De mães a líderes: celebrando as diversas facetas das mulheres

 

Por Alexandra Cavaler

 

Mãe de quatro filhos, avó de 10 netos e já bisavó, Etelvina Espíndola Caldas, a Tita, como carinhosamente é conhecida, trabalhou por 42 anos na área da educação: desde a educação infantil até dar aula numa pós-graduação. Passou por todos os níveis, mas o que mais a realizou e o que mais sente prazer em dizer que trabalhou, por 12 anos, foi na educação especial na área de deficiência visual. Na mesma área, e com a ajuda de outras pessoas, fundou a Advisul (Associação de Cegos de Criciúma).

“E uma das grandes realizações da minha profissão é que, anos depois, no Fórum sobre Educação, eu encontrei ex-alunos da área de deficiência visual como professores, profissionais da rede municipal de ensino, aqui mesmo da cidade de Criciúma. Uma das coisas que me faz ver o quanto vale a pena nos dedicar ao trabalho. Sempre trabalhei com muito amor, com muita dedicação. E eu acredito que para a gente dar conta de casa, família, trabalho, é preciso muito amor, muita dedicação e muita disciplina. E ainda ter muito desapego, porque quantas vezes eu deixava de fazer as coisas para mim porque eu precisava me dedicar para o trabalho e para a profissão, mas nada me arrepende, faria tudo de novo. Até porque eu acredito que nasci para ser professora porque desde criança eu brincava de escolinha e eu alfabetizava as priminhas e as vizinhas”, lembrou Tita.

Ela lembra que sempre estudou com muito afinco e como professora e mãe também teve que abrir mão de muitas coisas. “Me dedicar para o trabalho, para a casa e envolvia toda a família nas tarefas. O marido ajudava, e quando eu tinha meus filhos adolescentes um cuidava do outro. E como já mencionei, faria tudo novamente porque eu amo as letras, eu amo as palavras, eu amo os livros, amo ensinar, amo aprender, amo as crianças. E esta é a forma de eu ser feliz”, ressalta Tita que já bisavô, acrescentando: “Quando eu cuidava das crianças que eram entregues nas minhas mãos, eu as amava tanto quanto amo meus filhos porque eu sabia da responsabilidade que eu tinha com as famílias que me entregavam seus maiores tesouros. Pelo amor dos meus filhos, eu dedicava todo o meu amor, todo o meu afeto a cada uma das crianças que passou por mim e deixou lindas marcas”, relatou emocionada.

 

Livro e dor

Numa época de muita dor, a professora aposentada escreveu um livro. “Eu escrevi um livro, sem a menor pretensão que fosse um livro, mas ele foi escrito há 27 anos atrás, numa época de muito sofrimento, sobre o drama que passamos com o nosso filho que se envolveu com drogas. Esse livro não é nenhuma fórmula de como educar os filhos ou como enfrentar os problemas, é apenas a nossa história, o que realmente nós passamos, tudo que lutamos e a minha intenção é de que ele sirva para as pessoas avaliarem o certo e o errado das nossas atitudes e que consigam aprender com os nossos acertos e os nossos erros. Eu espero que cada família que ler esse livro saiba que importante que se lute, pois quem luta consegue o seu objetivo. Além disso, espero que esse material contribua para que se levante a discussão. É um assunto delicado, mas a sociedade precisa falar porque cada tempo uma droga mais se aproxima dos jovens. Antes era só a maconha, a cocaína, hoje temos as drogas sintéticas, o cigarro eletrônico, a bebida que está cada vez mais fácil e mais ao alcance do jovem. Tudo isso precisa de muita orientação e de muita responsabilidade dos pais e das famílias. Então, esse livro é apenas um alerta para que a gente discuta o assunto e que entendamos que o problema existe e que os pais precisam estar sempre atentos na criação de seus filhos”, enfatizou.

Na mesma pauta do livro, Tita estudou, pesquisou e preparou uma palestra com muita responsabilidade sobre educação de filhos, sobre a importância dos laços afetivos e emocionais na vida dos jovens e das crianças. “É algo que eu gostaria de passar para a sociedade, para os pais, educadores, a importância de falar sobre esses laços afetivos e como conduzir a vida dos nossos jovens e adolescentes”, decalrou.

 

O empreendedorismo jovem e feminino

 

Das velas aromáticas aos quiosques de cosméticos

 

Nai Canella, apesar de jovem, tem uma história empreendedora de coragem e sucesso. Se lançou no mercado em 2020 com velas aromáticas e com cosméticos. Segundo ela as coisas aconteceram muito rápidas para quem olha de fora. “Mas para gente é um caminho difícil até hoje, e eu posso afirmar que só consegui o que eu consigo até hoje porque eu não sou sozinha. Eu tenho sócios: minha irmã e meu cunhado, e hoje também posso contar com o meu noivo. A gente foi crescendo conforme a equipe foi aumentando, ou seja, esse mérito eu não dou só a mim eu dou a toda a equipe, cada pessoa que foi entrando na equipe foi fazendo com que a gente tomasse passos maiores, sozinha eu seria só a Naira fazendo vela lá no meu quarto até hoje, com certeza então”, relata Nai, agradecendo as parcerias e apoio e lembrando que, no caso dela, a vida pessoal se mistura com a vida profissional, pois são todos da mesma família.

