Por Alexandra Cavaler
Lauro José Marques Nogueira, divorciado, pai de uma filha que atua como educadora física, é natural de Porto Alegre, mas fixou residência em Içara faz muitos anos. Médico, graduado pela faculdade de ciência médicas de Porto Alegre em 1991, fez residência médica de ginecologia e obstetrícia na Santa Casa de Campo Grande, e mestrado na Unesc onde, atualmente dá aula para a primeira fase de medicina e coordena a sexta fase do curso.
Começou a vida política em 2012, quando o PT venceu a eleição para prefeito, foi secretário de saúde e, depois eleito vereador. Ele comemora a boa votação na época e diz ter boas recordações daquele momento, principalmente por perceber que a população o abraçou. Ele também conta que em sua família não tem nenhum político. “Não existe nenhum político de carteirinha, como eu sou. Isso veio comigo mesmo, eu que comecei”. Foi diretor clínico do São Donato por muitos anos e assim, ele diz que esteve sempre “mais ou menos” dentro de um cargo não político, mas que fazia política. Já na época a vinda da UTI era debatida e em 2019, 2020, se vem com a UTI para cá, e com o Estado assumindo. “Isso foi uma coisa bem importante para a nossa cidade, E a gente agradece muito ao governo do Estado, na época, Carlos Moisés”.
Acompanhe a breve entrevista feita com o pré-candidato à prefeitura de Içara pelo PT:
Gazeta – O que o levou a colocar seu nome à disposição do partido para disputar o pleito ao Executivo municipal 2024?
Dr. Lauro – O que levou eu a me colocar como pré-candidato é justamente porque Içara é uma cidade que vive dentro de uma política bolsonarista. Nós temos uma prefeita que ela se diz, ela mostra bolsonarista, sempre se mostrou. Nós temos um pré-candidato à prefeitura que se diz bolsonarista, e isso para uma cidade eu acho extremamente ruim, eu acho extremamente grave você ter ideias bolsonaristas para governar uma cidade. Uma pessoa com um significado tão ruim… O significado de morte, o significado de guerra, o significado de armamentação, o significado de totalmente ruim na saúde, foi péssimo para a nossa saúde, foi péssimo para a saúde do Brasil, foi péssimo para a saúde econômica do país. E os nossos candidatos, então, são bolsonaristas. São da extrema direita. Então, isso me fez, assim, num momento muito, muito gratificante da minha vida, em me colocar como pré-candidato pelo PT, para mostrar também para essa cidade o quanto o PT é importante para a evolução de um país, como o PT é importante para a saúde, para a economia, para a educação, para a assistência social dos nossos içarenses, e do nosso Brasil.
Gazeta – Como estão acontecendo os trabalhos dentro da sigla. Haverá mais nomes na disputa?
Dr. Lauro – Bom, de princípio, nós estamos trabalhando para que o PCdoB apresente um pré-candidato a vice, que seria a nossa tão conhecida ex-vereadora Edna Benedetti.
Gazeta – O que acredita que precisa ser modificado ou melhorado na cidade?
Dr. Lauro – Bom, melhorado na cidade, passe o prefeito que passar, todos vão ter que revisar o processo de crescimento da cidade e melhorar sempre mais e mais. Isso é o que eu acredito. Então, seja o primeiro prefeito de Içara até o último, têm de fazer essa análise e tentar fazer com que a gente mostre um caminho diferente de chegar ao máximo do crescimento. Nós temos que dar à cidade, seja o prefeito que for, o máximo de si, o máximo que tem da sua mentalidade, da sua cabeça, da sua evolução para que a cidade cresça, sempre cresça.
Gazeta – Como pré-candidato, o que propõe para o crescimento de Içara?
Dr. Lauro – Eu vejo algumas coisas, por exemplo, a duplicação ali da SC 445, uma tragédia, eu acho que foi uma coisa muito mal feita, muito mal organizada, nós não deveríamos ter triplicado e sim duplicado. Se criou um funil pior do que já estava. Eu não sei por que isso aconteceu, pois todos sabemos que a gente não tem mais o que triplicar lá para frente, até chegar a Criciúma, e talvez até na praia a gente poderia continuar fazendo isso. Essas coisas você tem que pensar, você não pode fazer pela sua cabeça aquilo que você quer que seja feito, e se você olhar bem, tem ruas que foram fechadas para que essa triplicação acontecesse. Tem várias empresas em que a estrada ocupou a janela e a porta de entrada. Então, você vê coisas trágicas na cidade hoje. Você vê, por exemplo, aquela estrada da Esperança, aquilo ali era uma estrada de crescimento. Se alguém, algum dia, entrar com o carro em um dos buracos, não vai sair vivo. E quem estiver caminhando de noite e falsar o pé ali e não ver os buracos que tem naquela via, que são muitos, são crateras que não foram revisadas e não foram vistas durante a elaboração da via. Então, você tem que tratar a sua cidade como se fosse a sua casa.
É preciso dar atenção ao lixo, limpeza de vias, cuidados com os animais, pois nós não conseguimos nunca diminuir o número de animais de rua. São muitos animais nas ruas, soltos nas vias públicas, os quais precisam que nós tomemos uma atitude de cuidá-los. Eles têm que ser cuidados, eles têm que ser amados dentro da cidade, a cidade tem que olhar para eles. Hoje nós temos o centro de castração, que foi uma criação da Prefeitura de Içara no tempo em que eu era secretário de saúde, fomos nós que fundamos o centro de castração. E o centro de castração tem que tomar esse caminho, é cuidar dos animais, é colocar chips nos animais, é cuidar eles até o momento de eles saírem das ruas. Cidades desenvolvidas, em desenvolvimento, você vê os grandes centros hoje da Europa não admitem mais ter animais de ruas, desprezados, soltos nas ruas, não pode, eles mordem as pessoas, eles são maltratados, eles acabam também se tornando problemas de saúde pública também, porque eles também vão acarretar doenças para outros indivíduos.
