segunda-feira, 29 dezembro, 2025
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Dia da Consciência Negra evidencia preconceito racial

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra foi instituído em 10 de novembro de 2011, em homenagem a Zumbi dos Palmares, símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos da etnia. “Esse dia é necessário para desconstruir toda uma história traçada por ideais brancos e universais de sociedade e de civilização, mais que isso, é importante para que a maioria das pessoas se perguntem o porquê de precisarmos de uma data oficial de consciência negra”, explica a historiadora Thalyta Zuchinalli,

Abolida há pouco mais de 100 anos, a escravidão e seus desdobramentos são muito presentes na sociedade brasileira, desdobramentos que se perpetuam, sobretudo pela cor da pele, aponta a historiadora. “Nessa data refletimos sobre as constantes denúncias de racismo dos mais humildes aos mais bem sucedidos. É refletir porque a maioria dos jovens mortos são negros, é refletir porque a maioria dos negros não ocupam majoritariamente os espaços sociais, como universidades e determinados lugares no mercado de trabalho, é refletir sobre esse paradoxo em uma sociedade onde a maioria é negra”, expõe Thalyta.

De acordo com a historiadora, que também é professora, há algo inquietante em relação ao preconceito. Para ela, na sociedade o racismo é velado, desse modo muito mais difícil de combater. “Esse dia é necessário para dar visibilidade a essas populações que por muito tempo foram invisíveis. Esse dia é importante para que possamos pensar em uma sociedade repleta de diferentes representações e identificações e para rompermos com essa tradição de se pensar a sociedade brasileira como uma sociedade cordial, mas como uma sociedade marcada pela diferença, diferença qualitativa, que constrói a nação e que merece espaço, pois nesse lugar de diferença existem pessoas e que só por esse fato merecem oportunidade, respeito e reconhecimento”, completa. 

Preconceito ainda persiste 

No ano de 2014 a imprensa noticiou casos de racismo, como o da torcedora de um time de futebol que ofendeu um goleiro do time adversário. O preconceito, muitas vezes velado, também já foi sentido pela jornalista Cristine Rodrigues.  “Eu sei que mesmo acobertado, existe o preconceito sim. Mas graças a Deus eu sempre consegui trabalhar isso bem na minha cabeça”, pontua a jovem.

Um dos casos pelos quais a jornalista passou e que a marcou, ocorreu no período da infância. “Nas aulas de educação física ensaiávamos a quadrilha pra festa junina, e a professora quem escolhia as duplas. Fomos eu e um menino que se recusou segurar na minha mão por causa da minha cor. Na época foi tudo resolvido, mas me marcou muito”, lembra. O outro momento ocorreu em um shopping. “Uma mulher se recusou a sentar no banco onde eu estava depois que levantei, ela viu que eu não ia deixar passar batido e sumiu em segundos. Fiquei pasma com tamanha ignorância”, lamenta.

Em relação a medida do Governo Federal que destina um percentual de vagas  para negros em universidades, Cristine, que já foi mais crítica, acredita que devido a história e cultura, os negros em alguns aspectos ficaram pra trás, e a educação é um deles. “Fico pensando que se eu que a vida inteira estudei em colégio particular, me visto bem, moro em casa boa, padrões “bons” pra sociedade que adora julgar, imagina quem não tem/teve isso, deve sofrer de mais com as ofensas e faltas de oportunidade”, questiona. Para ela, as cotas deveriam ser implantadas nas universidades como foram nos concursos, por dez anos, ou até a situação se igualar.

 

Especial Jornal Gazeta

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