Sempre que é “Páscoa”, sentimo-nos nostálgicos das fases que passamos em nossas vidas: na infância – ao receber das mãos de nossos pais as guloseimas feitas de chocolate, uma viagem em família; na juventude – presentear o namorado (a), um passeio durante os quatro dias de férias do trabalho e da universidade ou simplesmente ficar em casa usufruindo: jogos, filmes, doces, diálogos com os amigos; na fase adulta: o almoço de domingo, a compra de presentes para a família, ir rezar ou ficar organizando o lar e cuidando dos filhos. Sempre foi o dia da oração, da reflexão, da volta para dentro de si mesmo, a celebração da paz e do amor. Um dia diferente, sem planejamentos e obrigações.
O intelecto se aguça, a intuição para de funcionar, e no corpo fluindo, o divino “o momento nos guia”. Encontrar um lugar no coração de quem nos abandona, talvez é o melhor presente nesta Páscoa. Vai além da compreensão, é a hora do perdão. Voltar a ser criança durante alguns minutos. O tempo passou, ainda me lembro: do amor, do sorriso, do carinho da minha mãe. Lembro-me da casinha dos coelhinhos que ela construiu com restos de tecidos e madeira, e todos os anos depositava ali dentro os nossos presentes. É tempo de matar a saudade e de querer ser criança outra vez.
As “Páscoas” de hoje são tão bonitas quanto às de outrora. As “Páscoas” de antigamente não fugiram de nós, fomos nós os responsáveis por esquecer as belezas simples: da casa dos nossos pais, do almoço de domingo, da costureira que confeccionava nossas roupas para a festa da “Páscoa”, do jantar dançante. Tempo de felicidade! É libertador, uma viagem extraordinária ao passado, é que na “Páscoa” eu fico assim: aflora a minha imaginação, infiltro-me no paraiso do tempo de menina, e penso que meus leitores também gostam disso, deste encontro, desta saudade, da volta ao passado.