Gazeta – Quais as áreas devem ser mais trabalhadas?
Dr. Lauro – Na saúde, é muito importante. A gente está revisando alguns trabalhos, e alguns trabalhos que foram, inclusive, desenvolvidos aqui para a cidade e que não foram adotados, principalmente a vigilância em saúde do trabalhador. Eu acho que o trabalhador precisa ser visto com os olhos de um pai, eles têm que ter uma tranquilidade muito grande na saúde, na assistência social, na educação dos seus filhos, no seu ir e vir, principalmente na locomoção deles. Eu tenho que oferecer para os trabalhadores como eles chegarem nas suas empresas, como eles saírem de suas casas e voltarem para as mesmas dentro de uma cidade em que a mobilidade seja totalmente permissiva a eles, totalmente liberada para eles. Eu tenho que ter ônibus para levar esses meus empregados que eles não precisam usar os seus carros. Nós não temos isso. E não há quem melhore. Então, isso é uma coisa importante. Outra coisa também é dentro da saúde. Nós temos que ter uma pediatria mais forte. Ah, mas acontece que foi feito um trabalho, inclusive, todo um local para que o Hospital São Donato colocasse ali pediatras. E não se conseguiu. Ah, mas não se tem médico. Vamos ver como é que a gente faz para ter médico. A gente tem que ter médico, sim. Vamos buscar médicos, como eu fiz em 2013, quando eu fui para a Secretaria de Saúde, no dia 30 de janeiro, se não me engano, eu fui a Brasília e assinei o contrato para dos mais médicos. Trouxe-os para cá, trabalhamos juntos e, ainda trazendo um lucro maravilhoso para a cidade, que acho que até hoje nenhum secretário de saúde trouxe o lucro que eu trouxe só nesse programa.
Além disso, é necessário elaborar algo diferente para a economia da cidade. Todos devem lembrar quando o então prefeito Murialdo Gastaldon iniciou a demanda para a construção do terminal intermodal. Acabou sendo aberto um consórcio, ganhou a Farbem, mais a Ferrovia Tereza Cristina, mais um grupo de importação e exportação, que iria fazer com que toda aquela parte ali da localidade de Esperança se desenvolvesse de forma muito rápida. E tudo isso ficou num papel. A gente precisa fazer com que tudo isso volte para a nossa cidade. Porque tudo o que nós temos nesses últimos quatro anos foi fruto de um governo de oito anos passados. Sendo que quatro anos desse governo foi o governo PT. Quando nós discutimos o terminal intermodal, estamos discutindo governo PT. Quando nós discutimos saúde, qualidade de saúde, a melhor saúde de Santa Catarina em 2014, governo do PT. É isso que é importante, nós detalharmos esse momento. Porque nesse momento a cidade de Içara teve orgulho sim. O que hoje está sendo colhido foi plantado lá em 2013, 2014, 2015, 2016. Qual foi a semente plantada nesse momento na cidade de Içara? O que nós temos de novidade do governo? Nada, nada, tudo foi feito de 2013 a 2016: os postos de saúde, hoje são pintados, porque já existem. Os CAPs, os CRAs? Todos inaugurados em que governo? Então onde é que está a semente plantada por esse novo governo bolsonarista que está aí? O que foi que foi plantado? Eu não quero isso para uma cidade em que eu vivo.
Gazeta – As pessoas já sabem que seu nome está disponível para a disputa. Como vem sendo esse contato? Qual o retorno que tem recebido da comunidade?
Dr. Lauro – E, por isso, então, eu coloquei o meu nome para pré-candidato e espero que a gente consiga chegar até lá. A gente sabe que é muito difícil, dentro de toda uma situação, como eu disse no início, de uma cidade onde 82% votaram em Jair Bolsonaro, infelizmente. Mas, por mais incrível que pareça, a gente tem que estar lá lembrando isso, pessoal. Nós somos do Partido dos Trabalhadores. Nós estamos vendo os trabalhadores. Eu quero uma mobilidade para essa cidade. Eu quero saúde para o trabalhador de Içara. Eu quero assistência social. Isso tudo eu estou dizendo a todo momento. E para o trabalhador, no entanto, o mesmo trabalhador que vota naquele que tirou todos os seus direitos que deu para tirar, e estava tirando mais: férias, décimo terceiro, tudo o que o trabalhador levou centenas de anos para conseguir, nós iríamos perder assim, em um governo de mais quatro anos. Porque se ele ganhasse agora, o que nos restaria? Olhe o que aconteceu com a nossa Previdência. E ele avisou isso, ele avisou que iria fazer isso, e o povo foi lá e votou. Eu não consigo entender, não consigo. É muita loucura para a minha cabeça. Mas voltando à receptividade das pessoas, tem sido bastante positiva.
Gazeta – Fique à vontade para acrescentar o que achar necessário.
Dr. Lauro – Sou PT desde sempre. Único partido que me filiei e pretendo nunca ter outro partido. Pelo menos enquanto PT existir no meu coração. E, assim, estamos aqui colocando o meu nome para que a gente tenha uma nova cidade. Uma cidade realmente que cresça, uma cidade que mostre o caminho do crescimento para o seu povo. Eu quero chegar na minha cidade e dizer: vocês vão ditar o crescimento. Eu quero conversar com o povo. O nosso partido, o Partido Trabalhador, tem essa característica, é botar o povo no governo junto com a gente. É isso que a gente quer.
Fonte: jornal Gazeta