Quanto aos desafios vivenciados quando o assunto é homem e mulher, Nai conta que sempre pensou que essa fosse apenas uma questão de ser respeitada mesmo no meio. “Eu sempre acreditei que isso não existia, que é só a gente ser bom no que a gente faz que vamos ser respeitadas, mas infelizmente não é o que acontece. A mulher tem que trilhar um caminho muito maior de se provar boa para que daí sim as pessoas comecem a acreditar no seu potencial. Já o homem tem essa vantagem de já ser credibilizado somente por ser homem, em muitas áreas principalmente no meio empreende. Até eu conquistar o que conquistei até agora eu tive que me provar”, lamentou Nai, ressaltando que independente de mulher ou homem, para empreender e ter sucesso é preciso de mentoria, consultoria, “tem que estudar, ir a palestras, eventos, tem que ter network, isso pra mim realmente, independente de ser homem ou mulher, é necessário passar por essas etapas”.

 

 

Mulheres na liderança criam ambientes mais inovadores e saudáveis

 

Fui mãe aos 18 anos, uma adolescente grávida, mãe aos 18 anos, casada há 30 anos, e eu considero isso uma vitória nos tempos de hoje. Hoje eu tenho um filho que se formou em Medicina, mas quando a gente casou não tínhamos recursos, mas graças a Deus conseguimos prosperar, e o que eu vejo que nos fez prosperar foi ter a família ao lado, nos apoiando, ter a vontade de crescer e se desenvolver, porque ninguém nos deu nada de graça, não foi nada fácil, tudo foi muito difícil”, desta forma Mila Del Priore, coach corporativa, especializada em empresas familiares; administradora especialista em Ciência da Felicidade e ESG; e embaixadora da Abadeus, resume a sua positiva jornada de crescimento.

 

Mila também fala da importância da educação como ferramenta de transformação. “A educação é um dos fundamentos para a mudança de mentalidade e transformação exponencial do ser humano. Ela afeta diretamente a cultura. Uma mulher que se desenvolve intelectualmente tem o poder de restaurar a sua vida, família e comunidade.

 

Empoderamento

Quando a questão é o reflexo do empoderamento feminino no cotidiano, a profissional diz que a palavra, para ela, significar ter autoconhecimento. “Além disso, desenvolvimento constante, coragem e sabedoria para viver o seu propósito. Sou cercada de pessoas que amo, livros que leio e desenvolvo projetos que transformam pessoas e organizações. Inclusive, acredito que mulheres empoderadas sabem da responsabilidade e compromisso de transbordar e ajudar na construção de um mundo mais humanizado e sustentável. Até porque, e sem dúvidas, mulheres na liderança criam ambientes mais inovadores, saudáveis e sustentáveis, gerando benefícios para colaboradores, clientes e a sociedade como um todo”, assinala Mila.

 

Obstáculos

Questionada sobre os principais obstáculos que as mulheres enfrentam na busca pelo empoderamento, a especialista é enfática: “Acredito que falta políticas publicas eficazes desacelera o processo de evolução. Ainda sofremos duramente por uma cultura machista, parcial e violenta. Estamos melhorando, mas é preciso ordem, justiça e também mais mulheres empoderadas governando. Ainda cabe ressaltar que empresas com foco em pessoas ou que já adotam práticas (ESG) já estão promovendo uma revolução no mercado de trabalho, desenvolvendo políticas de igualdade salarial, oportunidade de empregos, programas de mentorias e liderança feminina, programa de bem-estar e equilíbrio vida pessoal e profissional, entre outros. Duas grandes conquistas recentes fortalecem a proteção das mulheres e promovem um ambiente de trabalho mais seguro e equitativo: a NR 1 (Norma Regulamentadora nº 1) e a Lei nº 14.457/2022, que trata da obrigatoriedade de medidas para o enfrentamento ao assédio sexual e outras formas de violência no ambiente de trabalho. Quando a ordem vem de cima tudo ganha mais força”, elencou.

 

Acolher

Ações simples, as quais Mila afirma que podem ser tomadas para apoiar o empoderamento feminino: sorrir, acolher, “se importar verdadeiramente, ouvir, apreciar e juntas descobrir dons, talentos e apoiar no desenvolvimento contínuo. E para superar preconceitos e estereótipos de gênero no mundo dos negócios, recomendo participar de comunidades, leituras, estudos para criar uma mentalidade forte e, principalmente, andar com quem já venceu essa barreira e tem disposição de ensinar o caminho”, concluiu Mila.

 

Colaboração: jornal Tribuna de Notícias 

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