Pesquisa feita em camundongos estuda possibilidade de impedir aumento de peso mesmo em dietas ricas em gordura
Você já imaginou a possibilidade de poder comer o que você desejar, e mesmo assim dificilmente ganhar peso? Uma recente pesquisa da Universidade da Califórnia, publicada na revista científica Nature Metabolism, revelou um avanço significativo no campo da genética e da nutrição: a possibilidade de prevenir o ganho de peso ao desativar um único gene.
A médica e estudante de genômica, Lorena Balestra, explica que esse primeiro estudo ainda foi feito com camundongos, mas sugeriu que a alteração do gene RaIA pode impedir o acúmulo de gordura mesmo com uma dieta rica em gorduras. “A descoberta se comprovada futuramente em pesquisas com humanos, pode apontar para um futuro onde o controle do peso e a prevenção de doenças metabólicas, como a diabetes, poderão ser alcançados através de terapias genéticas”, afirma a profissional.
Segundo Lorena, o gene RaIA demonstra ter um papel crucial no tecido adiposo, regulando a transformação das células de gordura em reservas de energia. “Normalmente, quanto maior o acúmulo de gordura, mais ativado fica este gene, reduzindo a capacidade do corpo de queimar gordura”, destaca Lorena.
Os pesquisadores descobriram que ao manter este gene desativado, os camundongos não ganhavam peso, mesmo consumindo uma dieta alta em gordura. A pesquisa em camundongos, que simula um período de quase oito anos em humanos (12 semanas), não registrou ganho de peso nos animais mesmo com uma dieta com mais de 60% de gordura. “Isso pode revolucionar o tratamento da obesidade e outras doenças relacionadas, oferecendo uma solução mais eficaz a longo prazo”, acrescenta Balestra.
Porém, a especialista enfatiza a importância de abordagens integradas no tratamento da obesidade. “Enquanto as terapias genéticas podem oferecer um caminho promissor no futuro, é imprescindível seguir uma rotina sustentável com prática de exercícios físicos regulares, beber bastante água, ter uma dieta saudável com comida de verdade e sem alimentos ultraprocessados. Aliados a um sono reparador e controle de estresse. A saúde vai muito além de manter o peso adequado. Não adianta estar magro e não ter energia, se sentindo fraco e com deficiência de nutrientes”, alerta.
A pesquisa abre portas para futuros tratamentos envolvendo a edição genética, como o uso da tecnologia CRISPR, para manipular o gene RaIA e controlar seus efeitos no organismo.
Embora esses resultados sejam promissores, a Dra. Balestra adverte que mais pesquisas são necessárias antes de aplicar esses métodos em humanos. “É crucial compreender completamente os efeitos a longo prazo e garantir a segurança dessas intervenções. Nosso organismo apesar de tudo é diferente do de outros animais”, conclui a especialista.
Colaboração: Lorena Balestra (MF Press Global)