O Dia Nacional da Doação de Órgãos, lembrado neste sábado, 27 de setembro, é uma data de reflexão e conscientização sobre a importância de dizer “sim” à doação. Um ato de amor capaz de salvar mais de oito vidas. Em Criciúma, o Hospital São José possui uma Comissão Hospitalar de Transplante (CHT) atuante, responsável por identificar potenciais doadores e acompanhar todo o processo com as famílias. Em 2024 foram realizadas 22 captações de múltiplos órgãos na instituição. Já em 2025, até final de setembro, já foram realizadas 23 captações, superando o número total do ano passado. Um trabalho que reflete a dedicação da equipe e que representa esperança e uma nova chance de vida para dezenas de pessoas.
“Somos apenas passageiros nessa vida. Ao partirmos não levamos conosco nada físico, então, se for ao encontro dos seus valores em vida, gostar de fazer bem ao próximo, a doação é uma oportunidade maravilhosa de salvar vidas”, destaca a médica intensivista e integrante da CHT do HSJosé, Dra. Marina Casagrande do Canto (CRM-17896 | RQE – 15342).
Segundo a médica, o processo de doação de órgãos se inicia a partir do diagnóstico de morte encefálica de uma causa conhecida, como acidente vascular cerebral grave (hemorrágico ou isquêmico), traumas cranianos ou após uma parada cardiorrespiratória prolongada. “Nesses casos, quando há evolução com sinais de perda das funções do encéfalo, temos o dever de identificar corretamente, abrir o protocolo seguindo todos os critérios já estabelecidos e contar com o suporte da SC Transplantes, que desde 1999 coordena e administra as ações relacionadas à captação e transplante de órgãos em todo o estado”, explica Dra. Marina.
Ela reforça ainda que, ao longo de todo o processo, o cuidado com a família é prioridade. “Há sempre o respeito àquela família que está em sofrimento. Nossa equipe dá todo o suporte necessário a eles, cuidando também do paciente para que tenha um tratamento digno, independentemente do desfecho. A partir do diagnóstico de morte encéfalica, devemos cuidar da família que passa pelo processo de luto e fornecer a possibilidade de que esse ente querido possa ajudar tantas pessoas, mesmo após sua morte. É importante lembrar que sempre é respeitada a vontade da família. Então, por isso, conversem com a sua família sobre doação de órgãos. Quando deixamos nossos familiares cientes da nossa vontade, eles conseguem, mesmo no momento de sofrimento, serem porta-vozes, pois apenas parentes de primeiro grau podem autorizar e decidir sobre a doação no momento do diagnóstico de morte encefálica”, esclarece.
Comissão Hospitalar de Transplante atuante
O Hospital São José mantém uma equipe dedicada à causa, composta por profissionais, como enfermeiros e médicos que coordenam os protocolos e processos de diagnóstico e doação de órgãos.
A aproximação com as famílias acontece, na maioria das vezes, com a participação dos profissionais da Comissão Hospitalar de Transplantes, junto aos médicos responsáveis pelo caso. Segundo a enfermeira da CHT do HSJosé, Morgana Carboni, esse momento é conduzido de forma acolhedora, com escuta atenta e orientações claras, para que os familiares se sintam amparados. “Nossa missão é garantir que a família compreenda o diagnóstico, que é um direito de todos e oferecer todo o suporte necessário diante dessa situação tão difícil. A doação surge como uma possibilidade dentro desse processo. Mas, o mais importante é dar à família condições de entender cada etapa. Quando a decisão é positiva, explicamos detalhadamente os próximos passos e como todo o cuidado será conduzido”, ressalta Morgana.
Ela reforça que a conversa sobre doação precisa acontecer em vida. “É um momento de dor para quem perde alguém querido, mas pode também se transformar em esperança para outras famílias. Por isso é tão importante manifestar previamente a vontade de ser doador em vida, para que, no momento da perda, a família consiga transmitir essa decisão e possibilitar que outras vidas sejam salvas”, completa a enfermeira.
