se manter atualizada e tomar as medidas necessárias para proteger a saúde e o bem-estar.
“Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, devem buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento, manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas, buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises e avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas”, disse, por meio de nota, o Ministério da Saúde.
Recomendações do Ministério da Saúde:
–Aumentar a ingestão de água e líquidos: Para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas;
–Reduzir o tempo de exposição ao ar externo: Permanecer em local ventilado dentro de casa. Se possível, utilizar ar condicionado ou purificadores de ar;
–Manter portas e janelas fechadas: Especialmente durante os horários de elevada concentração de partículas no ar, para reduzir a entrada de poluição externa;
–Evitar atividades físicas ao ar livre: Principalmente em horários de alta concentração de poluentes, entre meio-dia e 16h, quando as concentrações de ozônio são mais intensas;
–Utilizar máscaras:
●Máscaras do tipo cirúrgica, de pano, lenços ou bandanas para diminuir a exposição às partículas grossas.
●Máscaras respiradoras tipo N95, PFF2 ou P100 para reduzir a inalação de partículas finas.
–Prestar atenção especial em grupos vulneráveis: Crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes devem seguir as recomendações com mais rigor;
–Buscar atendimento médico ao sinal de sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde.
Colaboração; Edson Padoin/ jornal Tribuna de Notícias