Por Alexandra Cavaler
O Caminho de Santiago, ou Caminho de Compostela, é uma antiga rota de peregrinação que leva à cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, onde se acredita que estão os restos mortais do apóstolo São Tiago. O trajeto tem raízes que datam o século IX, quando a sepultura de São Tiago foi descoberta. Desde então, tornou-se um importante destino de peregrinação cristã, atraindo pessoas de diferentes crenças e origens.
Para muitos, o Caminho é uma jornada de autoconhecimento e reflexão. A caminhada proporciona um tempo para meditar sobre a vida, fazer novas amizades e fortalecer a conexão com a natureza. Além disso, contribui com fortalecimento de laços entre amigos, casais ou familiares como, por exemplo, o professor Amélio Peruchi, de 82 anos, e o filho Dr. Fábian Peruchi. Os dois embarcam neste domingo, dia 18 de agosto, para percorrer o caminho português e francês de Santiago.
Amélio faz o trajeto francês pela sétima vez e o português pela segunda. Já o filho está na terceira caminha francesa, mas é calouro no trajeto português. Amélio fala da emoção que sente a cada viagem. “O Caminho de Santiago é transformador e traz, sobretudo, reflexão e, com ela, autoconhecimento. Percorrer o caminho é também uma maneira de entrar em sintonia com divindade e a própria humanidade. Até porque, vivendo em grandes cidades e mesmo no corre-corre do dia a dia desaprendemos a apreciar nossa própria companhia. No trajeto de Compostela, é possível viver momentos de desapego, renascimento e reencontro consigo mesmo e, ainda, poder oferecer uma oportunidade de encontrar paz interior”, assinalou.
Com fala mansa e serena, Amélio revela com a convicção que essa viagem vai além do caminhar, ela oportuniza perceber que o essencial é invisível aos olhos. “Peregrinar é ir além da rota traçada, é viver intensamente o caminho. É também perder-se e retomar o mesmo, fazendo novas escolhas e perceber que o essencial é invisível aos olhos. No Caminho de Santiago há pouco espaço para distrações e a linguagem da amizade e solidariedade é universal, presente em cada desejo na saudação de ‘Buen Camino’. Compostela é também um encontro com a simplicidade da vida. Não precisamos de muito e sim compartilhar o que temos, o que somos e o que sabemos. Somos o que vemos e o caminho nos limpa o olhar e a cada passo aprendemos a ver com os olhos da alma. Todos os caminhos são mágicos se nos levam aos nossos sonhos e Deus sempre nos ensina e mostra a direção. Afinal, nesta vida, cada um tem o seu andar e um caminho a trilhar, o de Santiago é apenas mais um e o importante é chegar quando puder, nem sempre quando quiser”, completou.
A emoção pessoal no percurso
Emocionado, mas com a certeza de um reencontro, o pai de Fábian ressalta o sentimento especial para a jornada. “Para nós o caminho tem um sentido especial a mais. O reencontro com as energias espirituais da filha Mirella, quando em 2015 espalhamos partes de suas cinzas ao longo do caminho. Com certeza, estará conosco, caminhando do outro lado da estrada. Do Caminho de Compostela, sempre ficam lembranças, saudades e o desejo de voltar. Aos que ficam proteção e bênçãos divinas, e a nosotros buen camino e hasta la vista”, ressaltou Amélio Peruchi, concluindo: “Compostela tem três pilares: crer, querer e poder; e eles nos proporcionam três situações: aquela em que você sonha; aquela em que você vivencia; e aquela em que você recorda”.
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias
