sábado, 12 julho, 2025
Ultimas noticias

Data para celebrar o cooperativismo em todo o mundo

No primeiro sábado de julho, em todos os anos, o mundo celebra o Dia Internacional do Cooperativismo, uma data que destaca não apenas uma forma de organização econômica, mas um movimento global enraizado na solidariedade e na busca por justiça social desde o século XIX. Surgido em resposta às desigualdades da Revolução Industrial na Europa, o cooperativismo viu sua primeira manifestação moderna na Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, fundada em 1844 na Inglaterra. Esse grupo de tecelões e outros trabalhadores criou uma loja cooperativa onde podiam comprar mercadorias a preços acessíveis e justos, evitando a exploração por parte de comerciantes e intermediários. O sucesso da Sociedade de Rochdale inspirou a formação de cooperativas em diferentes setores e países. Logo, agricultores, pescadores, artesãos e diversos outros grupos adotaram o modelo cooperativo para obter vantagens econômicas e sociais. A ideia central era simples: unir-se em cooperação, compartilhando recursos e decisões para alcançar objetivos comuns de forma mais eficiente e equitativa. Papel crucial na economia local Desde então, o modelo cooperativista se expandiu vigorosamente pelo mundo, incluindo Santa Catarina, onde hoje ele desempenha um papel crucial na economia local. Segundo Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), com 253 cooperativas registradas, em 2024, o estado destaca-se como um dos principais expoentes do cooperativismo no país. “Nós somos, hoje, formados por 253 cooperativas e faturamos 91 bilhões de reais, nesse ano que passou. Temos mais de 103 mil empregados com carteira assinada e recolhemos aos cofres do governo mais de três bilhões de reais”, revela Zanatta. Os benefícios do cooperativismo vão além dos números econômicos. Zanatta destaca que mais de 4,7 milhões de catarinenses são cooperados, o que equivale a 60% da população do estado. Esse modelo cooperativo não só promove eficiência econômica e melhores condições de vida, mas também fortalece as comunidades locais ao manter recursos e decisões dentro da região. “Quando surge uma crise, seja financeira ou de outra natureza, o dinheiro circula na comunidade de maneira mais rápida e eficiente, contribuindo para a recuperação mais ágil”, explica o presidente da Ocesc. Zanatta enfatiza que o cooperativismo não se restringe apenas ao setor econômico, mas também é um exemplo de equilíbrio entre capitalismo e comunismo. “É uma forma eficaz de redistribuição de renda, onde a decisão sobre investimentos e empréstimos é tomada localmente, por membros da própria comunidade, não por grandes entidades financeiras distantes”, pontua. De acordo com Zanatta, a data serve para reforçar a identidade e a cultura do cooperativismo. “Queremos mostrar para o pessoal que ainda não está associado a uma cooperativa, os benefícios que podem ter. Então, isso é muito interessante”, destaca. Santa Catarina é referência para o sistema Com mais de 50 anos de existência, o sistema cooperativo se destaca em Santa Catarina – que é referência nacional no segmento. Para Zanatta, o fato do estado ser composto por pequenas propriedades e por terrenos bem diferentes é que o torna um destaque no cooperativismo. “O povo catarinense se desenvolveu em função do território estadual ser bastante desafiador. Dessa forma, o povo desenvolveu a sua união. Nós precisamos estar unidos, porque senão nós não conseguimos vencer desafios, então é dessa maneira que eu acho que o Santa Catarina tem essas vantagens sobre outros Estados que foram mais bem dotados de terrenos mais planos”, comenta. “Nós tivemos que batalhar. Os nossos antepassados, pais e avós, tiveram que batalhar muito, e, por isso, o cooperativismo entrou como uma luva nisso, porque era uma forma de organização, de desenvolver junto, de discutir junto, de fazer as coisas conversando”, completa Zanatta. Atualmente, diversos segmentos se destacam no cooperativismo catarinense como saúde e eletromagneticidade. Porém, o mais forte é o agro. “Isso em volume de negócios. O ramo de crédito é o que tem mais associados, hoje passa de 3 milhões de catarinenses. Temos também os ramos da infraestrutura, construção civil, transporte, trabalho e consumo. Então, Santa Catarina trabalha os sete ramos do cooperativismo que existem”, comenta o presidente. Zanatta antecipa, inclusive, mais um ramo que estará disponível como cooperativa. “Já está autorizado: será o ramo de seguro. A partir do ano que vem, provavelmente, nós vamos ouvir cooperativas sendo iniciadas”, ressalta. O presidente da Ocesc destaca a capacitação constante que é feita aos funcionários das cooperativas e o benefício que isso traz ao mercado de trabalho. “Todos os funcionários das cooperativas tem carteira assinada e salário ‘cheio’ na carteira. Desenvolvemos, junto com o Sescoop (Servico Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo), uma capacitação muito forte, então, quem sai do sistema cooperativo já sai para uma empresa melhor, vamos dizer assim, trabalhando com outro pensamento. Nós treinamos  muito os nossos colaboradores”, pontua. Em busca de atratividade para os jovens Um dos desafios para as cooperativas é atrair os jovens. Por isso, Zanatta destaca que a comunicação com esse público é muito importante. “Essa é uma batalha. Nós estamos vivendo uma época em que tem uma geração aí dos 60 anos, ou 50 +, que ainda é o mais cooperativista que tem. Com certeza, os pais foram os fundadores da maioria das cooperativas e os filhos sofreram ouvindo os pais reclamar da vida. Se não tivesse a cooperativa, eles teriam muito mais problemas para resolver. Depois temos os netos e bisnetos dessa turma que são de uma outra geração. Esses mais novos são muito imediatistas, tem muita tecnologia na mão, tem uma rede social muito forte, e nós estamos enfrentando, sim, esse dilema como atraí-los. Mas uma coisa a gente já sabe: nós não temos como mudar esse jovem. Nós que temos que mudar. A cooperativa que tem que se adaptar a eles, não eles se adaptarem à cooperativa”, ressalta Zanatta. Uma das missões do presidente da Ocesc é fazer com que as cooperativas sejam mais conhecidas e que o sistema do cooperativismo chega até os ouvidos das pessoas. “O cooperativismo tem que ser simples, fácil, e é por isso que eu acho que ainda temos trabalho para fazer. A gente precisa capacitar desde os dirigentes, os colaboradores, até toda a população catarinense. Então, acho que falta essa divulgação, essa comunicação correta, vamos dizer assim, no cooperativismo no meio social”, finaliza.   Colaboração: Thiago Monte / Jornal Tribuna de Notícias

Gostou da notícia então compartilhe:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Mais lidas da semana

Noticias em destaque

Noticias

Outros links uteis