Um estudo recente, conduzido pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado na revista científica “The Lancet”, revela aumento alarmante na prevalência da obesidade em todo o mundo. Dentre os coautores dessa análise, está a participação da professora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) da Unesc, Susana Cararo Confortin.
De acordo com os dados apresentados, entre 1990 e 2022, a incidência de obesidade em crianças, adolescentes e adultos mais que dobrou, atingindo atualmente mais de um bilhão de indivíduos afetados. Esse crescimento é particularmente preocupante entre meninas e meninos, cujas taxas de obesidade aumentaram de 1,7% para 6,9% e de 2,1% para 9,3%, respectivamente. Entre os adultos, houve aumento significativo de 8,8% para 18,5% entre mulheres e de 4,8% para 14% entre homens.
No cenário brasileiro, a professora Susana destaca que a taxa geral de obesidade aumentou de 11,9% em 1990 para 32,6% em 2022. O Brasil ocupa atualmente o 54º lugar na classificação de obesidade entre crianças e adolescentes, o 70º lugar entre as mulheres e o 65º lugar entre os homens.
A professora, que integra o grupo de colaboração NCD-RisC, ressalta a preocupação com a transição nutricional observada no país, marcada por mudanças nos padrões alimentares e de estilo de vida. “Diante desse panorama, a necessidade de políticas direcionadas para a promoção de hábitos alimentares saudáveis, incentivo à prática regular de atividades físicas e acesso equitativo a serviços de saúde torna-se fundamental”, observa.
Para a reitora Luciane Bisognin Ceretta, a participação da professora nessa iniciativa não apenas demonstra o compromisso da Universidade com a excelência acadêmica, mas também destaca a importância do papel na busca por soluções para os desafios enfrentados pela sociedade.
Compreensão dos dados
Susana enfatiza a importância de compreender e analisar os dados sobre obesidade no Brasil para a saúde coletiva do país. “Essas informações proporcionam insights cruciais para formuladores de políticas, profissionais de saúde e comunidades implementarem estratégias eficazes de prevenção e intervenção. A abordagem proativa para lidar com a obesidade não apenas beneficia os indivíduos, mas também fortalece a saúde e o bem-estar da sociedade como um todo”, disse.
“Ao reconhecer os grupos mais afetados e entender os fatores que contribuem para o aumento da obesidade, podemos desenvolver abordagens mais direcionadas e personalizadas para promover estilos de vida saudáveis, educar sobre nutrição adequada e facilitar o acesso a recursos e serviços de saúde. Além disso, ao abordar a obesidade de forma abrangente, podemos reduzir o risco de doenças crônicas associadas, melhorar a qualidade de vida da população e reduzir os custos associados aos cuidados de saúde a longo prazo”, complementa.
Conforme ela, é alarmante notar que a epidemia de obesidade, que antes era predominantemente observada entre adultos em muitas partes do mundo em 1990, agora esteja se manifestando também entre crianças e adolescentes em idade escolar.
A pesquisadora comenta a necessidade de prevenir e gerenciar a obesidade desde os estágios iniciais da vida até a idade adulta, destacando a importância de uma dieta saudável, atividade física regular e cuidados apropriados. “Para alcançar as metas globais de combate à obesidade, a colaboração entre governos e comunidades, respaldada por políticas embasadas em evidências da OMS e agências nacionais de saúde pública, torna-se essencial”, sublinha.
Participação
Como pesquisadora, ela ainda menciona que participar de um estudo com uma colaboração tão significativa é fundamental para o desenvolvimento profissional e acadêmico. “Esse envolvimento não apenas contribui para avanços científicos essenciais, como no estudo da obesidade, mas também tem impacto direto na saúde pública. Além disso, proporciona oportunidades valiosas para influenciar políticas de saúde e promover hábitos de vida mais saudáveis, além de aumentar a conscientização sobre os fatores que contribuem para a obesidade”, finaliza.
Link do artigo:
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(23)02750-2/fulltext
Foram preparadas fichas informativas por país que apresentam os resultados para cada país. Elas podem ser encontradas aqui:
https://www.ncdrisc.org/country-profile.html
Colaboração: Agecom Unesc