Um caminhão com 40 toneladas de semente básica do arroz SCS 127 CL chegou a Turvo (SC) no dia 2 de outubro, depois de uma viagem de três dias que começou em Arari, no Maranhão. Elas são a colheita do campo de sementes do novo cultivar desenvolvido pela Epagri em parceria com a Basf, que estará disponível para os agricultores no ano que vem. O objetivo de percorrer esse longo caminho foi garantir uma colheita adicional em 2024 e obter um volume maior de sementes de arroz, já que, no Nordeste brasileiro, é possível plantar o grão até no inverno.
“Uma das limitações quando se tem um lançamento de cultivar é a quantidade de semente básica de arroz para distribuir para os produtores de sementes”, explica Alexander de Andrade, pesquisador da Epagri na Estação Experimental de Itajaí. Segundo ele, a estratégia de multiplicar o material em outra região do Brasil já foi usada outras vezes. Embora seja mais trabalhosa por questões de deslocamento, vale a pena pelo resultado. “Dessa forma, conseguimos ofertar três a quatro vezes mais sementes do que se elas fossem multiplicadas apenas aqui em Santa Catarina”, completa.
Mais sementes em menos tempo
A empresa Agrogiusti, de Turvo, responsável pela produção de sementes básicas de arroz para a Epagri, conduziu o processo no Nordeste brasileiro. O plantio no Maranhão aconteceu em junho, e a colheita, no fim de setembro. “No dia 25 de setembro, uma equipe técnica da Agrogiusti, da Acapsa (Associação Catarinense dos Produtores de Sementes de Arroz Irrigado) e da Epagri fez a vistoria da área para aprovação e colheita do campo de sementes”, conta Edivani Coelho, engenheiro-agrônomo e responsável técnico da Agrogiusti.
As sementes básicas que chegaram a Santa Catarina foram beneficiadas pela Agrogiusti. Depois dos processos de secagem, limpeza e seleção de grãos, resultaram em 30 toneladas. Ainda em outubro, essas sementes serão plantadas pelos associados da Acapsa licenciados pela Basf para fazer a multiplicação. A estimativa é plantar 300 hectares e colher 2,5 mil toneladas de sementes. “No próximo ano, as sementes certificadas do arroz SCS 127 CL estarão disponíveis para os agricultores plantarem na safra 2025/26”, diz Alexander, da Epagri.
Alta produtividade
O SCS 127 CL é um cultivar de arroz irrigado desenvolvido pela Epagri em parceria com a Basf. “Entre os destaques desse lançamento estão a alta produtividade, a resistência a doenças, a estabilidade de produção e a excelente qualidade de grão, tanto para arroz branco quanto para parboilizado”, explica Alexander. A produtividade média é de 10,8t/ha – ou seja, ele rende meia tonelada a mais por hectare do que o antecessor, SCS 121 CL.
O arroz SCS 127 CL também é resistente ao herbicida Kifix® e recomendado para o controle do arroz-daninho no Sistema de Produção Clearfield®. Esse sistema confere às plantas tolerância aos herbicidas efetivos no controle do arroz vermelho e de outras importantes plantas daninhas da cultura.
Lançamento em 2025
O lançamento do novo cultivar está marcado para janeiro de 2025, durante a 7ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz na cidade de Turvo, no Sul Catarinense. Na área demonstrativa da Dagostin Sementes, os agricultores poderão acompanhar a colheita e verificar a qualidade desse material.
De acordo com Edivani Coelho, da Agrogiusti, a expectativa da cadeia produtiva pelo novo material é alta. “A adesão dos produtores aos lançamentos da Epagri sempre é grande e imediata, pela confiança que a cadeia produtiva tem no trabalho da empresa. Esse lançamento tem todos os atributos agronômicos que os produtores buscam, além de qualidade para a indústria e boas características culinárias, que agradam o consumidor”, resume.
O arroz SCS 127 CL se adapta ao sistema pré-germinado, tem plantas de porte médio, grãos longos finos e pilosos, é resistente ao acamamento e tem ciclo tardio de 145 dias. A época de semeadura em Santa Catarina vai de 1º de setembro a 20 de novembro.
Conheça as categorias de sementes
De acordo com a classificação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a semente genética é a primeira que sai da unidade de pesquisa que desenvolveu o cultivar. No caso do arroz SCS 127 CL, é a semente produzida pelos pesquisadores da Epagri na Estação Experimental de Itajaí.
“A ‘filha’ da semente genética é a semente básica”, explica o engenheiro-agrônomo Edivani Coelho, da Agrogiusti. No caso do arroz da Epagri, quem realizou esse processo com a maior parte das sementes foi a Agrogiusti, em um campo no Maranhão.
As gerações seguintes são as sementes certificadas C1 (de primeira geração) e, depois, C2 (segunda geração). Nessa fase, são as empresas multiplicadoras de sementes que realizam o processo. Em Santa Catarina, essa tarefa fica a cargo das associadas da Acapsa. As sementes certificadas, finalmente, são aquelas que os agricultores adquirem e plantam.
Por Cinthia Andruchak Freitas – jornalista da Epagri