Em uma iniciativa pioneira, Santa Catarina se torna o primeiro estado brasileiro a realizar um censo exclusivo para mapear pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O projeto, que começa no primeiro semestre de 2025, é liderado pela Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), por meio da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Autismo, com autoria do deputado estadual Pepê Collaço, e executado pela Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), com apoio de diversas instituições do terceiro setor, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Associação de Amigos do Autista (Ama).
A medida foi oficializada com a assinatura de um termo de cooperação entre as entidades envolvidas, e o censo promete ser uma ferramenta fundamental para entender a realidade das pessoas com TEA no estado. A atuação das universidades comunitárias catarinenses, que já possuem um histórico de liderança em projetos voltados à saúde e educação, será crucial para garantir a abrangência e a precisão do levantamento.
A primeira etapa do projeto será o desenvolvimento de uma plataforma virtual, que reunirá informações sobre a população autista em Santa Catarina. O lançamento desta plataforma está previsto para o primeiro semestre de 2025. Após isso, as universidades do sistema Acafe realizarão a coleta de dados em todos os 295 municípios do estado, abrangendo desde as regiões mais urbanizadas até os locais mais distantes.
A presidente da Acafe, reitora Luciane Ceretta, destacou a importância da parceria com a Alesc e a Frente Parlamentar para dar início ao projeto. “Quero registrar o agradecimento à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, especialmente ao presidente Mauro de Nadal e ao deputado Pepê Collaço, que tem sido um grande defensor da causa. O deputado é o grande autor desse movimento, liderando a Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa Autista, e suas audiências em todo o estado nos desafiaram a entender onde estão as pessoas com autismo e quais são suas necessidades.”
Segundo Luciane Ceretta, o censo não se limitará a contabilizar o número de pessoas com autismo. “Essa plataforma vai trazer informações muito completas, como a classificação do autismo, o diagnóstico e as necessidades específicas de cada pessoa. Com isso, poderemos criar políticas públicas mais eficazes para as famílias, escolas e serviços de saúde”, afirmou.
A presidente da Acafe também sublinhou que o projeto será pioneiro em sua magnitude, tanto no estado quanto no país. “Hoje, em Santa Catarina, já temos 24.900 pessoas com a carteirinha da pessoa com autismo, mas a estimativa é que esse número seja bem maior. Esse censo será uma referência não apenas para o estado, mas para todo o Brasil”, disse.
Necessidade de dados preciso
O censo visa preencher uma lacuna importante em Santa Catarina: a falta de dados concretos sobre o número de pessoas com autismo, a idade do diagnóstico e as condições de acolhimento nas escolas e unidades de saúde. O deputado Pepê Collaço, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com TEA na Alesc, explicou que a falta de informações precisas dificulta a implementação de políticas públicas adequadas. “Nós não temos no estado dados precisos sobre o número de autistas, nem sobre quando as crianças começam a ser diagnosticadas. Esse censo nos permitirá ter uma visão completa, desde a infância até a vida adulta, e ajudar a criar políticas públicas mais eficientes”, afirmou.
Collaço ressaltou ainda que, com o censo, será possível oferecer suporte às famílias, que terão acesso a informações sobre onde procurar serviços públicos de saúde e educação. “Esse levantamento vai também ajudar as famílias a entenderem onde buscar auxílio, além de fornecer informações sobre como o Estado pode melhorar o acolhimento nas escolas e nos postos de saúde”, explicou.
O deputado também destacou que o censo ajudará a alinhar as ações legislativas com as reais necessidades da população autista, evitando propostas de leis que não atendam às demandas mais urgentes. “Na Assembleia, muitos parlamentares se dedicam a defender essa causa, mas, sem dados concretos, acabamos tendo leis que não resolvem os problemas reais. Com esse censo, teremos um direcionamento claro para que as políticas públicas sejam mais eficazes”, afirmou Pepê Collaço.
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias / Edson Padoin