Você tem enfrentado crises no seu relacionamento? Questiona-se sobre o poder que o parceiro(a) exerce sobre você? Já parou para pensar sobre a permissão que tem dado a ele? Pois bem, pode ser que você esteja em um relacionamento abusivo, ou talvez conheça alguém que esteja nessa situação. Iniciemos então esclarecendo as principais características de uma relação abusiva:
Relação abusiva é aquela onde predomina o excesso de poder sobre o outro, o indivíduo abusador deseja controlar o parceiro, quer “possuí-lo”. Esse comportamento pode iniciar de forma sutil, mas aos poucos ultrapassa os limites causando sofrimento para uma ou ambas as partes.
A pessoa abusiva geralmente sente ciúmes e possessividade exagerados, por vezes tentando justificar seus ciúmes, alegando medo de ser traída ou porque já passou por situações traumáticas antes, etc. Onde na verdade esse ciúme patológico pode ser uma expressão do medo de abandono, advindo de sua infância, conforme a sua história de vida e a forma como se constituíram os limites e a educação recebida e aprendida com o meio. Pode também exercer controle sob as decisões e ações do parceiro; querer isolar o parceiro até mesmo do convívio com amigos e familiares; ser violento verbalmente e/ou fisicamente; e pressionar ou obrigar o parceiro a ter relações sexuais. Sendo assim, a pessoa acaba invadindo os limites e a privacidade do outro.
Mas então a pessoa envolvida com este abusador é uma vítima? Como resolver essa situação? Bem, é importante perceber a mensagem que o indivíduo tem passado ao seu cônjuge, pois muitas vezes o indivíduo envia mensagens de permissividade e permite que o outro realmente invada sua vida e ultrapasse os limites. Um exemplo disso é sempre abrir mão das suas preferências para agradar o outro, deixar de lado seus planos e sonhos, para colocar os planos do outro em primeiro lugar, permitir que o outro decida as coisas por ele, entre tantas outras situações, onde a pessoa acaba se colocando sempre em segundo plano, e o parceiro sempre em primeiro lugar. Automaticamente ao agir assim, você está transmitindo as seguintes mensagens: “você é mais importante que eu em nossa relação” ou “eu permito que você ultrapasse todos os meus limites” ou ainda, “aceito qualquer comportamento seu mesmo que me afete negativamente, desde que você esteja feliz”.
Mas por que algumas pessoas permanecem em relacionamentos abusivos não conseguindo se desvencilhar deles? Bem, devido a envolver muitos fatores, como questões econômicas, emocionais e afetivas envolvendo às vezes até mesmo questões legais e burocráticas que podem causar medo e insegurança.
É importante ressaltar que um relacionamento abusivo também pode ser percebido do ponto de vista de quem comete os abusos. Não necessariamente de quem sofre. E que também, ambos podem estar cometendo abusos um contra o outro e inicialmente não se darem conta.
Mas então como perceber e resolver essa relação abusiva? É importante primeiramente que a pessoa esteja atenta aos sinais e excessos em relação ao controle (citados anteriormente), e questionar se tais atitudes têm causado desconforto ou mal estar para si ou para o outro. Ao se dar conta desses sinais prejudiciais é importante uma mudança de postura, caso perceba que está sendo permissivo (permitindo que o outro o invada) ou controlador demais (invadindo o outro), por exemplo.
Caso não se sinta seguro em modificar o padrão ou comportamento sozinho, é fundamental buscar apoio psicológico especializado, visto que a psicoterapia resgata o auto-conhecimento, sendo eficaz para lidar com os conteúdos que trazem sofrimento e para orientar e acompanhar o indivíduo diante das diferentes fases desse processo.
O apoio familiar, dos amigos e conhecidos também é essencial neste momento no qual o sujeito possa estar em uma relação desgastada ou rompida, sendo importante criar/fortalecer laços sociais, que o façam sentir seguro, ouvido e acolhido.
Sarahuana Lourenço
Bacharel em Psicologia e Psicoterapeuta Corporal – CRP 12/14609