Após 31 anos sob a administração da Prefeitura de Içara, o prédio da Casa da Cultura Padre Bernardo Junkes retornará para a Igreja Católica. Em audiência pública nesta terça-feira, 15, na Câmara de Vereadores da cidade, por uma aclamação popular, definiu o futuro do patrimônio, que agora voltará a ser um templo religioso.
Com o mau uso e descumprimento de algumas cláusulas que deveriam ser exercidas, o pároco da Matriz São Donato, padre Antônio Vander da Silva, pediu a antiga matriz de volta. Na estrutura está abrigada desde 1986 a Casa da Cultura, que guarda uma referência história da cidade.
Há cerca de 90 dias se levantou a possibilidade do patrimônio voltar a ser usado como igreja, o que originou a série de conversas até se chegar a decisão. “Se era para ser uma referência cultural, não está cumprindo seu papel. Sentimos que os católicos possuem um sentimento especial pela casa cristã. Podem fazer mil restaurações, quanto mais forem feitas, mais igreja vai se tornar”, pontuou padre Vander.
O local doado pelo padre Bernardo Junkes em 1983, sendo novamente da igreja, abrigará um memorial em homenagem ao seu doador. “Vamos fazer memória ao padre Bernardo, traremos os restos mortais dele para ficar ali. Queremos lembrar do nosso padre que fez história em Içara”, declarou o pároco.
No uso da palavra, a coordenadora do Conselho Municipal de Cultura, Lilian Phillippi, relatou que o conselho estava de acordo em criar o memorial, mas que o local deveria continuar em poder da administração municipal para realização de pequenos eventos, como lançamentos de livros.
“O conselho se compõe de 50% da sociedade civil e outros 50% de funcionários públicos e acreditamos que não seria necessário a devolução para igreja, apenas precisa ser feita com urgência uma série de reformas”, contrapôs a coordenadora.
Aberto a palavra para as pessoas que gostariam de fazer observações, foram constatadas diversas opiniões, contra e a favor.
“Sabemos que não é falta de vontade da administração pública fazer a restauração e sim falta de condições financeiras no momento. Se a igreja se propõe conservar é necessário observar o que é melhor para o povo içarense”, enalteceu Júlia Coelho, representante da juventude.
A presidente da Fundação Cultural de Içara, Eliana Jucoski, declarou que as oficinas já estão sendo realizadas em outro local desde 2013, por falta de estrutura.
“Estamos nos locando até o momento em salas alugadas. O número de participantes das oficinas é grande e a Casa da Cultura não comporta”, frisou Eliana. A partir de agora as atividades que seriam de realizadas na antiga igreja passarão a ser desenvolvidas no pavilhão que comporta atualmente a Fundação Assistencial de Içara (FAI).
O vice-prefeito Sandro Serafim avisou que a sociedade precisa pensar também a longo prazo. “Se agora a Casa da Cultura não comporta os alunos das oficinas, a longa data isto tende a piorar”, relatou.
Já o prefeito Murialdo Gastaldon realizou os encaminhamentos para a decisão e deixou claro que a partir de agora será encaminhando um projeto de lei para a Câmara de Vereadores e após aprovada a estrutura estará sob o poder da igreja, mas também com algumas condições.
“O projeto de lei será trazido para a Câmera exatamente com o que o padre está se propondo a fazer, com algumas cláusulas que deverão ser cumpridas”, esclareceu o prefeito. Dentre as cláusulas está o cumprimento da lei de tombamento, que trata sobre a restauração de um patrimônio histórico.
“Iniciamos os trabalhos de comemoração dos 65 anos de paróquia em dezembro e é com grande alegria que alcançamos o sonho de ter a antiga matriz de volta”, finalizou padre Antônio Vander.
Colaboração: Mariéli Salvador/Portal Satc
